Já no distrito de Bragança, o Relatório Anual da Sinistralidade Rodoviária aponta para a ocorrência de 16 mortos, o que significa também uma descida de mortes nas estradas em relação a 2007, onde se registaram 25 vítimas.
Numa cerimónia que decorreu em Lisboa e que contou com a presença dos ministros da Administração Interna, Rui Pereira, e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, outros números nacionais foram avançados e dado a conhecer algumas especificidades da sinistralidade. Soube-se que a maior parte dos acidentes ocorreu dentro das localidades, onde o número de mortos aumentou 7,3 por cento, face a 2007. Setenta e um por cento dos acidentes e 62 por cento de feridos graves ocorreram dentro das localidades, em 2008, enquanto o número de vítimas mortais foi superior fora das localidades (53 por cento). Em acidentes dentro das localidades morreram mais 25 pessoas que em 2007.
O Governador Civil do Distrito de Vila Real, Alexandre Chaves, reagiu ao Nosso Jornal aos dados do Relatório. Segundo este responsável o mérito é repartido entre os automobilistas e as autoridades rodoviárias. “Em primeiro lugar, estes números reflectem a atitude dos automobilistas, apesar das estradas não ainda serem as melhores, há elevados índices de cidadania dos nossos automobilistas em respeitarem o Código da Estrada. Por outro lado, também as acções de prevenção, quer da PSP quer da GNR, têm contribuído para esta redução significativa. Números que são bons para quem conduz e para os cidadãos em geral”.
A atitude defensiva dos condutores também é outra das razões apontadas. “Em Trás-os-Montes e Alto Douro, os automobilistas resguardam-se mais dos perigos da estrada. Nota-se que há um maior civismo e uma atitude defensiva dos condutores transmontanos e alto-durienses no sentido de resguardar a sua própria vida”. Alexandre Chaves enalteceu a importância das instituições distritais ligadas à Segurança Rodoviária para a redução das mortes nas estradas do distrito. “Têm funcionado bem, mas é necessário continuar com este esforço para diminuir ainda mais a taxa de sinistralidade. Vila Real, sendo o distrito com menor sinistralidade, também nos dá força para continuarmos a apostar na prevenção rodoviária. Houve uma melhoria da rede viária que teve efeitos consideráveis, mas ainda há muitos concelhos onde as estradas têm que ser melhoradas”.
“Nas reuniões da comissão distrital temos apelado à GNR e à PSP para terem uma atitude vigilante, preventiva, com uma maior presença nos pontos negros do nosso distrito, para ainda melhorarmos mais as condições de segurança nas estradas”.
O Governador Civil apontou igualmente a melhoria das acessibilidades rodoviárias. “A sinistralidade diminui à medida que as condições rodoviárias melhoram. No nosso distrito estão a ser criadas mais e melhores condições, nomeadamente no Marão e no troço do IP4 até Bragança. Também a EN 103, que vem de Braga e atravessa Montalegre até Chaves, está a ser alvo de intervenção.
Há vários anos que a Associação de Utilizadores do IP4 tem pugnado pela criação de melhores condições de segurança nas vias rodoviárias do distrito. Um papel que não pode ser ignorado e que é relevante para a sensibilização das boas práticas de condução.
O presidente desta associação, Luís Bastos, mostrou satisfação pelos indicadores de sinistralidade de 2008. “É uma tendência dos últimos anos. Julgo que tem a ver com a abertura de novas auto-estradas no distrito. De qualquer forma, também, é uma questão onde há uma maior sensibilização por parte das Câmara Municipais que criaram gabinetes próprios sobre mobilidade e segurança rodoviária. Há ainda factores como uma maior sensibilização das pessoas que contribuíram para esta realidade. Porém, gostava de lembrar que em Vila Real há uma pequena medida que pode vir a dar frutos muito positivos, como é o caso da Escola Fixa de Trânsito, agora aberta aos fins-de-semana. Os pais podem lá ir com as suas crianças e sensibilizá-las para uma postura de prevenção e uma cultura de segurança rodoviária. Com tudo aquilo que lutou nos últimos tempos, Vila Real merece estar nesse patamar nas estatísticas da segurança rodoviária”.
Luís Bastos realçou o papel das Câmaras na melhoria viária como factor influente. “As Câmara Municipais talvez estejam a gerir melhor o seu parque viário. E, também, dentro das localidades, houve uma maior preocupação na colocação das passadeiras, uma melhor sinalização”, acrescentou.
Este dirigente, apesar desta redução de acidentes, manifestou alguma cautela. “O IP4 continua a ser uma via perigosa, em função das condições climatéricas e dos valores de tráfego. Mas, a verdade é que nos últimos tempos houve um conjunto de factores que permitiu a diminuição muito significativa da sinistralidade no IP4, o que contribuiu obviamente para os números totais do distrito. Houve ainda por parte da população e por parte das instituições uma aceitação para este alerta, onde todas as entidades (Direcção de Estradas de Bragança e Vila Real, Governos Civis, Câmaras Municipais e escolas) contribuíram para a prevenção deste flagelo que é a sinistralidade rodoviária.
Refira-se que o distrito com maior mortalidade rodoviária foi Lisboa com 93 vítimas mortais, seguida do Porto com 84, Setúbal com 77 e Aveiro com 70 mortos.
Além de Vila Real (11 mortos) seguiu-se Portalegre com 12 e dos distritos da Guarda e de Bragança onde se registaram 16 mortos.