O tempo instável poderá ter afastado os adeptos do futebol de mais um jogo que colocou, frente-a-frente, o Vila Real e o Amarante que precisam de somar pontos, para sair dos lugares incómodos da tabela classificativa. Foi mais forte a equipa visitante que, esta época, ainda não tinha conseguido conquistar qualquer ponto fora do seu reduto. Veio a Vila Real vencer os locais, por três golos contra, apenas, um, da equipa da casa. Com a paragem no campeonato, houve dois atletas que acabaram por sair do plantel, foram eles Amarildo e Daniel, o que dificulta, cada vez mais, a tarefa do técnico Luís Pimentel, em escalar a equipa. Mais uma vez, ficou evidente a falta de soluções no ataque “alvi-negro”, apesar do jovem Ivan se ter esforçado, mas os centrais forasteiros não tiveram grandes dificuldades em travar as investidas dos atacantes da casa.
Num jogo com duas partes distintas, em que houve mais emoção e velocidade no decorrer da primeira parte, o Amarante foi mais eficaz e acabou por levar de vencida uma equipa vila-realense que procura melhores dias. Aliás, foram os forasteiros os mais atrevidos e que começaram logo a criar perigo, no início da partida. Não admirou que, decorridos apenas 10 minutos, já vencessem, por um a zero, através de um lance em que a defesa da casa ficou especada, a ver o adversário jogar. A bola foi lançada para a esquerda, onde apareceu Catarino, com muito espaço, a ultrapassar Sandro, com facilidade, e, perante a saída de Vieira, o número 99 colocou a bola no fundo das redes. Galvanizados com o golo, dois minutos volvidos, poderiam ter ampliado a vantagem. Mas Vieira interpôs-se, com categoria, ao remate do avançado amarantino, desviando-o, pela linha de fundo.
Algo surpreendido com o bom início de jogo do seu adversário, o Vila Real conseguiu equilibrar e, aos vinte minutos, Ernesto colocou à prova os reflexos de Vítor Bruno. Na marcação de um livre, a bola foi colocada ao ângulo, mas o guarda-redes ‘voou’ e desviou, pela linha de fundo. Na marcação do pontapé de canto, a bola foi levantada para a área, aparecendo o jovem Ivan, muito oportuno, a rematar, para o empate. Era o melhor período dos transmontanos, com Ivan a demonstrar irreverência, no ataque, ainda a chegar atrasado, noutro lance, ao bom cruzamento, da direita, de Celestino. A resposta do Amarante surgiu, no minuto seguinte. A bola foi colocada ao primeiro poste, onde Miguel Ângelo cabeceou, ao lado. Estava dado o aviso. O avançado forasteiro iria conseguir marcar o segundo golo, decorria o minuto 37, numa grande jogada individual de Miguel Ângelo que tirou Palmeira da jogada, levantando a bola sobre este, enchendo o pé para um grande golo do avançado visitante. Vieira nada poderia fazer, dada a velocidade do remate do número 10 amarantino.
Foi o melhor período do jogo, em que ambas as equipas procuravam as balizas e os golos. Aos 40 minutos, Armindo abriu para a direita, Celestino ultrapassou vários defesas e rematou, para a defesa difícil, mas eficaz, de Vítor Bruno. Também o Amarante criou perigo e poderia, mesmo, ter ampliado a vantagem. Mais uma vez, por Miguel Ângelo, a ficar isolado perante Vieira que saiu dos postes, para negar o golo ao veloz avançado.
O intervalo chegou e Luís Pimentel, insatisfeito com a prestação da sua equipa, colocou Zeferino e Ruben, nos lugares de Palmeira e Kala. Precisava de fazer qualquer coisa para mudar o rumo dos acontecimentos. Mas, no segundo tempo, apesar do maior domínio evidenciado pelos homens da casa, não conseguiram desmontar a teia defensiva montada pelo técnico Moura da Costa. Sempre muito fortes, no um para um, chegando, sempre, primeiro, à bola, foram raras as oportunidades de golo, criadas pelos visitados. Apenas, por duas vezes, conseguiram criar perigo, junto da baliza de Vítor Bruno. Primeiro, foi a vez de Zeferino colocar a bola, na área, para a entrada de Ivan que saltou, entre os centrais, mas a bola não levou o destino mais eficaz, acabando por sair ao lado. Depois, foi a vez de Armindo abrir, na esquerda, para a entrada de Luís Alves, mas este acabou por chegar atrasado e o guarda-redes forasteiro saiu da baliza e tirou a bola da zona perigosa.
