Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
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Adegas satisfeitas, Casa do Douro acha que é pouco

O Comunicado de Vindima do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), para a colheita deste ano, foi recebido de forma diferente pelos agentes de Produção e Comércio da Região Demarcada do Douro. O fixar a produção de 125.000 pipas de vinho generoso representa um aumento de 1.500, em relação ao ano passado.   […]

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O Comunicado de Vindima do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), para a colheita deste ano, foi recebido de forma diferente pelos agentes de Produção e Comércio da Região Demarcada do Douro. O fixar a produção de 125.000 pipas de vinho generoso representa um aumento de 1.500, em relação ao ano passado.

 

O sector cooperativo deixa transparecer uma expectativa positiva e acredita, mesmo, que a tendência dos excedentes de Vinho do Porto, começa a inverter. Porém, a Casa do Douro não vê um “mar de rosas” nesta decisão do IVDP. A instituição duriense defende outros valores, com expressão no número de pipas a beneficiar e no seu preço. Pelo meio, novamente, o “estalar do verniz”, entre a Casa do Douro e o IVDP. Enquanto este organismo acusa a CD, publicamente, de recusar, durante quatro meses, os representantes da Produção, a agremiação que representa mais de quarenta mil viticultores defende-se: “Qual o interesse de nós darmos uma opinião que não é vinculativa?” – referiu a mesma fonte. “Então, nós vamos dar opiniões, fazermo-nos ouvir, propor documentos que podem ser essenciais para os agricultores, mas sem qualquer efeito vinculativo e estarmos sujeitos, sempre, à decisão final do Presidente do IVDP?” – foi outra interrogação levantada.

 

“Para este organismo, o número de 125.000 não é satisfatório” – Casa do Douro

 

A instituição defende que as decisões no órgão do Conselho Interprofissional deveriam ser adoptadas mediante uma votação por maioria e não, como agora está, personalizada” – sublinhou. Para este organismo, o número de 125.000 não é satisfatório, voltando a sublinhar que “não fomos tidos nem achados, sobre o Comunicado de Vindima. Para nós, as 129.000 pipas poderia ser uma quantidade que poderia beneficiar e repor algumas perdas, por parte dos agricultores do Douro. Eles têm vindo a perder, sempre, nos últimos anos, e agora poderia ser uma boa oportunidade para corrigir esta situação” – acrescentou.

Outro pormenor importante, para a CD, será um aumento do preço, por pipa, o qual poderia ir de dois a cinco por cento: “O que se passou foi um quantitativo matemático, atendendo ao aumento de área de vinha cultivada na Região Demarcada do Douro. Ou seja, houve aumento de benefício, mas também há mais vinha. Ou seja, o aumento dilui-se, nesta conjuntura”.

Um dos dirigentes da Adega Cooperativa de Murça, António Ribeiro, considera o Comunicado de Vindima do IVDP, em relação ao número de pipas a beneficiar, “razoável”, embora “expectante”.

“O número contribui para alterar uma tendência que se registava nos últimos anos e que diz respeito à subida dos excedentes de produção. O que é necessário, agora, é a estabilização, na região, em termos de área cultivada e de produção, mas sempre numa vertente qualitativa”.

Quem viu com bons olhos as 125.000 pipas aprovadas, foi a Associação de Exportadores de Vinho do Porto (AEVP): “Quantidade razoável que vai de encontro às pretensões da AEVP, assente na avaliação de stocks, nas empresas e na produção, e das vendas da última década.

 

 

“Acordo encontrado com os representantes do Comércio, Adegas Cooperativas e Produtores-Engarrafadores” – IVDP

 

Segundo o IVDP, a maior prioridade passou por assegurar um benefício de Vinho do Porto igual ao do ano passado, aos Produtores, e contrariar a descida de preços. Nesta proposta do IVDP, “está um acordo encontrado com os representantes do Comércio, Adegas Cooperativas e Produtores-Engarrafadores.

O Presidente da Unidouro, José Manuel Lopes, alinha pelo mesmo diapasão, mas com algumas reservas. À primeira vista, para este dirigente, o número pode representar a não existência de excedentes de vinho generoso, nos mercados. Porém, José Manuel Lopes tem uma observação curiosa: “ O número de pipas fixado só pode representar uma mais-valia, para os viticultores, se o Produtor-Lavrador o sentir, na sua carteira”. Na óptica deste dirigente, “há um aspecto que deverá ser esclarecido e que tem a ver com a forma como o dinheiro vai parar às mãos dos Agricultores”.

De referir que, este ano, já não há a chamada Conta-Produtor, já que o dinheiro que os Comerciantes têm de pagar aos Produtores serão depositados nos cofres da Direcção Geral de Tesouro. Por sua vez, o Presidente da Adega Cooperativa de Mesão Frio avança com algumas reservas, quanto ao quantitativo. “Se há, de facto, um aumento do número de pipas, este é pouco e temos de ter em conta que também houve aumento de área cultivada. Ou seja, julgo que o número deveria ser maior”.

De referir que, para este ano, a Produção na Região Demarcada do Douro aponta para uma redução de vinte a trinta por cento. Isto em termos de Vinho do Porto e de Mesa. Para esta situação, têm concorrido as condições climatéricas registadas em finais de Primavera e no início do Verão. O míldio pode explicar, em parte, alguma quebra, prevista na produção de vinho. Esta redução é mais sentida nos fundos dos vales e em zonas de menor exposição solar.

 

José Manuel Cardoso

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