A cumprir o terceiro mandato, Paulo Pereira, presidente da junta, não vê neste facto uma dificuldade. “Claro que gostaria de ter mais pessoas a residir por cá. Quando há um grande número de residentes, há outro tipo de iniciativas que podem ser organizadas, por exemplo. Mas não é uma desmotivação, muito pelo contrário”.
“O PODER ESTÁ TODO NOS MUNICÍPIOS”
De acordo com o autarca, “as reais dificuldades são transversais a todas as juntas, penso eu, como é exemplo a falta de verba disponível para obras de fundo que, muitas vezes, têm de ser financiadas pela câmara. A maior dificuldade acaba por ser essa, além da falta de autonomia, o estarmos dependentes dos municípios. Salvo raras exceções, penso que serão problemas que afetam a grande maioria das juntas”, frisou.
“O poder está todo nos municípios e eu defendo que as juntas deveriam poder tomar mais decisões. Vivemos perto das pessoas e sabemos melhor que ninguém quais são as suas reais necessidades, o que, muitas vezes, não é tomado em consideração. Isto é uma realidade”, reiterou Paulo Pereira.
“No nosso caso, não estamos só a falar de eleitores. São amigos, também. Existe muita proximidade. As pessoas contactam-me a qualquer hora e eu estou disponível para ajudar naquilo que posso e sei. Sabem onde bater à porta.
Porém, muitas vezes, sou obrigado a explicar-lhes que certo problema não é da minha competência, embora tente encaminhá-las da melhor forma”.
“As pessoas contactam-me a qualquer hora e eu estou disponível para ajudar naquilo que posso e sei”.
Neste momento, “uma das minhas maiores preocupações é o envelhecimento da população. Embora não me desmotive, custa-me trabalhar todos os dias para fazer infraestruturas e para oferecer tão boas condições como tem uma vila ou uma cidade, para, depois, perdermos população todos os anos. Estas pessoas não são, digamos assim, “substituídas” por jovens. Esta realidade acentuou-se muito na última década”, período em que a freguesia de Vilas Boas perdeu cerca de 16% da população residente, de acordo com os dados do INE.
“Ainda temos alguns jovens e algumas crianças, mas não são aqueles que deveríamos ter. Penso que no nosso concelho e nos concelhos vizinhos a realidade não é diferente da desta freguesia. Se os políticos tivessem efetivamente interesse, isto podia mudar. É preciso criar condições para que as pessoas que residem no litoral possam “povoar” o interior. Só assim se pode mudar o destino”, frisou.
Paulo Pereira está “completamente disponível, de braços abertos para acolher toda a gente que queira vir para a freguesia, jovens, menos jovens e reformados. Aqui temos qualidade de vida, tranquilidade e natureza”.