Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2024
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Vereadores acusam autarquia de “instrumentalização” de instituições

Vários exemplos de funcionários transferidos, “colocados na prateleira” ou mesmo despedidos alegadamente por causa das suas ligações políticas foram denunciados publicamente pelo PSD murcense. Os vereadores da oposição trazem à baila casos específicos e apontam o dedo aos principais rostos do poder autárquico, entre quais o presidente da Assembleia Municipal, que rejeita as acusações, explicando caso a caso e garantindo que “não tem qualquer peso na consciência”.

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Os eleitos do Partido Social Democrata (PSD) no executivo municipal de Murça acusam os vários rostos do Partido Socialista (PS), que renovou o poder nas últimas autárquicas, de “discriminar, oprimir e amedrontar directamente aqueles que não perfilham dos seus ideais” políticos.

Num comunicado assinado pelos vereadores sociais-democratas, o partido da oposição considera “lamentável verificar a crescente instrumentalização” das instituições locais, uma situação que “começa a tomar proporções vergonhosas, a raiar mesmo a ameaça dos direitos fundamentais da pessoa humana, tais como a liberdade e a igualdade de tratamento de direitos e de oportunidades, apanágio das sociedades democráticas”.

No rol das severas críticas, os vereadores enumeram vários casos específicos de pessoas que, alegadamente, foram prejudicadas, ao serem transferidas, e mesmo despedidas, das funções que exerciam em serviços municipais ou instituições como a Santa Casa da Misericórdia e Escola Profissional, por assumirem, nas últimas eleições, posições contrárias ao PS.

“Custa-nos aceitar que, trinta e cinco anos após o vinte e cinco de Abril e uma década já decorrida no século vinte e um, ainda existam dirigentes que confundam a vida pessoal com a institucional e a política, não aceitando ainda as regras da vida democrática, e se preocupem apenas consigo mesmo e com tudo aquilo que pensam poder vir a abalar-lhes o ego”, explicam os sociais-democratas no documento.

Belmiro Vilela, presidente da Assembleia Municipal de Murça e, simultaneamente provedor da Santa Casa da Misericórdia e director da Escola Profissional, é um dos visados pela ‘revolta’ da oposição que o acusa de, “com a conivência de todos os administradores destas instituições, usar e abusar, aterrorizar e cometer outras atrocidades com os seus trabalhadores”.

Em declarações ao Nosso Jornal, Belmiro Vilela, comentando caso a caso, desmente todas as acusações garantindo que as situações apontadas pelo PSD trataram-se de opções de gestão que não tiveram qualquer carácter político. “Nada me pesa na consciência porque agi sempre em prol do interesse superior e em defesa intransigente da instituição”, sublinha o provedor da misericórdia, revelando mesmo que “voltaria a fazer tudo de novo”.

Garantindo que anda na rua “de cabeça levantada”, Belmiro Vilela vê a tomada de posição dos vereadores como uma atitude “impetuosa” de um grupo de políticos “ainda jovens” que não sabem “por onde pegar” nem reconhecem “o trabalho, a dedicação e espírito de serviço de mais de 50 anos” nas mais diversas instituições nas quais o próprio esteve envolvido, como a banda marcial, os bombeiros ou a adega cooperativa.

O PSD aponta ainda o dedo a João Teixeira, presidente da Câmara Municipal, que, como afiançam no documento, “com os seus métodos menos ortodoxos, põe e dispõe dos funcionários da autarquia e agora do pessoal não docente das Escolas Básicas e Secundária do concelho, não se coibindo de os ameaçar”.

Até à hora de fecho desta edição do Nosso Jornal não foi possível entrar em contacto com o autarca.

Os vereadores garantem que estão “na disposição de fazer tudo” o que estiver ao seu alcance “para que sejam repostas as situações discriminatórias criadas ou outras semelhantes que venham a ser descobertas, para que, doravante, todos, independentemente do sexo, cor, crença ou ideologia, sejam tratados com a dignidade devida e conforme aos direitos de cidadania, onde o respeito pela diferença e o necessário tratamento igualitário, bem como o mérito que ressalta do desempenho de cada um, sejam promovidos”.

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