O Sindicato da Construção de Portugal anunciou, no dia 12, à boca do Túnel do Marão, em Vila Real, que vai pedir uma audiência urgente ao primeiro-ministro para reivindicar o reinício das obras daquele troço da A4, cuja construção está parada desde junho do ano passado.
“Todos juntos pela reabertura do Túnel do Marão, pelo interesse nacional”, foi o lema que levou o sindicato a convidar não só a comunicação social mas também o ministro da Economia e do Emprego, os presidentes de Câmara de Bragança, Mirandela, Vila Real e Amarante e os deputados da Assembleia da República eleitos pelos círculos de Bragança, Vila Real e Porto, dos vários partidos, a comparecer ao encontro, ao qual, mais uma vez, só os jornalistas marcaram presença.
O objetivo do sindicato, segundo o seu presidente, Albano Ribeiro, seria unir esforços entre os vários intervenientes e “pedir em conjunto uma audiência de caráter urgente” a Pedro Passos Coelho. “Queremos que o primeiro-ministro, que até é transmontano, assuma o que disse nas eleições. Ele tem que intervir rapidamente para que os túneis reabram”, defendeu o sindicalista.
Albano Ribeiro lamentou que, ao contrário do que tem acontecido ao longo dos anos, com Governos do PS ou do PSD, o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, ainda não tenha acedido aos vários pedidos de reunião do Sindicato. “Este ministro não sabe viver democraticamente, em concreto com este sindicato, não responde, não recebe. O que ele está a fazer é uma brincadeira de mau gosto a esta instituição, que só procura intervir no sentido de resolver um problema”, explicou o mesmo dirigente.
As críticas ao ministro por parte do presidente do sindicato continuaram, com acusações de que o governante não tem “capacidade negocial” para resolver o processo entre o Estado e a concessionária.
Caso não responda muito em breve ao pedido de reunião, Álvaro Ribeiro adverte que “o ministro vai ter famílias e trabalhadores à sua porta e pedirem eles próprios uma audiência”.
“Basta de tantas paragens sem explicações, chega de brincar com os milhões de euros do Estado, que são de todos os portugueses”, apelou.
Obra parada
pela terceira vez
De recordar que, esta é a terceira interrupção no processo de construção do Túnel do Marão, sendo que das primeiras duas vezes, que no total representaram um atraso de mais de seis meses na obra, as paragens foram motivadas por providências cautelares levantadas por um privado.
Desta última vez, a construção estagnou em junho do ano passado, depois da concessionária, liderada pela Somague, assumir problemas de ordem financeira como justificação.
Recentemente, e tal como noticiou o Nosso Jornal na edição da semana passada, o deputado social-democrata na Assembleia da República eleito por Vila Real, Luís Ramos, explicou que as obras ainda não foram reiniciadas porque as negociações entre o Estado e a concessionária ainda não chegaram a ‘bom porto’, uma vez que a “proposta apresentada que não é aceitável para o Governo”, que, acima de tudo, quer “defender o interesse público”.
Uma das questões que estarão a dificultar a negociação tem a ver com o chamado ‘fundo de risco’, que “visa compensar a exploração por eventuais perdas no nível do tráfego” e que tem “alguns desacertos”, ou seja, como explicou Luís Ramos, precisa de ver corrigidas “as estimativas de procura que estavam definidas”.
Até à hora de fecho desta edição do Nosso Jornal ainda não era conhecida a nova calendarização da obra, que segundo as primeiras perspetivas, deveria ter o túnel aberto durante o mês de fevereiro.
Há sensivelmente um ano, no âmbito de uma visita do então primeiro-ministro José Sócrates às obras, Francisco Silva, presidente do conselho de administração do consórcio responsável pela construção, referiu as previsões da altura para a abertura ao trânsito do troço denominado Túnel do Marão, indicando novembro de 2012 deste ano.
Dos 30 quilómetros envolvidos nesta primeira parte da A4, já abriu ao trânsito, em novembro de 2010, um primeiro lanço, mais exatamente os 3,9 quilómetros que ligam a atual autoestrada à Amarante.