Apesar de confiantes na resposta dos eleitores nas próximas eleições autárquicas e satisfeitos com o “entusiasmo” revelado pelos militantes no processo de preparação das listas, a Coligação Democrática Unitária (CDU) lamenta que “35 anos depois do 25 de Abril ainda existam perseguições políticas”.
Paulo Figueiredo, da CDU, relatou, no dia 21, aquando da apresentação da lista completa do partido à Câmara Municipal de Vila Real nas próximas eleições autárquicas, casos em que o “medo de represálias” profissionais limitou a opção de algumas pessoas no que diz respeito à sua participação enquanto candidatos pela CDU.
“Numa freguesia tivemos um indivíduo que não entrou na lista porque tinha a promessa de um emprego na autarquia para o filho”, explicou o mesmo responsável político, revelando o caso, ainda mais grave, de um funcionário da Câmara Municipal que, depois de entregar a documentação para integrar a lista da CDU, “sofreu, no dia seguinte, uma ameaça de despedimento”.
Classificando as pressões como lamentáveis, “sobretudo quando partem da Câmara Municipal”, Paulo Figueiredo deixou claro que o partido não se deixará intimidar, pelo contrário, está “confiante” tendo em conta o aumento do número de simpatizantes e a “forte participação e entusiasmo” revelado ao nível das freguesias.
“Temos todas as condições para reforçar os resultados da CDU nas próximas autárquicas”, considerou o comunista, sublinhando que nestas autárquicas o partido estará representado no concelho de Vila Real em 15 Freguesias, ou seja, mais uma que no sufrágio de 2005.
As listas nas freguesias de Abaças, Adoufe, Andrães, Borbela, Ermida, Folhadela, Guiães, Lordelo, Mateus, Mouções, Nossa Senhora da Conceição, Parada de Cunhos, Vila Marim, São Dinis e São Pedro “estão asseguradas”, no entanto o partido poderá apresentar-se ainda em mais uma ou duas Juntas.
No que diz respeito à autarquia, pela equipa da CDU alinham, respectivamente, José Caldeira, Ana Paula Simões, Paulo Vaz de Carvalho, Frederico Neves, Clarisse Casais, Paulo Figueiredo, Carlos Alves, Maria Isabel Martins, Fernando Lapa, José Manuel Costa, Maria Figueiredo, António Gomes e Carlos Chilão.
Para a Assembleia Municipal, Júlia Violante lidera uma lista que será desvendada na totalidade apenas no início de Setembro, altura em que serão ainda apresentados os candidatos às freguesias.
“A candidatura da CDU aos órgãos autárquicos do concelho de Vila Real reafirma o seu projecto de gestão e intervenção autárquica centrado no trabalho, na honestidade e na competência”, garantiu José Caldeira.
Lembrando a “intervenção abnegada” do partido em várias temáticas, como por exemplo “a tomada de posição contra injustiças fiscais, a oposição decidida à Carta Educativa Concelhia, a defesa intransigente dos sectores produtivos do concelho”, entre muitos outros, o candidato explica que a CDU assumiu, ao longo do último mandato, “um forte posicionamento crítico em relação ao PSD e à sua gestão municipal na capital de distrito”.
José Caldeira acredita que a autarquia tem sido, por exemplo, incapaz de “realizar uma política eficaz na melhoria da qualidade de vidas das populações de muitas freguesias rurais”, assim como tem revelado “falta de organização ao nível do planeamento e de autoridade política na resolução de alguns problemas surgidos com obras paradas há muitos anos”.
Mas, a crítica dos comunistas vai também para o Partido Socialista que, apesar de se “apresentar, sistematicamente, como alternativa, não consegue disfarçar a sua política de absoluta conivência com a gestão PSD”.
O programa eleitoral da CDU vai ser apresentando em Setembro. Entretanto, já amanhã, o partido volta a reunir-se em Vila Real, pelas 20h00, para a apresentação da lista completa à Assembleia da República, um encontro que vai contar com a participação de Bernardino Soares, presidente do Grupo Parlamentar do PCP.