“Fomos adiando a entronização, até porque tivemos a pandemia pelo meio”, revela o grão-mestre António Silva, explicando que “um capítulo de entronização é o momento alto de qualquer confraria.
Questionado sobre o que é preciso para fazer parte da confraria, o grão-mestre conta que “o único critério que temos é a pessoa mostrar vontade em pertencer a esta família e de promover a nossa causa. No fundo, têm que ser amantes de javali”.
“As pessoas demonstram vontade de pertencer à Confraria e o seu nome é levado a votação. Após serem aceites são chamados de noviços e só no dia da entronização, quando são trajados, passam a ser confrades”, explica.
É isto que vai acontecer no próximo domingo, dia 28, numa cerimónia inserida na programação da XXVI Feira da Caça e Turismo, em Macedo de Cavaleiros.
Ao todo, “vão ser entronizados seis novos confrades”, indica António Silva, admitindo que “não houve ninguém que não fosse aceite. Para promover a nossa região, quantos mais, melhor”.
Criada em 2012, a Confraria do Javali nasceu com o propósito de “promover uma iguaria que estava limitada à nossa região e que hoje é reconhecida como uma iguaria inigualável”.
E ao longo destes anos as mudanças são notórias. “Até há bem pouco tempo, era impensável fazer arroz de cabidela de javali, croquetes de javali, rissóis de javali, feijoada de javali ou pudim de javali. Um dos noviços que será entronizado é, por exemplo, um especialista em confecionar francesinha de javali”, confessa o grão-mestre, salientando que “há escolhas dos doces aos salgados”.
António Silva aproveita para lembrar que “comer javali é comer uma carne saudável a nível nutricional. É uma carne de caça de excelência”.
“FALTAM MULHERES”
A Confraria começou com nove confrades, “um grupo de amigos que degustava javali em pequenas tertúlias”, recorda António Silva, indicando que “os confrades não são só de Macedo de Cavaleiros. Este ano, por exemplo, vamos entronizar um de Bragança”.
Contudo, “ainda não temos nenhuma mulher na confraria, mas estamos ansiosos para tal. Estamos recetivos para isso e elas fazem falta. Penso que só vai custar a vir a primeira”, admite o grão-mestre.
Ainda sobre a cerimónia de entronização, agendada para as 11h30, arranca com um porto de honra junto à antiga estação ferroviária. “Depois, quando estiverem presentes todos os confrades, seguimos em arruada para o recinto da Feira da Caça e Turismo”.
Além da entronização, a Confraria vai aproveitar o momento para “homenagear uma instituição de Macedo de Cavaleiros que tem contribuído para a preservação do javali e o seu habitat, à semelhança daquilo que já fizemos no passado, com a GNR”, adianta António Silva, que prefere não revelar qual a instituição em causa, deixando a curiosidade no ar.