Sábado, 14 de Dezembro de 2024
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170 Anos a “guardar” a história do Município e do país

A Biblioteca Municipal de Vila Real vai completar o seu 170.º aniversário, uma data que serviu de mote ao Nosso Jornal para uma visita aos seus lugares recônditos, às salas onde milhares de livros seculares repousam, alguns à espera das mãos experientes que os devolverão a um estado de saúde adequado, outros, já de espírito renovado, aguardam pelo toque delicado dos leitores mais aficionados pela história, não só de Vila Real, mas de Portugal.

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No próximo dia 22, a Biblioteca Municipal de Vila Real completa 170 anos de existência, uma efeméride assinalada com uma exposição que faz chegar à população ‘um cheirinho’ dos sete séculos de livros que fazem parte do seu espólio.

“Esta exposição pretende mostrar ao público uma parte das importantes obras que temos vindo a restaurar”, explicou Vítor Nogueira, director da biblioteca.

Segundo o mesmo responsável, são às centenas os livros que já foram recuperados, higienizados e protegidos e que se encontram hoje em condições para uma consulta controlada por parte dos utentes da biblioteca.

No Serviço de Reserva da Biblioteca (que não está acessível de uma forma generalizada, só através de uma requisição própria que permite a consulta dentro do espaço da biblioteca) existem cerca de 20 mil obras, as mais antigas das quais datam do século XV. “Muitos estão já a ser catalogados e começam a ficar disponíveis”, explicou Vítor Nogueira, revelando que aquele serviço já conta com uma média de 100 utilizadores por mês.

Para além de todo o processo de recuperação das obras, que implica a higienização dos livros, recuperação de folhas danificadas e posterior embalamento apropriado, os livros permanecem guardados numa sala onde a humidade e a temperatura são controladas e registadas duas vezes por dia.

No arquivo, “todos os dias” encontram-se tesouros, livros muito importantes não só pela sua data de publicação, ou por serem primeiras edições de grandes escritores, mas por pormenores como uma dedicatória do autor ou um selo que revela a propriedade por parte de instituições ou particulares que já desapareceram. “Temos duas primeiras edições do Padre António Vieira”, referiu o director da biblioteca, revelando que os dois ‘tesouros’ têm proveniências distintas, uma das colecções pertenceu ao Convento de São Domingos (agora Conservatório Regional de Música) e a outra ao Convento de São Francisco (agora sede do comando distrital da Guarda Nacional Republicana). Aliás, foram das antigas bibliotecas destes dois conventos que saíram os mais antigos livros da do espólio vila-realense, sendo de recordar, inclusivamente, que o Convento de São Domingos foi a primeira morada da biblioteca municipal.

“Na década de 60, quando a biblioteca funcionava na Câmara Municipal de Vila Real, houve um incêndio e grande parte dos livros foram depositados numa espaço do Mercado Municipal, na altura ainda em obras”, revelou o director da biblioteca, recordando algumas das peripécias e desventuras de um espólio secular que, apenas de há três anos a esta parte, com a construção de um edifício de raiz, agora pode agora viver com as condições necessárias.

Se a Biblioteca Municipal completa 170 anos (tendo sido criada, pela Rainha D. Maria II, em 1839), o edifício que hoje a recebe também está prestes a cumprir mais um ano de existência, mais exactamente o terceiro.

“Nestes três anos foram investidos 250 mil euros na aquisição de novas obras”, contabilizou Vítor Nogueira, sublinhando que metade desse orçamento é garantido pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e o restante é assumido pela autarquia.

Até ao final de Setembro, a biblioteca contou mais de 52 mil utilizadores, mantendo assim os números do ano passado. No que diz respeito às publicações disponíveis são já mais de 80 mil, referiu o mesmo responsável.

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