A criação de um centro de produção, exportação e certificação de produtos kosher, produtos que preenchem os requisitos da dieta judaica e fabricados de acordo com as normas da comunidade judaica, foi um dos desafios lançados a Bragança no decorrer do Fórum Económico Sefardita, que aconteceu esta sexta feira na cidade, integrado no congresso internacional Terra(s) de Sefarad.
“É um desafio que se coloca há alguns anos e Bragança tem grande potencial a esse nível, até por força de algumas estruturas já existentes no território, como parques de ciência e tecnologia”, referiu Rui Costa, da direção da Rede de Judiarias de Portugal, em resposta ao desafio deixado por António Caria Mendes, da Associação de Amizade Portugal Israel. Segundo este último, a ligação entre o religioso e o profano que os produtos kosher comporta, uma vez que, apesar do aspeto religioso, a venda destes produtos no mundo já é maioritariamente para não judeus, “poderia ser despoletada em Bragança, terra de judeus e onde poderia ser criado um centro de certificação da marca kosher, nomeadamente com produtos como castanha, batata, azeite, entre outros”. “A produção e o consumo de produtos kosher no mundo tem vindo a aumentar brutalmente, pois são bons, são úteis para a sociedade e saúde pública”, acrescentou António Caria Mendes.
Para Rui Costa, é fundamental compreender que o mercado está verdadeiramente a olhar para os produtos kosher como produtos que transmitem ao consumidor segurança, confiança e fiabilidade e qualidade, sendo um mercado muito global. “Trás-os-Montes, enquanto produtor de qualidade de alguns produtos muito específicos, como a castanha, batata, vinho, azeite, poderá ter muito a ganhar com isso e o desenvolvimento económico, às vezes, faz-se de pequenas coisas como a certificação”, acrescentou.
Avraham Elbaz, Rabi Da Comunidade Judaica de Belmonte, lembrou que existe “pouco entendimento sobre como fazer um produto kosher”, adiantando que é preciso ser certificado, mas “é um investimento que vale a pena, e Portugal poderia produzir e até exportar, uma vez que o consumo destes produtos tem crescido, sendo a sua aquisição no país concretizada através da importação”. “É um debate que se impõe e não se pode ficar apenas pelo romantismo”, concluiu.
Os produtos kosher obedecem a regras de fabrico rigorosas, de acordo com as normas da comunidade judaica. Todo o processo deve cumprir os requisitos da sua dieta específica.