Os eleitos do Partido Social Democrata (PSD) no executivo municipal de Murça acusam os vários rostos do Partido Socialista (PS), que renovou o poder nas últimas autárquicas, de “discriminar, oprimir e amedrontar directamente aqueles que não perfilham dos seus ideais” políticos.
Num comunicado assinado pelos vereadores sociais-democratas, o partido da oposição considera “lamentável verificar a crescente instrumentalização” das instituições locais, uma situação que “começa a tomar proporções vergonhosas, a raiar mesmo a ameaça dos direitos fundamentais da pessoa humana, tais como a liberdade e a igualdade de tratamento de direitos e de oportunidades, apanágio das sociedades democráticas”.
No rol das severas críticas, os vereadores enumeram vários casos específicos de pessoas que, alegadamente, foram prejudicadas, ao serem transferidas, e mesmo despedidas, das funções que exerciam em serviços municipais ou instituições como a Santa Casa da Misericórdia e Escola Profissional, por assumirem, nas últimas eleições, posições contrárias ao PS.
“Custa-nos aceitar que, trinta e cinco anos após o vinte e cinco de Abril e uma década já decorrida no século vinte e um, ainda existam dirigentes que confundam a vida pessoal com a institucional e a política, não aceitando ainda as regras da vida democrática, e se preocupem apenas consigo mesmo e com tudo aquilo que pensam poder vir a abalar-lhes o ego”, explicam os sociais-democratas no documento.
Belmiro Vilela, presidente da Assembleia Municipal de Murça e, simultaneamente provedor da Santa Casa da Misericórdia e director da Escola Profissional, é um dos visados pela ‘revolta’ da oposição que o acusa de, “com a conivência de todos os administradores destas instituições, usar e abusar, aterrorizar e cometer outras atrocidades com os seus trabalhadores”.
Em declarações ao Nosso Jornal, Belmiro Vilela, comentando caso a caso, desmente todas as acusações garantindo que as situações apontadas pelo PSD trataram-se de opções de gestão que não tiveram qualquer carácter político. “Nada me pesa na consciência porque agi sempre em prol do interesse superior e em defesa intransigente da instituição”, sublinha o provedor da misericórdia, revelando mesmo que “voltaria a fazer tudo de novo”.
Garantindo que anda na rua “de cabeça levantada”, Belmiro Vilela vê a tomada de posição dos vereadores como uma atitude “impetuosa” de um grupo de políticos “ainda jovens” que não sabem “por onde pegar” nem reconhecem “o trabalho, a dedicação e espírito de serviço de mais de 50 anos” nas mais diversas instituições nas quais o próprio esteve envolvido, como a banda marcial, os bombeiros ou a adega cooperativa.
O PSD aponta ainda o dedo a João Teixeira, presidente da Câmara Municipal, que, como afiançam no documento, “com os seus métodos menos ortodoxos, põe e dispõe dos funcionários da autarquia e agora do pessoal não docente das Escolas Básicas e Secundária do concelho, não se coibindo de os ameaçar”.
Até à hora de fecho desta edição do Nosso Jornal não foi possível entrar em contacto com o autarca.
Os vereadores garantem que estão “na disposição de fazer tudo” o que estiver ao seu alcance “para que sejam repostas as situações discriminatórias criadas ou outras semelhantes que venham a ser descobertas, para que, doravante, todos, independentemente do sexo, cor, crença ou ideologia, sejam tratados com a dignidade devida e conforme aos direitos de cidadania, onde o respeito pela diferença e o necessário tratamento igualitário, bem como o mérito que ressalta do desempenho de cada um, sejam promovidos”.