Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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Tecnologia de ponta no Matadouro

Foi apresentado publicamente, nas instalações da Cooperativa Agrícola de Montalegre, um reactor anaeróbico de manto de lamas invertido, especialmente dedicado ao tratamento anaeróbico de alta carga de efluentes complexos contendo lípidos. Uma tecnologia que está a ser testada no Matadouro Regional de Barroso e Alto Tâmega, sediado no Barracão, que promete não só diminuir custos (produção de energia reduzida a metade) como respeitar melhor o meio ambiente.

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Desde há um mês sensivelmente que está instalado, à entrada do Matadouro Regional de Barroso e Alto Tâmega, sediado no Barracão, concelho de Montalegre, um reactor anaeróbico de manto de lamas invertido, «especialmente dedicado ao tratamento anaeróbico de alta carga de efluentes complexos contendo lípidos». Por outras palavras, estamos perante «uma tecnologia, inovadora, que consegue produzir biogás directamente da gordura», esclareceu Merijn Picavet, um dos oradores que marcou presença, nas instalações da Cooperativa Agrícola de Montalegre.

Sem qualquer custo para acolher esta nova tecnologia, o Matadouro do Barroso conta produzir metade da energia que consome à custa deste projecto inovador de aproveitamento de biogás, desenvolvido pela Universidade do Minho e a empresa Ambisys. O protótipo do reactor para tratamento anaeróbio de efluentes complexos com elevados teores de gordura (IASB) está a ser testado «há mais de um mês e com bons resultados», garante José Justo. Este referiu que a factura mensal de gás propano é, actualmente, de cinco mil euros mensais, mais três mil de despesas de tratamento dos efluentes que vão para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

Por outro lado, a administradora da Ambisys, Maria João Martins, afirmou que o equipamento poderá estar a produzir energia dentro de seis meses. O protótipo foi instalado numa estrutura móvel, que poderá posteriormente servir de unidade de testes em potenciais clientes. Trata-se, como já foi sublinhado, de uma tecnologia para tratamento anaeróbio de efluentes complexos contendo gordura, permitindo uma produção eficiente de biogás.

A equipa da Universidade do Minho que desenvolveu a tecnologia, liderada pela professora Madalena Alves, ganhou o “Prémio Nacional de Inovação Ambiental 2006”, precisamente com o conceito de “Reactor Anaeróbio de Manto de Lamas Invertido”. A investigadora explicou que a gordura que era uma fonte de energia renovável não acessível, fica disponível para o sector industrial onde este tipo de efluentes é gerado, como lacticínios, matadouros, lagares de azeite ou refinarias de óleo. No reforço, destacou que o objectivo é «atingir um óptimo nível de tratamento, acompanhado de uma eficiente produção de uma fonte de energia renovável».

Salientar ainda que ao contrário dos sistemas convencionais anaeróbios de alta carga, não é necessária a utilização de um inoculo com capacidade de sedimentação (grânulos), baseando-se antes na flutuação dos agregados microbianos devido à adsorção dos compostos lipídicos. Este fenómeno de adsorção limita a utilização das tecnologias actualmente disponíveis quando aplicada ao tratamento destes efluentes: «estamos perante um processo que tem muito potencial energético. Conseguimos produzir por unidade de reactor cerca de nove vezes mais do que as tecnologias actuais existentes para este tipo de efluentes conseguem».

Merijn Picavet, investigador da UMinho, advogou que na estação piloto instalada no Barracão vão ser tratados cerca de 50 litros por hora no máximo (o Matadouro do Barroso produz cerca de 80 metros cúbicos de efluentes por dia).

Mergulhado em dificuldades económicas, o Matadouro Regional de Barroso e Alto Tâmega vê neste projecto um potenciador de diminuição de custos como fez questão de vincar o Presidente da estrutura, José Justo: «nós temos grandes despesas. Por mês gastamos, em gás propano, 5 mil euros e de luz cerca de 2500 euros. Estou em crer que esta tecnologia vai reduzir os custos».

Na palestra, informal, que fez, o dirigente não se cansou de destacar a importância do Matadouro de Barroso para a economia local: «estamos a falar de uma estrutura que custou 1 milhão de contos. Só devemos 94 mil. Penso que estamos a fazer um bom trabalho. O período que atravessamos não é fácil. A realidade é muito diferente e em tempos de crise come-se menos carne de bovino…ora a nossa produção deste género é de 90 por cento». Sem se deter, disse: «para além disto, nunca fui resistente à mudança. Acredito na inovação! Os países ricos são os que têm ciência e conhecimento e não os que têm petróleo».

José Justo não esquece quem está do seu lado neste momento crítico para o Matadouro de Barroso. Valorizou quem o tem apoiado e garantiu que não vai baixar os braços: «eu que tenho levado nas orelhas, quero, com esta aposta, levar o barco a bom porto. Estamos a falar de um investimento importante para o Matadouro. É ainda o segundo maior investimento feito no concelho depois do Multiusos de Montalegre.

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