Quanto ao jogo, o Vila Real entrou personalizado, com um bom controlo sobre a bola, tentando sempre dominar o centro do terreno, onde sobressaiu a boa interligação com a frente atacante. Mas faltaram os golos nas inúmeras oportunidades criadas. A primeira foi aos nove minutos, com Moura a rematar cruzado, mas a bola acaba por sair ao lado. Ainda na confusão do lance há uma suposta grande penalidade que os homens de Vila Real reclamam, mas o árbitro manda seguir o jogo. A segunda ocasião foi desperdiçada por Nuno Meia, à boca da baliza. Há uma excelente jogada de entendimento do ataque forasteiro, Bessa coloca em Meia que remata por cima do travessão. “Quem não marca, arrisca- -se a sofrer”, e, mais uma vez, o ditado fez regra. Num lance de puro contra-ataque, Flávio foge e Miguel e coloca em Alexandre que perante a saída de Gamito faz o primeiro golo da tarde. Aos 25’, o Moncorvo colocou-se em vantagem, na única ocasião de golo que dispôs em todo o primeiro tempo.
A partir do golo sofrido, a equipa do Vila Real ficou um pouco desorientada e não teve o ascendente que tinha vindo a evidenciar desde os primeiros minutos do encontro.
No segundo tempo, os vila- -realenses tudo fizeram para sair de Moncorvo com um resultado positivo. Aliás, isso acabou por não acontecer por mera falta de sorte, sobretudo no remate final, onde os avançados estiveram em tarde ‘não’.
Logo a abrir, mais uma ocasião gorada pelos forasteiros. Uma boa abertura de Meia para Castanha que opta pelo cruzamento, quando estava em boa posição para alvejar, com êxito, a baliza de Vítor. Depois, ainda há o cabeceamento de Moura ao lado da baliza. O Vila Real precisava de marcar e encostou completamente os moncorvenses na sua defensiva. As oportunidades iam-se sucedendo, mas faltava a clarividência necessária para acertar no alvo. Aos 79’, Meia, na sequência de um livre frontal, atira à trave. Volvidos 3 minutos, é a vez de Moura rematar de novo ao ferro. Era o Vila Real a dar o tudo por tudo para chegar à igualdade, até que, finalmente, aos 84’, Moura vai encontrar o caminho da baliza. A bola é levantada para o segundo poste, onde aparece o melhor marcador alvi-negro a encher o pé e a colocar alguma justiça no resultado.
Quando já se esperava que o empate iria ser o resultado deste jogo, eis que o Moncorvo vai chegar ao golo da vitória. Há muita displicência na defesa forasteira, onde Elísio, por entre três jogadores, consegue fazer um remate cruzado, de ângulo difícil, e colocar a bola no fundo da baliza. Era a felicidade total para os poucos apaniguados da casa que acorreram ao jogo. Do outro lado, estava um Vila Real destroçado, pois teve “o pássaro na mão, mas deixou-o fugir”. Ainda houve tempo para Pedro ser expulso, depois de uma entrada perigosa sobre o central Leandro. O árbitro não teve dúvidas e mostrou-lhe o cartão vermelho directo que afasta o jogador dos dois últimos jogos da época.
Apesar da desvantagem numérica e no marcador, os vila-realenses não desistiram e mesmo no último minuto do tempo de compensação Nuno Meia teve nos pés o empate, mas o remate saiu a rasar o poste. Fica no ar um sabor a injustiça, pois por tudo aquilo que fizeram, não mereciam sair derrotados da Terra do Ferro.
Apesar de ser muito difícil, há que continuar a acreditar que é ainda possível ficar na III Divisão, mas agora já não depende só dos seus jogos.
A equipa de arbitragem cometeu alguns erros, mas sem influência no resultado final.
Carlos Manuel, treinador do Vila Real
“Já não dependemos só de nós”
O técnico alvi-negro ficou desolado com o resultado, uma vez que a sua equipa foi superior e não mereceu sair derrotada de Moncorvo.
“Já não dependemos de nós próprios, o Moncorvo era o nosso adversário directo e a agora tem mais três pontos. Mas, pelo que mostramos aqui, não merecíamos perder. Muitos pensariam que vínhamos aqui jogar em contenção, mas não foi isso que aconteceu. A nossa estratégia passou por jogar no meio campo adversário, já o Moncorvo apenas jogou em contra-ataque e na única oportunidade que teve, na primeira parte, marcou. Nós tivemos duas boas ocasiões, mas não finalizamos. Fomos a equipa que dominou, mais oportunidades criou, mas o futebol é isto mesmo e nem sempre a melhor equipa consegue ganhar. Ainda chegamos ao empate, mas pouco depois acabamos por sofrer um golo um pouco consentido, num erro crasso da nossa defensiva”.
Apesar do momento difícil do clube, Carlos Manuel não deita a toalha ao chão e ainda acredita que é possível manter o Vila Real na 3.ª Divisão. “Tenho um enorme orgulho em ter estes jogadores ao meu dispor para trabalhar. No final do jogo dei-lhe os parabéns, pois foram incansáveis, uns autênticos campeões e independentemente daquilo que venha a acontecer, estarei sempre ao seu lado. Esperamos vencer os dois últimos jogos e esperar que o Moncorvo escorregue num dos seus jogos”.
Sílvio Carvalho, treinador do Moncorvo
“O empate seria o resultado mais justo”
O técnico estava obviamente satisfeito pela conquista destes três preciosos pontos que dão agora outra tranquilidade à equipa para se manter no campeonato nacional.
“Com esta vitória temos todas as hipóteses de nos mantermos na III Divisão. Dependemos apenas de nós e vamos tentar vencer os dois próximos jogos. Este foi um jogo de nervos, o resultado mais ajustado seria um empate, mas o Moncorvo foi mais feliz. Hoje tivemos a sorte que não conseguimos ter em Vila Real no jogo que perdemos por 4 – 2. Não estou contente por o Vila Real se encontrar nesta situação difícil, porque é uma equipa de Trás- -os-Montes e nós, equipas transmontanas, somos sempre prejudicadas em relação às equipas do Porto. Desejo as maiores felicidades ao Vila Real e nós vamos fazer pela vida para nos manter pela 10.ª vez consecutiva na III Divisão.
Ficha Técnica
Jogo disputado no Estádio Municipal de Torre de Moncorvo.
Árbitro: Luís Ramos
Auxiliares: Duarte Pinheiro e Miguel Vieira
MONCORVO – Vítor, Óscar, Glauber (Joca, 21’), Leandro, André Marqueiro, Campota, Flávio (Zé Borges, 60’), Paulo Dores, Elísio, Alexandre (André Pinto, 94’), Zé Tiago.
Suplentes não utilizados: Neto, Luís Póvoa, Pedro Borges e Teixeira.
Treinador: Sílvio Carvalho
VILA REAL – Gamito, Filipe (Pedro, 58’), Ernesto, Miguel, Norberto, Luís Carlos, Nuno Meia, Castanha, Moura, Bessa, André Lisboa.
Suplentes não utilizados: Ivo, Fredy, Caniggia, Leirós, Kalá e Conceição.
Treinador: Carlos Manuel
Ao intervalo: 1 – 0
Cartões Amarelos: Moura (25’), Leandro (30’), Óscar (38’), Miguel (45’), André Lisboa (64’), Paulo Dores (71’)
Cartão Vermelho: Pedro (87’)