As festas de Vilar de Maçada têm uma parte cultural e desportiva, recheada com motocross, feira anual, sardinhada, convívios, alvoradas e, principalmente, a Banda do Gaio, que consiste em bater em latas e panelas.
Dia 14 de julho, pelas 8h00, a banda filarmónica de Mateus e a banda filarmónica de Crestuma, deliciam o dia com música enquanto percorrem a vila. O presidente da banda de Mateus, Altino Alves, de 53 anos, afirma que “É importante tocar aqui e muito especial porque nasci aqui. Estou a jogar em casa”. O povo segue as bandas até ao final do caminho.
A seguir, preparam-se os andores, onde vão buscar os santos padroeiros: Senhor Jesus da Capelinha e Santa Bárbara. As bandas e o povo seguem os andores, até ao Santuário.
Depois desse encontro, os andores descem a vila. A música é grandiosa, as pessoas choram por verem Senhor Jesus da Capelinha fora da capela, um acontecimento que só acontece neste dia anualmente. Comentam a beleza dos andores, oferecem dinheiro e pedidos de prosperidade, saúde e paz na vida. Alguns, levam os andores como forma de promessa. No fim, os andores dirigem-se para à Igreja, enquanto as bandas tocam a Marcha de Vilar de Maçada e o povo aplaude e canta, os andores abanam ao ritmo da marcha e termina com altos aplausos.
“É uma maravilha. Gosto de pegar do andor do Senhor Jesus da Capelinha, pois dá-me forças”, afirma José Teixeira, de 52 anos.
Com o fim da procissão da manhã, há a pausa para almoço, onde se prepara o cabrito assado no forno, as batatas assadas e o arroz.
Pelas 14h00, entra o rancho folclórico O plátano de Alijó. De seguida, a fanfarra de Paços de Gaiolo e, depois, as bandas filarmónicas, onde tocam juntas enquanto desfilam pelas ruas.
“Esta festa traz-me muitas recordações, pois vivo fora do pais há 40 anos e, se não vier a este dia, para mim não é um dia”, diz Júlio Sampaio, de 60 anos.
Acabadas as atuações das bandas filarmónicas, segue-se a missa em honra do Senhor Jesus da Capelinha, acompanhada com a banda de Mateus. Senhor Jesus da Capelinha encontra-se presente e, enquanto entram pessoas, deixam flores e acariciam a figura. Assim que começa a música, as pessoas levantam-se e cantam, acompanhando a banda. “Vilar de Maçada em particular é muito interessante porque ainda fazem de uma forma mais tradicional com duas bandas. A Igreja é espetacular e as pessoas devem ouvir e tirar bom partido da festa”, afirma Carlos Pereira, maestro da banda de Mateus.
Terminada a missa, o povo mobiliza-se para pegar nos andores. As bandas, fanfarra e rancho preparam-se. Pelas 18h30, dá-se início à procissão de gala com a participação de todo o povo, quer para reencarnar em personagens religiosas que desfilam, quer para levar os andores, quer para acompanhar a procissão.
Guilhermina Cunha tem 70 anos e diz “a festa é muito valiosa”. Henriqueta Pinto de 68 anos também elogia a festa dizendo “é uma maravilha, muito boa, o convívio é bom. É uma alegria enorme ver o nosso santinho”.
A fanfarra de Paços de Gaiolo apresenta-se à frente, com o rancho folclórico Plátano de Alijó. De seguida, vem o Sacristão, com o andor de Menino Jesus. Logo, o andor de Santa Luzia, São João e Nossa Senhora de Lurdes. Depois vem a banda filarmónica de Crestuma, andor de Martir São Sebastião e de Nossa Senhora da Assunção. Por último, Santa Bárbara e Senhor Jesus da Capelinha. Vem o padre e depois a banda filarmónica de Mateus. O povo que segue a procissão percorre a vila e festejam o reencontro dos santos. Os olhares lacrimejantes do povo e a força de vontade de participação, mostram que o povo de Vilar de Maçada é unido.
“É um momento de família e de festa” afirma Cátia Gomes, de 28 anos.
A procissão de gala acaba na Igreja, quando os andores andam à volta da mesma. É tocada a Marcha de Vilar de Maçada e o povo acompanha, saltando e batendo palmas.
Abel Sampaio tem 64 anos e, para ele, a festa é tudo: “sem a festa de Vilar de Maçada, não tinha ser”.
Terminada a procissão, a fanfarra despede-se. As bandas deslocam-se para os coretos onde tocam com pequenos concertos intercalados para agradar o povo. A cada pausa, ouvem-se aplausos. “É a primeira vez que vamos a esta romaria que me parece particular pois tocam o hino, que não acontece nas outras. A terra é bonita e estamos a gostar bastante de estar cá. É uma festa muito animada”, diz Joana Oliveira de 29 anos, maestrina da banda de Crestuma.
Depois, toda a gente desloca-se para o ponto mais alto para assistir ao arraial. Com o fim do arraial, as bandas filarmónicas preparam-se para a sua despedida, tocando a marcha de Vilar de Maçada até à Igreja, onde o povo segue, canta, bate palmas, chora, grita e salta de emoção, sem se cansarem e sem perderem o espírito. Terminado o dia, as pessoas voltam para casa e esperam por mais um dia de festa.
A comissão de festas conta com a participação de Ângelo Renha, António Rebelo, Carlos Manhoso, Raul Costa, Manuel Luís Varela, Henriqueta Gonçalves e Filomena Gonçalves, assim como a colaboração de Ilustre Constelação Iluminações, Sonorizações Vilela e Trazmúsica.