O Valpaços entrou no Monte da Forca personalizado e com a estratégia bem montada, com marcações à zona, não dando espaços ao adversário, que não conseguia explanar o seu futebol. O jogo era muito focado pelo centro do terreno, e os flancos não foram aproveitados para criar perigo junto da baliza de Nelo. Com uma postura defensiva coesa, os visitantes facilmente controlavam os lances ofensivos dos locais, que só utilizavam os lançamentos longos para tentar chegar à baliza contrária. Essa tarefa foi travada com eficácia pelos valpacenses, que assim conseguiam manter o nulo e a bola longe do seu sector mais defensivo. No primeiro quarto de hora, apenas registamos um lance em que André Azevedo consegue fugir à marcação e entra a área, mas o remate saiu ao lado da baliza à guarda de Nelo. Com um jogo pautado sobre o centro do terreno, o Vila Real encontrava-se envolvido numa teia da qual não conseguia sair, afunilando o seu jogo, não abrindo espaços nos flancos, o que facilitou a tarefa da defensiva visitante. No entanto, aos 33’, Mico ganha a bola na direita, vai à linha e coloca em Bouças, que rodopiou sobre um adversário e rematou forte para a baliza, abrindo o activo no relvado gelado do Monte da Forca. Pouco depois, Castanha tenta marcar de pontapé de canto directo, mas Nelo estava atento e aliviou o remate do médio da casa. O resultado ao intervalo premiava a postura mais ofensiva dos locais, num bom golo do avançado Bouças.
Com a estratégia furada, o técnico Carlos Guerra tentou dar outra mobilidade atacante à sua equipa, com a entrada de Zé Maria para o lugar do defesa Fifi. Esta alteração mudou o cariz do jogo, que foi mais aberto e as oportunidades foram surgindo com naturalidade, onde o Vila Real teve muitas mais do que o seu opositor. Logo no reatamento, Bessa faz um remate cruzado e a bola vai ‘beijar’ a trave. Aos 51’, o Vila Real sofre uma contrariedade, com o árbitro Nuno Bento a mostrar o cartão vermelho directo a Bouças, por supostas palavras que o jogador lhe terá dirigido, já que não vislumbramos outro motivo. Quando o autor do golo se dirigia para o banco, Abel Ferreira terá dito ao árbitro para ter “calma” e também recebeu ordem de expulsão do banco, tendo ido para a bancada assistir ao resto da partida. Mas, vamos voltar ao jogo. Apesar de ter menos um jogador, os visitados controlaram o adversário, que não encontrou soluções para chegar à igualdade. Do outro lado, apareceu um Vila Real mais acutilante, que aproveitou os espaços para criar muitas dificuldades à defensiva forasteira. Teve várias ocasiões para aumentar a vantagem, mas só conseguiu alvejar a baliza com êxito aos 82’, quando Bessa coloca em Azevedo, este vai à linha e coloca no coração da área, onde aparece o recém-entrado Henrique a rematar para o fundo da baliza, dando ainda mais tranquilidade aos alvi-negros. Já em tempo de compensação, numa bela jogada colectiva, o Vila Real teve mais uma grande oportunidade para dilatar o resultado, mas Nelo esteve muito bem entre os postes, negando por duas vezes o golo aos locais.
O Vila Real conquistou mais três pontos e está agora ainda mais destacado no topo da classificação, já que o Montalegre perdeu em Atei e vê o Vila Real a 12 pontos de distância. O Valpaços vinha com a lição bem estudada e tentou sair de Vila Real com um resultado positivo, mas, depois de sofrer o primeiro golo, não mostrou argumentos para contrariar o líder da prova.
O campeonato vai parar 15 dias, mas regressa já no dia 2 de Janeiro, com o Vila Real a receber o Santa Marta e o Valpaços terá uma deslocação até Fiolhoso.
Abel Ferreira, treinador do Vila Real
“Acabamos o ano em beleza e todos estão de parabéns”
O técnico vila-realense salientou a postura da equipa em todos os jogos desta primeira volta, sublinhando todo o trabalho da direcção para que nada falte a este grupo, que está cada vez mais unido.
