Os autarcas do sul do distrito de Bragança estiveram reunidos com a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE), onde foi discutido o encerramento temporário do serviço de cirurgia de urgência do hospital de Mirandela.
No final da reunião, Júlia Rodrigues, presidente da Câmara de Mirandela, referiu aos jornalistas que ficaram “cientes das dificuldades, mas não tranquilos e muito preocupados” com este serviço. “Não tivemos garantias reais sobre a reabertura do serviço. Tivemos o compromisso que, logo que se desbloqueie a questão da classe médica se possa reabrir a urgência médico-cirúrgica. Acreditamos que isso venha a acontecer”.
“Não tivemos garantias reais sobre a reabertura do serviço”
JÚLIA RODRIGUES, Presidente CM Mirandela
Recorde-se que o serviço de urgência cirúrgica está encerrado por falta de cirurgiões, desde 8 de outubro.
À saída, e em passo apressado, Carlos Vaz, presidente do Conselho de Administração da ULS Nordeste, limitou-se primeiro a dizer que seria Júlia Rodrigues a falar aos jornalistas. No entanto, quando questionado sobre o futuro do serviço, acabou por referir que “quando houver condições, será reaberto”.
Para que isso seja possível, será necessário contratar mais médicos. “Aquilo que nos foi dito é que, para já, todos os cirurgiões que estavam afetos a Mirandela foram deslocados para Bragança. E que quando conseguirem reter mais cirurgiões, obviamente assegurarão a reabertura”, declarou Júlia Rodrigues, admitindo que a administração “não sabe quando o serviço vai reabrir”.
Apesar da incerteza que paira e o risco de o serviço não voltar a abrir, a presidente da câmara afirmou que os autarcas “vão continuar a reivindicar” pela reabertura cirurgia de urgência.
FREIXO DE ESPADA À CINTA
Na reunião, que decorreu na Câmara de Mirandela, estiveram também os autarcas dos concelhos de Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Macedo de Cavaleiros.
‘”Os autarcas vão trabalhar em conjunto para que a reabertura seja uma realidade e não uma utopia”
NUNO FERREIRA – Presidente CM Freixo de Espada à Cinta
Freixo de Espada à Cinta é o concelho que fica mais distante de todos os hospitais da região, pelo que o presidente da câmara, Nuno Ferreira, mostrou-se “preocupado” com esta situação. “O hospital de Mirandela é que o fica mais perto, a 1 hora e 10 minutos. Bragança ou Vila Real ficam a 1h45 e 2 horas de distância. Vejo esta situação com alguma preocupação, mas também tenho esperança”, garantindo que os autarcas “vão trabalhar em conjunto para que a reabertura seja uma realidade e não uma utopia. Estamos do mesmo lado para evitar este encerramento”.
TORRE DE MONCORVO
Também para Torre de Moncorvo, o hospital mirandelense é o que fica mais perto, a cerca de uma hora de distância.
“Exigimos que o conselho de administração olhe para este território (Mirandela) como aquele que tem a melhor centralidade”
NUNO GONÇALVES – Presidente CM Torre de Moncorvo
Nuno Gonçalves, presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, afirmou que “os autarcas estão sempre presentes para resolver os problemas das populações, já que é para isso que são eleitos. Quero referir isto porque nem todos são eleitos. Pelo que queremos uma solução para este encerramento. Sabemos que a solução não é imediata, mas todos os autarcas têm medidas próprias, como o pagamento de rendas de casa aos clínicos que queiram vir para o Nordeste, mas também exigimos que o conselho de administração olhe para este território (Mirandela) como aquele que tem a melhor centralidade”.
Defendeu ainda uma solução que defenda os utentes. “Ter um médico em Bragança e outro em Mirandela é o mesmo que nada. Agora, o que deixa de ser razoável é não haver ainda uma proposta para resolver este problema”.
O próximo passo dos autarcas é reunir com a Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde e com o Ministério da Saúde. [/block]