Devido à desertificação e ao envelhecimento e consequente perda de população em toda a região do Interior, a maioria das carreiras de transporte público foi encerrando por falta de clientela. Esta realidade também acontecia no concelho de Montalegre que ainda via a sua situação agravada pela dispersão das aldeias, a par das grandes distâncias entre as freguesias e a sede do concelho.
Perante este quadro que agravou a vida das pessoas nas aldeias que tinham que pagar muito dinheiro para irem ao médico, à feira de Montalegre ou tratar de qualquer assunto nos serviços públicos, a Câmara de Montalegre acordou com as empresas detentoras de alvará e de serviços em Montalegre, uma rede alargada de transporte público, privilegiando, como determina a lei, a requisição dos passes escolares dos alunos, nestas carreiras. Desta forma, refere Fernando Rodrigues, líder da autarquia, «passamos a ter transporte público com a garantia do bom serviço do transporte escolar, assegurando em todas as carreiras com alunos do 1.º Ciclo a presença de um vigilante».
Com esta medida, a autarquia de Montalegre vai oferecer o transporte aos alunos no tempo normal de aulas como também nas férias de Natal, Carnaval e Páscoa.
O encargo global com os transportes escolares aumenta cerca de 10 por cento mas permite às empresas a rentabilidade mínima para assegurarem o serviço público de passageiros.
Referir ainda que para além do transporte público passar a ser coincidente com o transporte escolar, este acordo obriga ainda ao serviço, uma vez por semana, para todos os postos de atendimento médico no concelho.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Montalegre, esta medida reveste-se «de grande alcance social», porque «cria igualdade na mobilidade de todas as pessoas no concelho» e agora há uma rede de transportes públicos adequada às reais necessidades dos respectivos utilizadores, o que constitui uma condição essencial à garantia do desenvolvimento e do bem-estar das populações».
Fernando Rodrigues reconhece que esta nova modalidade «pode criar um ou outro problema menor no transporte escolar, designadamente porque as carreiras agora não vão ao meio de algumas aldeias como iam as carrinhas», todavia, frisa «este interesse não pode sobrepor-se ao interesse geral que serve toda a população».