“Admito que até final de 2024 vamos ainda viver muitas dificuldades porque o tema é saber se os que vamos recrutar conseguem compensar o número muito significativo de médicos que atingem a idade da reforma”, disse Manuel Pizarro.
Em declarações aos jornalistas, no Porto, onde decorre o 2.º Simpósio da Organização Mundial de Saúde (OMS) dedicado ao futuro digital, Manuel Pizarro foi confrontado com números avançados pela Associação dos Médicos de Saúde Familiar, segundo os quais a reforma eminente de mais 400 médicos de família pode significar que mais 700 mil utentes ficarão sem médico de família.
“As dificuldades que temos tido em assegurar cobertura plena nos cuidados de saúde primários tem a ver com o facto de estes anos, algures entre 2020 e o final de 2024, são os anos em que se vão reformar os grandes cursos médicos da segunda metade da década de 70”, explicou o ministro.
Falando em “fosso geracional”, Manuel Pizarro acrescentou que hoje estão a ser formados os profissionais necessários, mas admitiu que as dificuldades se manterão. “Começamos tarde demais a fazê-lo e não conseguimos essa compensação”, resumiu.
Quanto a concursos, Pizarro recordou que em maio deste ano, no concurso para jovens especialistas de medicina geral e familiar foram recrutados 314 especialistas, o que significa “um pouco mais de 90% dos que tinham acabado a especialidade no final de 2022”.
Em novembro, para o mesmo efeito, será lançado um novo concurso mas de dimensão inferior. E em 2024 um terceiro para médicos que acabarem a formação no próximo ano.
“É algo com que temos de lidar. Combinamos a medida do encorajamento ao recrutamento com a medida da generalização das unidades de saúde familiar com remuneração associada ao desempenho. Uma das componentes associada ao desempenho é o alargamento da lista de utentes”, afirmou.