A EMAR promoveu um seminário, no qual foram debatidas as soluções existentes na gestão dos resíduos. Na plateia, o Nosso Jornal foi encontrar três jovens recém- -licenciados que estão a preparar, exactamente, uma nova solução para a reciclagem dos resíduos de construção e demolição. É a primeira empresa do género, na região norte, e a primeira, a nível nacional, a apostar na produção do “geo-betão”.
As expectativas passam pela recepção de cerca de 130 toneladas diárias de resíduos de construção e demolição que serão triados e transformados em materiais que voltarão a ser utilizados, na construção civil. Esse é o objectivo da empresa que, dentro de um ano, irá nascer, em Vila Real, conforme confirmaram os mentores da ideia, à margem do seminário “Gestão de resíduos – que soluções?”, organizado pela Empresa Municipal de Vila Real (EMAR), no dia 21.
Luís Reis, Sofia Neto e Patrique Alves são os três jovens recém-licenciados pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) que vão apostar na criação de uma empresa de reciclagem de inertes, a primeira da Região Norte.
“Ainda estamos a estudar a localização mais vantajosa para a empresa, mas todos os Municípios com que contactámos se mostraram receptivos”, sublinhou Luís Reis, adiantando que o projecto deverá estar no terreno, no máximo, dentro de um ano.
Com um investimento que vai rondar entre 500 e 800 mil euros, os estudantes vão cria, na região, a primeira solução para o tratamento adequado dos resíduos das obras que, actualmente, são direccionadas para aterros indiferenciados, isso quando não são despejados em lixeiras ilegais, já consideradas como um dos principais problemas ambientais da região duriense.
“Esperamos receber cerca de 130 toneladas de resíduos, por dia. No entanto, esse valor vai depender da implementação dos Regulamentos Municipais que vão estabelecer a obrigatoriedade, aos construtores, do tratamento mais adequado aos seus resíduos, ressalvou Sofia Neto explicando que, por exemplo, em Chaves, essas regras já foram criadas.
Para além de produzir materiais como areais e britas, a preços competitivos, a futura empresa de reciclagem vai apostar na criação de um produto completamente inovador, em Portugal, o geo-betão, ou seja, um cimento produzido a partir dos resíduos de construção e demolição.
“Estamos a trabalhar em parceria com a UTAD que tem vindo a testar o geo-betão, um produto com qualidade superior à do cimento normal”, adiantou Luís Reis, referindo que o projecto está a ser apoiado pelo Gabinete de Apoio à Propriedade Industrial e pelos docentes Teixeira Pinto e Alcides Peres.
Actualmente, os resíduos da Construção Civil têm sido direccionados para o aterro municipal do Alto Tâmega, onde os empresários têm que pagar cerca de 50 euros, por tonelada, custos que levam muitos construtores a optar pela via menos correcta: o despejo, em lixeiras ilegais.
Miguel Esteves, Presidente da EMAR, lembrou que, há cerca de dois anos, foi apresentado, ao Ministério do Ambiente, o projecto para o licenciamento da transformação da pedreira de Parada de Cunhos num depósito de inertes. No entanto, o Governo ainda não se pronunciou.
“Não é compreensível que um processo de licenciamento destes demore mais de dois anos a ser aprovado”, criticou o Vereador.
No âmbito do seminário, o mesmo responsável adiantou que está ainda a ser elaborado um estudo, em parceria com a UTAD, que tem como objectivo analisar um conjunto de indicadores da recolha dos resíduos sólidos urbanos de Vila Real, de modo a que se consiga uma gestão cada vez mais eficaz do sistema.
Maria Meireles