A revolta dos moradores levou-os a constituir uma Comissão, agregando à sua volta autarcas e docentes da Universidade de Trás-os- -Montes e Alto Douro, UTAD. Ao fim destes 3 anos, junto dos que deram a cara pelas reivindicações, existe um sentimento de que valeu a pena lutar, como é caso de Rui Cortes, docente da UTAD e uma das vozes que mais se fez ouvir. “Não foi uma luta perdida. A auto-estrada iria passar no meio de Parada de Cunhos e tal não sucedeu, poupando-se assim uma freguesia. Por outro lado, em Folhadela, o viaduto iria ser construído junto à aldeia, mas nós conseguimos desviar cem metros do eixo da via, minorando-se localmente o impacto. De uma forma global, podemos dizer que foi uma causa perdida em termos ambientais, mas, nas componentes sociais e humanas, conseguimos minorar os efeitos, havendo menos perturbações”, concluiu.
Rui Cortes lembrou que foi uma luta desigual. “Do nosso lado não tivemos as principais forças políticas, nem grandes apoios, ao contrário do que aconteceu no IP2, no vale do Pocinho (Foz Côa), onde a paisagem vinhateira foi protegida, por influência de vários partidos, associações, autarcas e dos próprios agricultores”. Este investigador da UTAD aproveitou para renovar críticas às opções do traçado da futura Auto-estrada transmontana. “É uma obra extremamente cara. Só o viaduto entre Parada de Cunhos e Folhadela representa um quarto do custo total do empreendimento até Bragança. Em termos de impacto ambiental seria necessário uma outra alternativa, já que este traçado não cumpre as medidas de impacto ambiental e a zona vai ficar totalmente destruída, apesar de ter sido adoptada a opção mais cara”.
De referir que, o tipo de perfil transversal adoptado para a Auto-estrada Transmontana contempla uma largura de 25 metros, englobando duas faixas de rodagem com duas vias de tráfego cada; duas faixas de rodagem com 7 metros de largura, com duas vias de 3,5m cada; um separador central de 3 metros de largura, em terra vegetal, no qual serão implantadas duas guardas de segurança. O investimento total na concessão da Auto-Estrada Transmontana, que ligará Vila Real a Bragança, rondará os 800 milhões de euros.
A Auto-estrada Transmontana (IP4) beneficiará directamente cerca de 250 mil portugueses residentes nos concelhos de Amarante, Mondim de Basto, Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança. Ao longo de 130 km de extensão, a Auto-estrada Transmontana ligará Vila Real a Bragança, representando um investimento de 500 milhões de euros, com co‐financiamento FEDER de 228 milhões de euros. Esta via entrará em funcionamento em 2011.
O Governo acredita que o lanço Vila Real – Bragança vai contribuir para a redução da sinistralidade verificada (estima-se uma redução de cerca de 23 por cento na taxa de mortos e feridos graves), além de uma diminuição de aproximadamente 40 por cento no tempo de percurso entre as duas capitais de distrito, e um aumento de 57 por cento da velocidade média nesse percurso.