Depois do empate em Atei, o Vila Real já nada tinha a conquistar neste campeonato, uma vez que o Mondinense já tinha festejado a subida no último fim-de-semana em Fiolhoso, mesmo assim, perante o seu público pedia-se pelo menos uma vitória ante o Ribeira de Pena, um clube também já com o seu destino traçado, uma vez que a manutenção já há muito estava garantida. Portanto, estavam reunidos todos os “ingredientes” para assistirmos a um bom espectáculo desportivo. Mas, isso não aconteceu, já que o Vila Real esteve muitos furos abaixo daquilo que já demonstrou ser capaz em outros jogos e acabou por ceder um empate que muitos não estariam à espera. Será que já só pensam na final da Taça da Associação de Futebol de Vila Real? Certo é que o técnico poupou alguns dos habituais titulares, já a pensar no jogo frente ao Murça.
Quando ao jogo, o primeiro sinal de perigo aconteceu aos 18’, quando Peixoto, de fora da área, remata forte para uma excelente intervenção de Francês. O Ribeira de Pena dava o controlo do jogo ao Vila Real, mas nunca descorou o contra-ataque, que se revelou bastante perigoso em alguns momentos do jogo. Aliás, na primeira vez que chegou à baliza acaba mesmo por marcar, depois de algumas facilidades concedidas pela defensiva da casa. Num lançamento de linha lateral, há uma desatenção do sector mais recuado que Vasco aproveita para fazer um chapéu a Pedro, que estava adiantado no terreno de jogo. O Vila Real parecia que estava adormecido e não reagia. Do outro lado estava uma equipa motivada que poderia ter ampliado a vantagem logo na jogada seguinte. O mesmo jogador, David, teve nos pés o segundo golo, mas, desta vez, rematou ao lado. O Vila Real sentia muitas dificuldades em ligar o seu jogo, caindo sempre no mesmo erro, ao tentar entrar pelo centro, não abrindo o jogo na lateral. Bessa andou perdido no meio-campo e foram raras as vezes que o vimos a levar a bola, como bem o sabe fazer, pela lateral. O Ribeira de Pena tapava bem os caminhos para a sua área e espreitou sempre contra-atacar. Aos 43’, de novo, os visitantes a criar perigo junto da baliza à guarda de Pedro, mas o remate de Pisco saiu a rasar o poste. Já em cima do apito para o intervalo, os vila-realenses vão fazer o golo do empate, através de um lance de bola parada. Num livre descaído para a esquerda, a poucos metros da área, Mico remata forte e colocado, fazendo a igualdade, aos 45’.
Para a segunda parte, os dois técnicos voltaram a apostar nos mesmos jogadores e a toada de jogo também não se alterou muito, com o Ribeira de Pena a ser sempre a equipa mais perigosa no último terço do terreno. O Vila Real não conseguia sair da teia em que estava envolvido, sem criatividade, sem objectividade, não dava qualquer sinal de querer vencer o jogo. As alterações feitas por Carlos Felisberto nada trouxeram de novo e foi mais do mesmo: o Vila Real a dominar e o Ribeira de Pena mais perigoso. Aos 68’, David tenta fazer novo “chapéu”, só que desta vez a bola subiu muito e gorou-se assim mais uma oportunidade. Os alvi-negros decidiram aparecer no jogo a dez minutos do final da partida, mas já foi tarde! Miguel Ângelo ainda tentou o golo, mas não acertou em cheio na bola. Sobre os 90 minutos, Diogo rematou forte e a bola saiu a milímetros do poste. Mesmo a fechar, aos 94’, Nelson teve nos pés a vitória, mas ficou deslumbrado com tantas facilidades e acabou por rematar ao lado, na cara do guarda-redes Pedro.
Num jogo sem história, o Ribeira de Pena mereceu inteiramente a divisão pontual, perante um Vila Real que foi uma sombra daquilo que pode e sabe fazer. Terá guardado os últimos ‘cartuchos’ para o jogo da Taça com o Murça, em Alijó? A ver vamos…
CARLOS FELISBERTO, treinador do Vila Real
“Tudo fizemos para alcançar outro resultado”
O técnico alvi-negro realçou que os seus jogadores tudo fizeram pela vitória, mas do outro lado esteve uma equipa bem organizada defensivamente, que não deu espaços ao adversário.
“Pretendíamos deixar uma imagem daquilo que é o nosso potencial e despedirmo-nos dos associados com uma vitória. Há que assumir que não fomos brilhantes, sofremos um golo caricato, num lançamento de linha lateral, numa das poucas oportunidades que o Ribeira de Pena criou. Tudo fizemos para alcançar outro resultado, a atitude dos jogadores foi de encontro ao que lhes foi pedido. Dignificaram a camisola que vestem e tentaram conquistar mais três pontos, mas isso hoje não foi possível. Do outro lado, também, encontramos uma equipa bastante organizada defensivamente, que nos obrigou a correr bastante para tentar desbloquear o bloco baixo que apresentaram. A repartição de pontos surge de forma natural, sobretudo por aquilo que não fomos capazes de produzir”.
A época termina em Alijó, com o jogo da Taça e Carlos Felisberto espera o apoio do público para vencer. “Será um jogo de cariz diferente, onde só existirá um vencedor, gostaríamos que os adeptos se mobilizassem para apoiar a equipa frente ao Murça”.
RUI RALHA, treinador do Ribeira de Pena
“Não foi uma época positiva”
No final do encontro, o técnico forasteiro ficou satisfeito com o empenho e atitude da sua equipa, num resultado que acabou por justificar com inteiro mérito.
“O empate é um resultado que se ajusta ao que se passou em campo. O Ribeira de Pena fez um bom jogo, teve várias oportunidades e saímos daqui com uma igualdade, mas poderíamos ter conseguido outro resultado. Face ao plantel que tínhamos, não foi uma época positiva, já disse isso mesmo aos jogadores. Poderíamos ter feito muito mais e ficamos aquém daquilo que todos nós esperaríamos deste grupo de trabalho. Hoje acabou o campeonato, ainda não sei se irei ficar à frente da equipa. Ainda esta semana, vamos ver se a direcção irá ou não continuar e a partir daí, iremos ver se estão ou não interessados que eu continue à frente deste grupo”.
Ficha Técnica
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca.
Árbitro: Hugo Araújo
Auxiliares: Camilo Ferreira e António Mesquita
VILA REAL – Pedro, Conceição (Henrique, 62’), Peixoto, Fredy, Miguel, (André Teixeira, 74’), Diogo, Bessa, Castanha, Miguel Ângelo, Mico, André Azevedo (Leandro, 77’).
Suplentes não utilizados: Ivo, Ernesto, Shuster e Moura.
Treinador: Carlos Felisberto
RIBEIRA DE PENA – Francês, Litos, Jardel, Gato, Mário, Meireles, Nelson I, Pisco (Hugo, 90’), Freitas, Fraga (Pedro, 76’), Vasco (Nelson II, 84’).
Suplentes não utilizados: Hélder, Vilela, Pires e V. Hugo.
Treinador: Rui Ralha
Ao intervalo: 1 – 1
Cartões Amarelos: Mário (47’), Vasco (84’), Henrique (91’).
Marcadores: Vasco (25’), Mico (45’).