O Teatro de Vila Real, que este ano completa o seu quinto aniversário, foi apresentado como um caso de sucesso ao nível da gestão cultural no sector público no âmbito de um seminário realizado, no dia três, pelos alunos do primeiro curso de Mestrado em Ciências da Cultura, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Segundo Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal, entidade que detém o Teatro de Vila Real, a receita do sucesso da casa de espectáculos passa pelo facto desta contar com uma forte dinâmica e variedade de espectáculos. “Não é um Teatro que abre uma vez por semana, está aberto todos os dias, não pára, há sempre actividades é um verdadeiro centro cultural”, revelou o autarca.
Vítor Nogueira, director do Teatro, também frisou a polivalência do edifício, e a possibilidade de trazer ao teatro vários tipos de espectáculos, como um factor que facilita a sua gestão. “Temos que proporcionar razões diversas para que as pessoas venham ao teatro”, defendeu o mesmo responsável.
O autarca vila-realense sublinhou ainda a “liberdade” dada à direcção do teatro como um factor fulcral para a gestão da infra-estrutura cultural, um ingrediente de sucesso que, segundo Manuel Martins, é também importante “para a estimulação criativa dos grupos da cidade”.
“A Cultura deve ser uma espécie de indústria. Tem que gerar produtos e receitas”, frisou o edil, recordando que a Câmara Municipal, através da empresa municipal Culturval, canaliza cerca de “1,5 milhões de euros do seu orçamento anual para o Teatro. Um apoio que tem vindo a crescer”. “A cultura paga-se”, sublinhou.
Orçado em 10 milhões de euros, o Teatro de Vila Real foi construído com o apoio do Governo no âmbito do alargamento Rede Nacional de Teatros e Cineteatros (RNTC), uma rede que, segundo Vítor Nogueira, na maior parte das novas casas de espectáculos criadas, acabou por ser abandonada pelo poder central e local. “O Estado fez avançar a Rede Nacional e deixou o financiamento exclusivamente às autarquias”, criticou o mesmo responsável, considerando tal opção como um “erro”, tendo em conta que se trata de infra-estruturas que servem regiões e não apenas um concelho em especial.
Vítor Nogueira revelou ainda como factores para o sucesso a manutenção da “humildade” e a união da equipa, “grupo de pessoas que se revê no mesmo barco e rema para o mesmo lado”.
Durante o seminário foram ainda apresentados outros casos de sucesso de gestão cultural no sector público, nomeadamente o projecto de dinamização do Centro Histórico de Guimarães e a Vila Romana de Sendim, em Felgueiras. A Fundação Serralves, a Companhia Viv’Arte foram os casos de sucesso apresentados ao nível do sector privado.
De recordar que, no próximo dia 19 o Teatro de Vila Real vai comemorar o seu 5.º aniversário com um espectáculo de dança irlandesa, estando marcada para hoje a apresentação do programa das comemorações.