Domingo, 16 de Março de 2025
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Quebra de produção pode chegar aos 20%

A vindima deste ano, na Região Demarcada do Douro, será marcada por uma produção inferior a 2006. Concorrem para esta previsão um ataque de míldio, ocorrido em Junho, e um forte desavinho que afectou os vinhedos de alguns concelhos da zona de Cima Corgo. Alijó, Tabuaço, Lamego, Vila Real e Vila Nova de Foz Côa […]

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A vindima deste ano, na Região Demarcada do Douro, será marcada por uma produção inferior a 2006. Concorrem para esta previsão um ataque de míldio, ocorrido em Junho, e um forte desavinho que afectou os vinhedos de alguns concelhos da zona de Cima Corgo. Alijó, Tabuaço, Lamego, Vila Real e Vila Nova de Foz Côa foram os mais afectados.

A produção calculada para este ano, em Junho, poderia rondar as 250 mil pipas. Porém, atendendo às condições climatéricas ocorridas, propícias para o aparecimento de fungos, a colheita poderá aproximar–se das 220 mil. Nesta situação, emerge um factor decisivo e que influencia as perdas e os ganhos dos viticultores. Quem tratou da sua vinha, devidamente, o efeito das doenças não foi tão sentido. Por outro lado, lavradores que resolveram não aplicar fungicidas aos seus vinhedos têm percas que podem atingir os oitenta por cento.

 

Mais atingidos viticultores que não trataram as vinhas a tempo

 

As zonas de Favaios, Alijó e Sanfins do Douro foram fortemente afectadas por um grande desavinho e pelo míldio. Contudo, segundo o Presidente da Adega Cooperativa de Favaios, José Luís Barros, o grande factor que influenciou a colheita deste ano (principalmente no moscatel) foi a precipitação, ocorrida por altura da floração da vinha. “Este ano, há bastante menos, julgo que a redução de colheita, na nossa área, poderá ficar entre os 30 e 40%. Isto devido, precisamente, à pluviosidade, ocorrida em período floral, e, depois, por um ataque de míldio, quase a seguir” – sublinhou.

O mesmo se passa em Alijó, onde a redução de produção será significativa.

José Ribeiro, Presidente da Adega Cooperativa de Alijó, adiantou, ao Nosso Jornal, que “os mais atingidos foram os viticultores que não foram a tempo de tratar das suas vinhas. O míldio, nesta zona, fez-se sentir mais nas castas tintas e, além do moscatel, também o vinho de mesa deverá ter uma quebra acentuada de produção”. Esta, na sua perspectiva, deverá diminuir em cerca de quarenta por cento, em relação ao ano anterior.

Um dos concelhos cujas vinhas foram também atingidas pelo terrível fungo foi o de Vila Real.

Jaime Borges, Presidente da Adega Cooperativa desta cidade, embora cauteloso, quanto a uma previsão exacta sobre a quebra produção, sublinhou que “um levantamento feito no concelho aponta para uma redução situada entre os 20 a 25%. Há agricultores que perderam quase tudo” – sublinhou. Porém, aguarda “com alguma expectativa”, os próximos dias, em termos de condições climatéricas”. E, sobre estas, todos os técnicos são unânimes: chuva, até à vindima, nem vê-la.

 

Há Adegas mais afectadas do que outras

 

Em Mesão Frio, o Presidente da Adega local reconhece que “há dados que apontam para uma ligeira diminuição de produção” que poderá ficar situada entre os 10% e 15%. O causador foi, também, o míldio. Contudo, este dirigente desdramatiza: “em termos práticos, poderá não ter um efeito significativo”.

Em Santa Marta de Penaguião, o Presidente da Adega local, José Lopes, disse, ao Nosso Jornal, que “em termos gerais, os ataques de míldio não tiveram grande expressão”. Porém, refere que “foram as zonas de menor altitude aquelas que foram mais afectadas pelo fungo”. Este responsável vai mais longe e acredita que “se não houvesse a queda de granizo e o aparecimento do míldio, a colheita poderia ultrapassar a do ano passado”. Assim e reconhecendo, mesmo, que “houve lavradores afectados pela baixa de produção”, salienta que “a colheita deve rondar os mesmos números do ano passado”, apesar de admitir “uma ligeira redução”.

Por sua vez, o Presidente da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro, UNIDOURO, José Manuel Santos, avançou, ao Nosso Jornal, que “em termos gerais, no Douro, há adegas mais afectadas que outras”, adiantando que “os ataques de míldio podem traduzir uma quebra de produção, situada entre os 20% a 30%, na região”. Porém, salienta que “este factor pode até ter um efeito benéfico, na estabilização e regularização dos mercados”.

Por sua vez, o Presidente das Caves Vale do Rodo, Fernando Pinto, adiantou um pormenor interessante: “A maturação, até agora e em relação ao ano anterior, está atrasada, cerca de duas semanas”. Fazendo um balanço do efeito do míldio, na área social da adega, adiantou que “os efeitos fizeram-se sentir mais, na zona do Baixo Corgo, e, em especial, na Régua, Tabuaço e Armamar”, para concluir: “quem não se precaveu foi mais atingido” – concluiu.

Vindimas poderão

acontecer, este ano,

um pouco mais tarde

 

A ADVID, depois de apresentar uma previsão de produção, assente no método polínico (recolha de pólens), onde apontava para um máximo de 250 mil pipas, em informação adicional salienta que as condições climáticas que se seguiram (após o fim do mês de Junho) podem alterar o quantitativo de produção. Assim, argumenta esta instituição que o aumento da temperatura mínima deu condições para a expressão visível da extensão dos estragos causados pelo míldio, no bago. A previsão precoce corre, assim, riscos de não ser confirmada, devido à ocorrência tardia de doenças ou alterações do clima.

De referir que a primeira previsão apontada baseou-se na recolha de pólen de equipamentos colocados entre 15 de Maio e 19 de Junho deste ano. Este trabalho foi feito com o apoio do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IVDP, logística da ADVID e análise laboratorial e estatística da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Em 2006, a Região Demarcada do Douro teve uma produção declarada de 276 mil pipas. Em relação à marcação de vindima, por parte das Adegas Cooperativas, ainda não foi feita a respectiva calendarização, o que deverá suceder após reunião com os associados. Contudo, a previsão aponta para o seu começo um pouco mais tarde do que no ano passado.

 

José Manuel Cardoso

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