O projeto “Contos e Lendas Transmontanos” foi um dos vencedores do orçamento participativo em 2017 e está a ser desenvolvido pela UTAD, localizada em Vila Real, no âmbito de um protocolo com a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
A universidade disse hoje, em comunicado, que concluiu a primeira parte do projeto, que resultou no resgate e catalogação de 99 narrações da tradição oral e suas variantes dos concelhos de Bragança e Vinhais.
O “Contos e Lendas Transmontanos” segue agora para uma segunda fase e vai ser implementado nas comunidades escolares dos dois municípios, com a colaboração da Academia Ibérica da Máscara.
Os concelhos de Bragança e Vinhais estão, segundo referiu a UTAD, “entre os mais ricos do país em património cultural imaterial vivo".
Nestes municípios existe um grande número de narradores ativos, o que permitiu incorporar no projeto 39 vídeos com os “contadores de histórias” a transmitirem de viva voz os seus contos e lendas, tal como os ouviram aos antepassados.
De acordo com a UTAD, no espólio recolhido sobressaem os contos populares, desde religiosos, de animais, de fadas, jocosos e anticlericais, a par de um numeroso conjunto de lendas de lugares, de capelas, alminhas e cruzeiros, milagres, aparições da ‘virgem’, tesouros em ruínas de castros e castelos, mouros guerreiros e mouras encantadas, lobisomens, bruxas, almas penadas, trasgos e demónios.
No domínio das lendas, enquanto interpretações do povo sobre a “história oficial”, são também feitas alusões "às atrocidades do reino de Castela".
Por exemplo, em Vinhais, a academia disse que sobressaiu o “mito de Gasparona, uma heroína local que com dois chuços (objeto pontiagudo) nas mãos afugentou meio exército de castelhanos”.
No concelho de Bragança, por sua vez, ressaltou o “mito do conde de Ariães que, arrependido dos pecados terríveis que cometeu em vida (um deles foi atirar a sua mãe aos leões) antes de morrer introduziu-se num túmulo de pedra cheio de serpentes para aí ser devorado por elas e assim obter as bênçãos de Deus”.