Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025
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“As pessoas só se lembram dos bombeiros quando precisam deles”

António Lourenço é, à data da nossa visita a Foz Côa, presidente dos bombeiros locais há cerca de 20 anos. Ao longo deste tempo, um dos grandes desafios foi “dar melhores condições” à corporação, conseguidas com um novo quartel, construído bem ao lado do antigo.

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A isto “junta-se a necessidade de ir renovando o parque automóvel”, frisa, salientando que “há 20 anos não tínhamos nenhuma viatura de desencarceramento. Era preciso recorrer a Moncorvo ou da Mêda, por serem as mais próximos”.

Em termos de combate a incêndios, “somos uma das associações que será contemplada com uma das 81 viaturas que o Estado tem para distribuir pelo país. Para já, isso está no papel. Vamos lá ver quando chega cá”.

Tudo isto, refere, “contribui para dar melhores condições aos nossos bombeiros”, mas “é tudo muito caro e, infelizmente, há muita gente que promete e não cumpre”. António Lourenço não esconde que “os apoios são poucos e muita gente só se lembra dos bombeiros quando precisa deles”, lamentando que “nem a câmara nos apoia”. E fala, por isso, de uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas sobre os apoios dados pelas autarquias às associações e que revelou que “em Portugal, a Câmara de Foz Côa está em primeiro lugar das que menos apoiam os bombeiros”.

“Lutamos diariamente para cumprir com a nossa missão e tentar não falhar à população”
António Lourenço – Ex-presidente*

Voltando “aos vizinhos”, o presidente da associação dá como exemplo a Câmara de Moncorvo que, “todos os anos, dá cerca de 150 mil euros aos bombeiros. Aqui, até para pagar às Equipas de Intervenção Permanente é difícil”, esclarece, revelando que “para nos pagarem temos que andar a mendigar”. Na sua opinião, “o Governo devia definir um valor fixo para as autarquias pagarem às associações”.

António Lourenço critica, também, as Equipas de Intervenção Permanente (EIP), pelo facto de “servirem para enganar o Zé Pagode”, lamentando que “aquilo que podia ser uma mais-valia, não o é”. Defende, ainda, que “se fixe um valor de apoio aos bombeiros porque cada câmara dá o que quer e não há quem fiscalize isso”.

Já para não falar dos atrasos dos pagamentos por parte das unidades de saúde. “Há uns anos, Foz Côa, em questões de saúde, estava ligada à ULS Nordeste, aquela que, no país, era a que pagava pior. Nunca sabíamos quando íamos receber, chegámos a receber em outubro os serviços de janeiro. No caso de Vila Real, a situação é idêntica, ao fazer pagamentos com um ano de atraso. Atualmente, as questões de saúde são com a Guarda, onde pagam a 60/90 dias”.

“Nós temos despesas fixas e quando não há apoios é difícil. O facto de estarmos num meio pequeno como este, sem tecido empresarial, agrava a situação. Não temos a quem recorrer e quem nos devia ajudar, não o faz”, salienta.

Apesar de tudo, “lutamos diariamente para cumprir com a nossa missão e tentar não falhar à população”, conclui.

 

*Esta reportagem foi realizada antes da tomada de posse (final de julho) dos novos órgãos sociais. 


Pode consultar o suplemento dedicado aos bombeiros AQUI

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