Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025
No menu items!

Douro com menos produção e vindimas tardias

Um Junho com alguma chuva, nevoeiro e com temperaturas baixas foi a principal causa para uma redução de 13%, em média, na colheita deste ano, no Douro. Esta atipicidade climatérica provocou também o atraso que varia entre os 7 a 10 dias no início das vindimas deste ano. Ou seja, prevê–se uma produção que poderá […]

-PUB-

Um Junho com alguma chuva, nevoeiro e com temperaturas baixas foi a principal causa para uma redução de 13%, em média, na colheita deste ano, no Douro. Esta atipicidade climatérica provocou também o atraso que varia entre os 7 a 10 dias no início das vindimas deste ano. Ou seja, prevê–se uma produção que poderá rondar as 220 mil pipas, havendo colheitas que se vão prolongar quase até ao final do mês de Outubro. O Cima e o Baixo Corgo são as zonas da Região Demarcada do Douro em que esta situação é mais sentida.

A Associação do Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) avançou, publicamente, com dados que apontam, para a vindima de 2008, uma quebra de produção, em relação à estimativa apresentada em 2007, na ordem dos 13%. Ainda segundo o mesmo organismo duriense, a “grande irregularidade das condições meteorológicas, quer a nível da precipitação quer das temperaturas registadas durante o ciclo vegetativo” acabaram por concorrer para este cenário, factores que propiciaram a ocorrência de doenças como o oídio e o míldio e a propagação de pragas, nomeadamente a “traça da uva” e a “cigarrinha verde”. Porém, os lavradores, dirigentes cooperativos, enólogos e outros agentes ligados ao sector do vinho consideram que a qualidade da produção deste ano será óptima e mesmo a ocorrência da redução não os preocupa, na generalidade, considerando que tal realidade poderá escoar “stocks” de vinho armazenados de outras colheitas, ainda por vender.

O Presidente da Adega Cooperativa de Vila Real, Jaime Borges, reconhece “um atraso na colheita que anda a rondar os 12 dias, em relação ao ano passado. O estado de maturação, este ano, é tardio. Isto sabemos nós, pois fazemos a apreciação de oito em oito dias e, na última, já nos aparece com uma diferença de nove dias, em relação ao mesmo dia do ano anterior. Vamos abrir a adega, a vindima será no próximo dia 25, no ano passado tínhamos aberto a 17, isto tudo provocado pelo atraso de maturação que se tem verificado, não só na zona da área da nossa influência como em toda a região do Douro. As castas com mais atraso de maturação são a Tinta Roriz e a Tinta Barroca”.

Este dirigente aponta a irregularidade climatérica do mês de Junho como principal causa.

“Foi muito irregular, muito húmido, com alguma chuva e com temperaturas também baixas, factos que provocaram este atraso de maturação. Em princípio, não terá efeito na qualidade. Temos feito acompanhamento e só começamos as vindimas numa época que entendemos que vai ser a propícia para que não seja afectada a qualidade, motivo porque damos mais dias. Os vinhos, para serem bons, têm que nascer bons, não são feitos”.

Jaime Borges confirmou uma colheita inferior à do ano passado.

“A nível de produção, os indicadores que a Adega possui, na sua área social, atestam que vai haver entre 15% e 20% menos que em 2007. E, se isso acontecer, vai dar um certo equilíbrio ao nosso “stock”, porque trabalhamos com um “stock alto. A adega trabalhará mais folgada, mesmo em termos comerciais. A redução não será negativa, antes pelo contrário, será positiva. Para os associados, desde que isso aconteça, visto termos “stocks” altos, irão beneficiar com o aumento dos próprios produtos para o mercado, porque pagar bem ou menos bem as suas colheitas está sempre dependente dos volumes de “stocks” que a adega tenha” – concluiu.

José Lopes, Presidente da Adega de Santa Marta de Penaguião, referiu, ao Nosso Jornal, o plano de vindimas, para a presente safra.

“Estamos já a colher pequenas produções de uvas brancas, para o Valdarante, durante três dias, e depois retomaremos, a 26 de Setembro. Há uma redução na colheita que varia entre os 12% e os 15%, ao mesmo tempo que um atraso de 8 a 10 dias. Aqui, a Primavera e o mês de Junho tiveram influência”.

O responsável pela gestão da Adega Cooperativa de Murça, Mário Artur, apontou 23 de Setembro como a data de início da recepção das uvas dos seus associados. Neste momento e para a produção de espumante, a Adega já está a receber uvas de castas brancas, resultantes de uma rigorosa selecção feita nos vinhedos da sua área de influência.

“As uvas apresentam-se sãs e prevemos boa qualidade” – sublinhou.

O Presidente da Adega de Alijó, José Ribeiro, disse, ao Nosso Jornal, que “a vindima deverá arrancar em 28 de Setembro, por causa das condições climatéricas que atrasaram a maturação. Prevemos uma redução na ordem dos 30%. O “desavinho” e as doenças também contribuíram para esta perda de produção” – sublinhou.

Refira-se que, há dois anos, a Adega de Alijó começou a sua vindima em 15 de Setembro. Dois anos depois, a data aponta para 29 do mesmo mês. Registe-se, ainda, que a Adega Co- -operativa de Sabrosa aponta para 9 de Outubro o início da vindima e a de Peso da Régua para o dia 25 de Setembro

 

José Manuel Cardoso

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências do confinamento, sem termos parado um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEOS

Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS