Este empreendimento hidráulico pode ficar em causa, após a descoberta de uma colónia de mexilhões não comestíveis de água doce, Margaritifera margaritifera, considerados em vias de extinção.
Perante os últimos desenvolvimentos, o presidente da Câmara Municipal de Boticas, Fernando Campos, não avançou com qualquer veredicto.
“Estamos a aguardar o desenvolvimento de tudo isto, a observar o que nos vai chegando. Sabemos que estão a ser procuradas alternativas, nomeadamente o aumento da cota das outras três barragens. Naturalmente se uma não se fizer, a empresa que ganhou o concurso vai ter que ser indemnizada pelo Estado Português, ou seja, por todos nós”.
O autarca promete atenção e chega mesmo a valorizar a componente ambiental. “A decisão de se fazer ou não ainda não é definitiva. Estaremos atentos, mas entendemos também que os valores ambientais são demasiado importantes e devem ser preservados. Quando for a altura certa, daremos a nossa opinião sobre essa matéria”. Os mexilhões foram detectados há cerca de meio ano e a sua descoberta foi envolvida em algum secretismo.
Este molusco existe apenas em águas de qualidade em que o desenvolvimento das larvas é feito nas próprias guelras dos peixes, nomeadamente nas trutas. Considerava-se a espécie extinta desde o século passado e o aparecimento desta colónia tem levado a muitos estudos realizados por especialistas. Inclusivamente pensou-se na possibilidade de deslocar a colónia, que são 12 ou 13 mexilhões, para montante para que pudesse sair da área de influência da barragem. Contudo, a falta de garantia de sucesso nesta transladação levanta muitas reticências.
Em Portugal era abundante na região Norte, nomeadamente na Bacia do Douro – rios Cávado, Mente, Neiva, Paiva, Tuela e Rabaçal.
A albufeira da Barragem de Padroselos irá abranger três municípios, Boticas, Cabeceiras de Basto e Ribeira de Pena.