O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Nordeste (CNE) está a estudar o encerramento definitivo da urgência médico-cirúrgica do Hospital de Mirandela, um serviço que durante os últimos três meses esteve encerrado temporariamente.
Até a hora de fecho desta edição do Nosso Jornal, não foi possível obter a reacção do presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Silvano, no entanto, em declarações a alguns órgãos de comunicação social locais e nacionais, o autarca mostrou-se indignado com a possibilidade agora avançada e afirma, que, depois de “esgotada a paciência”, só resta aos mirandelenses saírem à rua em protesto, o que poderá acontecer já no dia 28 de Outubro.
Para além da revolta da autarquia, personalizada na pessoa de José Silvano, que criticou veemente o actual chefe do serviço de cirurgia, também o PS local já demonstrou publicamente, no início desta semana, o seu descontentamento, não só pelo possível encerramento do serviço, mas também pela “forma com aquele responsável abordou a questão”. “O PS reage de uma forma muito negativa à forma como director do serviço de cirurgia do CNE focou a questão”, explicou a socialista Júlia Rodrigues, sublinhando, no entanto, que o seu partido não pretende “falar de pessoas individualmente, até porque, no final, a responsabilidade é do Conselho de Administração do Centro Hospitalar.
Júlia Rodrigues criticou ainda o facto do deputado social-democrata Adão Silva, que até já ocupou o cargo de secretário de Estado da Saúde, ainda não tenha se manifestado sobre essa questão. “Não é uma questão de política partidária, é transversal a todos os partidos e deve ser uma preocupação de todos os políticos. Estranhamos a forma como os responsáveis da área política do presidente da Câmara nada dizem sobre esses lamentáveis factos”, explicou.
O PS aguarda o agendamento de uma reunião de trabalho com o Ministério da Saúde, “a única forma de resolver alguns dos problemas e fazer chegar à tutela o conhecimento sobre o que está a acontecer no terreno”, o que se está a passar na unidade hospitalar de Mirandela e no CHN. “Não adianta responder na mesma moeda às afirmações de um qualquer director de cirurgia”, considera a líder da concelhia do PS.
Segundo o director do serviço de Cirurgia do CHN, António Ferrão, a unidade mirandelense apresentava “falta de condições” para manter em funcionamento aquele serviço, sendo que, ao mantê-lo aberto, o centro hospitalar estaria a dar uma “ideia falsa à população de uma segurança que não tem”.
O mesmo responsável contabilizou que durante os três meses em que a urgência esteve fechada foram 23 os doentes transferidos para Bragança, “e nenhum correu qualquer risco na transferência, o que dá a média de 0,23 doentes por dia”. “Alguém pode entender que se mantenha uma urgência aberta, a pagar horas extraordinárias a médicos, anestesistas, enfermeiros, auxiliares, para funcionar uma máquina pesadíssima com estes números?”, questiona António Ferrão.
Ainda à espera que o tribunal se pronuncie sobre uma providência cautelar interposta pela autarquia relativamente ao encerramento a urgência médico–cirúrgica, a edilidade já tem sobre a mesa a possibilidade de incentivar a população a manifestar-se, o que poderá acontecer já no próximo dia 28.