“Repudiamos aqueles que, ao sabor dos tempos e dos ventos, vão baloiçando as suas opiniões por tacticismo partidário, prejudicando os interesses” da população, criticou, no dia 19, em conferência de imprensa, Francisco Rocha, presidente da Concelhia Política de Vila Real do Partido Socialista (PS), referindo-se a tomada de posição favorável do presidente da Câmara à introdução das portagens nas SCUT.
O presidente da concelhia contrapôs as diferentes opiniões manifestadas pelo autarca ao longo dos últimos anos, recordando mesmo que, se em 2008 Manuel Martins não esteve presente na assinatura da concessão do Túnel do Marão, em Amarante, como forma de manifestar o seu desacordo com a introdução de portagens em sete quilómetros da A4, mais recentemente apresentou posição completamente contrária.
Além de acusar o autarca de “incoerência política”, o PS de Vila Real afirmou “o seu maior repúdio e indignação” para com a decisão do presidente da Câmara que, “obedece à voz de mando nacional” do seu partido, “independentemente dos custos para a nossa população”.
Em confronto ao ideal manifestado então pelo autarca, Francisco Rocha recordou a última sessão da Assembleia Municipal de Vila Real, onde foi apresentada uma moção contra a introdução de portagens nas SCUT, que, apesar de aprovada, contou com 20 votos desfavoráveis da bancada laranja, inclusive de Pedro Passos Coelho, presidente da mesa. “Nessa ocasião, afirmou Manuel Martins que não tinha o direito a votar a Moção, pois não pertence ao Órgão, mas que se o fizesse, alinharia pelo mesmo diapasão de Pedro Passos Coelho. Votaria favoravelmente à introdução de portagens”.
“O PS, por seu lado, não muda de opinião, tal como a Moção apresentada na Assembleia Municipal bem demonstra. Somos contra a introdução de portagens nesta região, enquanto os nossos níveis de desenvolvimento não estiverem ao nível da média nacional. Venha quem vier. Consideramos que aqueles que defendem a introdução de portagens estão contra as pessoas desta região, contra o seu desenvolvimento e a melhoria das suas condições de vida”, garantem os socialistas.
Francisco Rocha afirma que a concelhia vai “aguardar pelo quadro final da negociação” para tomar novas medidas contra a proposta do Governo.
Em declarações ao Nosso Jornal, Manuel Martins reforçou a sua posição, garantindo que “sempre defendeu o princípio da universalidade no pagamento” segundo um equadramento com compensações (reduções “de 50, 30 ou 20 por cento”) nas regiões mais desafavorecidas, e devolveu a acusação. “O PS vem dizer que são contra as portagens. Mas quem é que propôs a sua introdução, não foi o Governo Socialista?”, questionou.
Rui Santos, presidente da Federação Distrital de Vila Real do PS, acredita que “a eventualidade de haver portagens no interior tem um responsável com rosto, Pedro Passos Coelho, que, ao serviço de uma ideologia, do liberalismo total, pretende que se aplique o princípio do utilizador/pagador, não só nesta área, mas em todas as outras, acabando com a utilização dos impostos dos portuguesas para a discriminação positiva do interior e numa lógica de reequilibro da região e dos que mais necessitam”.
Mais, o mesmo responsável político defende que José Sócrates “está a ser chantageado, está a ser colocado perante uma negociação extremamente difícil onde lhe é dito que, para fazer face ao défice, às reformas estruturais necessárias para arrecadação de receita e para o reequilíbrio das contas públicas, terá que sacrificar os transmontanos e alto durienses”.