“Tive que esperar três meses pelo meu certificado de habilitações e perdi duas oportunidades de emprego”, garante Alice Teixeira Correia, que, licenciada pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), fez chegar ao Nosso Jornal a epopeia de problemas, informações e contra-informações, com que se deparou na secretaria de alunos da academia transmontana.
Licenciada em Educação de Infância, a vila-realense, de 24 anos, recorda que durante os dois últimos meses se deslocou “diariamente” à secretaria para que lhe fosse passado o certificado de habilitações do segundo ciclo de estudos (Mestrado em Educação Pré–escolar). “Esbarrava sempre com problemas, diziam que tinha que regularizar a minha matrícula mas ninguém me explicou exactamente o que tinha que fazer”, testemunhou Alice Correia, que ficou ainda mais revoltada quando descobriu que a epopeia de três meses acabou por ficar resolvida numa tarde.
A estudante acusa o serviço de “incompetência, falta de formação” e mesmo de “arrogância”, referindo que “muitas vezes foi tratada com um gozo tremendo”.
Com a situação académica resolvida (faltando apenas levantar a nota de estágio), Alice Correia tomou a decisão de escrever ao reitor, à coordenação de curso e chamar a atenção da comunidade estudantil para o que considera ser uma situação “inaceitável”. No entanto, muitos são aqueles que têm reclamações sobre a secretaria dos alunos e que não tomam qualquer posição sobre a má qualidade do serviço, garante a estudante, referindo que algumas colegas de curso, que estão a ter os mesmos problemas, até já “pensaram em fazer uma manifestação”.
Jorge Baptista, aluno do terceiro ano do curso de Engenharia Agronómica, é outro testemunho do mau funcionamento dos serviços prestados, desta feita devido a uma temática que, como referem os estudantes, é recorrente e acontece em todos os cursos, “o atraso no lançamento de notas”. “Estou à espera, desde Julho, que sejam lançadas quatro notas”, sublinha o estudante, explicando que a sua matrícula, cujo prazo termina amanhã, depende das notas das cadeiras.
Caso as notas não sejam lançadas até amanhã, “o que é mais provável”, o aluno tem duas hipóteses, matricula-se “correndo o risco” de ter que repetir as cadeiras já feitas (nas quais será obrigado a inscrever-se), mantendo a esperança de que o erro seja reconhecido e a situação regularizada mais tarde, ou espera e matricula-se fora do prazo, o que implicará o pagamento de uma coima.
Os estudantes garantem que essa situação afecta muitos alunos e que acontece em vários departamentos, com notas atribuídas por vários docentes.
Apesar de existirem duas plataformas informáticas, o Sistema de Informação de Apoio ao Ensino e a Secretaria Virtual, à disposição dos alunos, Jorge Baptista garante que nenhuma serve de facto os alunos. “Deveria haver uma secretaria por departamento. Não, temos uma secretaria com três funcionárias que é um caos”, considera o estudante que não se esquece de mencionar a demora no atendimento “nas horas de ponta” dos Serviços Académicos.
Contactado pelo Nosso Jornal, Luís de Matos, presidente da Associação Académica da UTAD não se mostrou surpreendido com os relatos, pelo contrário, referiu que está “solidário” com os estudantes e confirmou que têm chegado à Associação várias queixas sobre os serviços de atendimento aos alunos. “Vamos fazer um inquérito para detectar as principais problemáticas para depois intervir junto do reitor”, garantiu o representante dos alunos.
O Nosso Jornal tentou entrar em contacto com o vice-reitor para os Assuntos Académicos, Jorge Azevedo, e com o reitor da UTAD, Armando Mascarenhas Ferreira, o que não foi possível até a hora de fecho desta edição.