Existem 22 círculos eleitorais: os 18 distritos portugueses; as duas regiões autónomas; e os círculos da Europa e fora da Europa. Cada um destes círculos elege um determinado número de deputados (do total de 230), que é calculado com base na distribuição dos eleitores pelas diferentes regiões, exceto nos círculos correspondentes aos eleitores residentes fora do território nacional, onde o número é previamente fixado por lei.
Devido aos movimentos populacionais que se têm verificado no nosso país ao longo das últimas décadas, especialmente do interior para o litoral, o número de eleitores que cada círculo elege tem sofrido várias alterações. Muitos círculos eleitorais, especialmente no interior do país, têm perdido deputados, em detrimento de círculos que se localizam sobretudo no litoral.
Desde que a Assembleia da República é composta por 230 deputados, ou seja, desde 1991, os círculos que mais peso ganharam no total de deputados eleitos foram a Madeira (+20%, de 5 para 6 deputados), Braga e Setúbal (+19%, de 16 para 19 deputados). Por outro lado, os círculos que perderam mais peso foram Portalegre (-33%, de 3 para 2 deputados) e Beja, Bragança, Évora e Guarda (-25%, de 4 para 3 deputados).
Das eleições legislativas de 2022 para as de 2024, há apenas um deputado que muda de círculo eleitoral. Viana do Castelo perde um deputado (passando de 6 para 5), que é transferido para o círculo de Setúbal (que sobe de 18 para 19).
Mas o dado mais curioso é verificar que todos os círculos eleitorais do interior do país, sem exceção, perderam deputados. Temos, por isso, uma Assembleia da República cada vez mais representativa do litoral do país e, em particular, dos grandes centros urbanos. Se juntarmos a este aspeto, o facto de os deputados eleitos no interior muitas vezes já residirem e terem vida profissional no litoral, reduz ainda mais a voz do interior na casa da democracia. Talvez valha a pena refletirmos sobre estes dados, antes de deixarmos o interior totalmente ao abandono.