Perto do final e já com o Vila Real descrente na viragem do resultado, o Amarante colocou um ponto final, quanto ao vencedor do encontro. Vieira repôs a bola em jogo, o meio-campo amarantino ganhou mais um lance, colocou, rapidamente, em Moura que, perante a saída do jovem guarda-redes vila-realense, não teve dificuldade em atirar, para o fundo da baliza. Com este golo, as esperanças transmontanas em chegar ao empate caíram por terra. O Amarante venceu, pela primeira vez, fora do seu reduto, com todo o mérito. E o Vila Real continua sem vencer em casa. As preocupações com os resultados negativos começam a pesar para os lados do Monte da Forca.
A equipa de arbitragem, vinda da Ilha da Madeira, teve uma prestação fraca. O árbitro e os fiscais de linha tiveram demasiados lapsos, no juízo de alguns lances. Aliás, saíram do campo debaixo de um coro de protestos, por parte dos adeptos vila-realenses que não gostaram nada da actuação dos madeirenses.
Márcia Fernandes
luís pimentel
(treinador do vila real)
“À procura de soluções”
À espera de poder contornar este ciclo menos positivo, o treinador vila-realense reconheceu ter sido o Amarante a equipa mais forte:
“A este nível, não se pode consentir dois golos, com duas perdas de bola, a meio-campo. Isso acontece em jogos de Iniciados. Quando estávamos a fazer o melhor período do jogo e marcámos o golo do empate, poderíamos ter chegado à vantagem, mas não conseguimos materializar algumas oportunidades criadas. Pouco depois, sofremos o segundo golo, o que foi um duro revés, para a equipa. Na segunda parte, tentámos rectificar, com as alterações operadas, mas não tivemos grandes argumentos, perante um Amarante mais forte. Também a equipa de arbitragem não esteve nada bem, com inúmeros erros que cometeu e acabou por ajudar o adversário. Ficaram, mais um vez, evidenciadas algumas lacunas e limitações que temos, no plantel. Vários jogadores só têm treinado uma vez por semana e isso reflecte-se, em alguns atletas. Mas, como o plantel é muito reduzido, temos que colocar em campo jogadores que não estão nas melhores condições físicas. Temos vários jogadores com alguns problemas, nesse capítulo, e isso foi decisivo, no meio-campo, onde o Amarante mostrou superioridade. A equipa tentou, lutou, mas não teve capacidade para fazer mais do que isso. Tenho que reconhecer que o Amarante foi mais forte”.
Luís Pimentel reconhece que, com a saída de dois atletas do plantel, a situação está mais complicada e que as soluções tardam em ser encontradas.
“Com a saída de Amarildo e Daniel, teremos que encontrar soluções para a equipa. Devemos procurar jogadores mais experientes e com mais qualidade, para dar outra capacidade e estrutura à equipa que tem um campeonato muito difícil à sua frente. Temos que contornar este ciclo menos positivo que a formação atravessa e ganhar jogos, para subir na classificação”.
moura da costa
(treinador do amarante)
“Desejo felicidades
ao Vila Real”
Naturalmente mais satisfeito do que o treinador vila-realense, estava o técnico amarantino, pelo resultado e pela exibição da sua equipa:
“Os três pontos eram aquilo que ambicionávamos. Acho que fizemos uma grande partida. Entregámo-nos ao jogo, com grande humildade, e a vitória acaba por ser justa. Sabíamos que íamos ter muitas dificuldades, para segurar a vantagem, no segundo tempo, mas fechámos bem os caminhos da nossa baliza e o Vila Real acabou por não conseguir criar grandes lances de golo. Houve uma altura em que a nossa frescura física já não era a melhor. Mesmo assim, acreditámos que poderíamos sair daqui com os três pontos. Quando alcançámos o terceiro golo, ficámos mais serenos e sabíamos que a vitória já não nos fugiria. O Amarante está de parabéns pelo resultado e pela exibição que produziu. Desejo, também, as maiores felicidades ao Vila Real”.
Depois de um arranque de época fraco, o Amarante tem vindo a melhorar, de jogo para jogo. O seu técnico diz que é fruto do trabalho da equipa.
“Este grupo está a trabalhar bem e a assimilar as ideias que lhes tento incutir. Assim, as vitórias acabam por aparecer, como a que hoje aqui alcançámos”.