Nesta manhã estive na terra que vive do vinho, de tarde estou convosco, terra de montanha e de emigrantes. É o cenário do Evangelho do dia.
Com estas palavras introduziu o senhor Bispo a celebração do dia na tarde do Domingo em Afonsim.
É uma paróquia da montanha, no planalto frio do concelho de Vila Pouca de Aguiar, na margem esquerda da parte final da A7 que cruza com a A24 que sobe para Chaves. Terra de criação de gado e batata tem uma população reduzida, 120 famílias com 250 residentes e muitos emigrantes. Nos últimos seis anos houve 20 baptismos, 34 óbitos e 10 casamentos. Já não há ali escola primária. A prática dominical é elevada, mas a catequese vai somente até ao sexto volume do Catecismo.
A igreja é um prédio monumental dedicado à Senhora da Assunção e que o povo gosta de aproximar das igrejas do Salvador, Ribeira de Pena, e do Bilhó, Mondim de Basto, mas sem a talha interior que adorna estas duas últimas, atribuindo a sua construção ao mesmo benfeitor que enriquecera em terras do Brasil no período do ouro. O largo fronteiriço à igreja foi recentemente melhorado e nele construída a sede da Junta.
No centro da aldeia, ainda se levantam velhas casas senhoriais que parecem ser a célula geradora da freguesia, havendo um lugar com o nome de Reguengo.
Os fiéis receberam o senhor Bispo com o brio da gente da serra, congregando os moradores habituais e alguns que, por casamento, se deslocaram para aldeias vizinhas.
Na homilia, o prelado falou do Evangelho do dia, sublinhando que o pastor da Palestina vai à frente do rebanho, e não atrás, pelo que as ovelhas devem ouvir a voz e segui-lo com esforço pessoal. Este pastor que é Jesus é, portanto, um pastor que fala, e esse é o primeiro alimento do rebanho. Esse rebanho é aberto a todos os povos, inclui todas as tribos, as raças e línguas, não havendo racismo no seu interior, e tem um destino eterno, a glória dos eleitos em volta do Pastor que é também o Cordeiro. A doença que hoje ameaça alguns cristãos é a pretensão de serem ovelhas por sua conta, «sem ouvirem a voz do pastor e sem coragem para seguirem os seus passos».
Dado o grande número de emigrantes saídos da paróquia, falou no final da Missa da experiência de muitos deles e da «necessidade de ser corajoso para vencer o nevoeiro do laicismo que enche os montes da cultura actual». Esse nevoeiro tapa os horizontes, não deixa ver longe, como sabeis por experiência e infiltra-se subtilmente nas crianças através de passatempos televisivos. Andai atentos».
Ao lado da igreja está a velha casa paroquial, reduzida a um extenso salão e cujo telhado fora renovado pelo pároco anterior. Aí foi servido familiarmente aos jovens crismados e outros fiéis empenhados na paróquia um lanche generoso.
A visita foi preparada pelo P. Álvaro Cunha, dos padres vicentinos.
Crismaram-se 15 jovens, quase todos estudantes.
É pároco o P. Domingos Barrias, a residir em Telões.