“Não foi um jogo fácil, já que a equipa revelou alguma ansiedade e cansaço, e não conseguiu fluir o jogo como pretendia. Encontramos uma formação que pouco ou nada arriscou e jogou quase sempre atrás da linha da bola, o que ainda dificultou mais a nossa tarefa, no entanto, chegamos ao golo, e na segunda parte, o jogo mudou bastante. Também fizemos alterações que vieram dar mais velocidade ao nosso jogo e criamos mais situações para marcar, mas só conseguimos marcar por mais uma vez. O resultado de dois a zero é bom e espelha a nossa superioridade. Fomos melhores e por isso merecemos os três pontos, já que o Valpaços praticamente não criou uma situação de golo”.
“Acabar a primeira volta com doze pontos de diferença do segundo classificado é uma margem boa para enfrentar o futuro. A massa associativa e a direcção merecem esta boa campanha que a equipa tem vindo a fazer. Está tudo a correr bem, temos um grupo unido e há muito trabalho extra que temos vindo a fazer que está a dar os seus frutos. Aproveito para desejar a toda a família vila-realense um Feliz Natal e um Bom Ano de 2011. Espero que a segunda volta nos corra da mesma maneira, já que os jogadores, a direcção e a massa associativa merecem. Acabamos o ano em beleza e todos estão de parabéns”.
Carlos Guerra, treinador do Valpaços
“O primeiro golo nasce de um lance irregular”
O técnico visitante ficou conformado com o resultado, mas salientou o primeiro golo saiu de um lance irregular que acabou por influenciar o desenrolar do encontro.
“No lance do primeiro golo há um posição irregular de dois a três metros que acabou por mexer com o resultado. Tínhamos uma estratégia montada que estava a resultar, já que o Vila Real não estava a conseguir criar oportunidades de golo e o jogo até estava equilibrado. Estávamos a neutralizar bem as peças do Vila Real, mas esse golo veio modificar tudo. Tive que fazer alterações porque o resultado não servia as nossas pretensões, mas, infelizmente, não conseguimos marcar, já que o Vila Real tem uma equipa com valor e isso ficou demonstrado. Quando tentamos arriscar mais, o Vila Real teve mais oportunidades para aumentar a vantagem, tendo conseguido chegar ao dois a zero. No entanto, se não tivesse acontecido o lance do primeiro golo, nós poderíamos ter saído daqui com outro resultado. De qualquer forma, o Vila Real é o justo vencedor e não precisava da ajuda do árbitro assistente”.
Para a segunda volta, Carlos Guerra espera que a sua equipa seja mais forte. “Não estamos satisfeitos com o que temos feito, já que poderíamos estar um pouco melhor. Mas, temos atenuantes, uma vez que tivemos vários jogadores lesionados e temos uma equipa muito jovem, que, por vezes, tem pequenos erros que fazem a diferença. No entanto, temos organização, qualidade e vontade para fazer mais e melhor na segunda volta do campeonato”.
Ficha Técnica
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca.
Árbitro: Nuno Bento
Auxiliares: Luís Fraga e Fernando Nunes
VILA REAL – Cabreca, Bessa, Abreu, Kobe, Peixoto, André Coutinho (Tiago, 59’), Castanha, Mico (Henrique, 76’), Francis, André Azevedo (Júnior, 86’), Bouças.
Suplentes não utilizados: Ivo, Felícia, Carlos e Nunes.
Treinador: Abel Ferreira.
VALPAÇOS – Nelo, Fifi (Zé Maria, 45’), Teixeira, Carlão, França, Breno (Nené, 73’), Calado, Lobi, Mário (Ludobic, 67’), Márcio, Pedro.
Suplentes não utilizados: Vítor e Mica.
Treinador: Carlos Guerra
Ao intervalo: 1 – 0
Cartões Amarelos: Bouças (25’), Teixeira (34’), França (65’).
Cartão Vermelho: Bouças (51’).
Marcadores: Bouças (33’) e Henrique (82’).