Domingo, 3 de Novembro de 2024
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“Xurdir” compete com corrupção, legionela, jihadismo ou selfie

Já são conhecidos os termos que disputam o título de palavra do ano e entre eles está um regionalismo transmontano que estava adormecido e que agora está na boca dos portugueses

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“Lutar pela vida”, este é o significado de “Xurdir”, a palavra de origem no vocabulário de Trás-os-Montes e que até ao final do mês está a mercê dos portugueses na votação que vai ditar a “Palavra do ano 2014”.

Anunciadas no início desta semana, as dez palavras foram escolhidas pela Porto Editora “com base em critérios de frequência de uso e de relevância assumida quer através dos meios de comunicação social e das redes sociais, quer da utilização dos seus dicionários nas suas versões online e mobile”.

A editora explica a escolha da palavra transmontana devido ao “aumento significativo da sua utilização”, “talvez pelas circunstâncias socioeconómicas que o país atravessa, ou pela riqueza da língua portuguesa”.

No entanto, na verdade, o termo “xurdir”, como tantos outros, estava praticamente ‘encerrado’ nos dicionários, sendo já pouco utilizado ou mesmo conhecido até que Paulo Freixinho, profissional das palavras cruzadas há mais de 20 anos, se encantou pelo seu significado algures em 2009, quando pesquisava para enriquecer o rol de vocábulos a utilizar no jogo.

“É uma palavra positiva, mágica”, considera Paulo Freixinho satisfeito pelo feito que conseguiu com a ajuda das redes sociais (através da comunidade “Xurdir para palavra de 2014”) mas também divulgando-a em t-shirts, fotografando-a e escrevendo-a nos mais variados locais, como em casas devolutas, em pedras, na areia da praia e até com massa de letras. No final a nomeação para o concurso foi a cereja em cima do bolo que fez com que uma “palavra que poucos conheciam” ganhasse uma nova vida e passasse a fazer parte do dia a dia de “milhões de pessoas”.

Ao título de “Palavra do Ano 2014” competem ainda os termos “banco”, “basqueiro”, “cibervadiagem”, “corrupção”, “ébola”, “legionela”, “gamificação”, “jihadismo” e “selfie”.

Iniciativa da Porto Editora, a competição “tem como objetivo principal enaltecer o património da língua portuguesa, sublinhando a importância das palavras e dos seus diferentes sentidos no nosso quotidiano”.

Para votar basta aceder ao site Infopédia.pt e escolher a sua palavra preferida.

De recordar que nas edições anteriores as palavras vencedoras foram “bombeiro” (2013), “entroikado” (2012), “austeridade” (2011), “vuvuzela” (2010) e “esmiuçar” (2009).

Quanto ao profissional das letras, vocábulos e significados, fica a certeza de que os regionalismos continuarão a fazer parte dos seus jogos de palavras que podem ser encontrados em várias publicações nacionais (como nos jornais Público e JN, na Revista Caras e mesmo, desde há mais de cinco anos, n’A Voz de Trás-os-Montes) e internacionais.

No primeiro dia de janeiro deverá ser anunciada a “Palavra do Ano 2014” e apesar de agora ser “xurdir” o termo que está a “lutar pela vida”, muitos outros vocábulos transmontanos estão a espera de ser redescobertos, como charrasco (homem gordo e de baixa estatura), manela (a porção de estopa ou lã que se põe na roca para fiar), xaréu (frio intenso) ou zorro (filho bastardo).

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