Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025
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Educar a inteligência

Com este número inicia A Voz de Trás-os-Montes o LX ano de publicação regular. Na vida das pessoas, 60 anos é o topo da vida e começo do declínio, mas na vida das instituições que se prevêem pluricentenárias constitui o ciclo da juventude. Isso, porém, não significa menor trabalho, pois as instituições nascem e crescem […]

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Com este número inicia A Voz de Trás-os-Montes o LX ano de publicação regular. Na vida das pessoas, 60 anos é o topo da vida e começo do declínio, mas na vida das instituições que se prevêem pluricentenárias constitui o ciclo da juventude. Isso, porém, não significa menor trabalho, pois as instituições nascem e crescem pelo esforço diário das pessoas.

A imprensa é um sector altamente batido por ventos de todo o género, e os tempos que vivemos têm levantado tempestades ameaçadoras. Por isso, esta minha palavra é de júbilo e de parabéns ao Director deste semanário e todos os que o fazem nascer semana a semana.

Neste dia de festa, trago para aqui as palavras que o Papa Bento XVI dirigiu à «Federação Italiana dos Semanários Católicos», mais de 160 jornais diocesanos, que no final de 2006 celebrou os 40 anos de existência. A missão dos meios de inspiração cristã é «educar a inteligência e formar a opinião pública segundo o espírito do Evangelho, servir com coragem a verdade ajudando a opinião pública a olhar, ler e viver a realidade com os olhos de Deus».

Educar a inteligência, diz o Papa. Aí está uma tarefa fundamental. Quantas vezes se ouve dizer que cada um pensa como quer, que cada um é livre de pensar como lhe apetece. Chama-se a isso um suicídio da inteligência que se vem a repetir mesmo em aulas de iniciação filosófica dos jovens. A inteligência vive da objectividade, não da fantasia, e é essa objectividade que impõe à inteligência alguma humildade e trabalho, e lhe dá saúde. De outro modo, a inteligência morre de fome, alimentada de fantasias que pertencem à imaginação. Certamente que nunca se capta plenamente a objectividade das coisas e daí a necessidade de a inteligência procurar sempre mais e respeitar o caminho que cada um fez. Na área cristã, essa objectividade marca-se pela fidelidade ao Evangelho e aos pastores da Igreja.

Este trabalho da imprensa cristã interessa à própria sociedade civil, interessada em saber qual é o verdadeiro pensamento da Igreja. Quanto mais plural é uma sociedade (pluralismo político partidário, pluralismo cultural, pluralismo religioso), mais necessário se torna um jornal, uma rádio, uma televisão, que sejam porta-voz da doutrina da Igreja. Com isso, lucram os respectivos fiéis e todos os outros cidadãos desejosos de uma informação clara e fundamentada. Uma sociedade democrática não pode viver sem opinião, onde tudo fosse igual. Seria uma sociedade de nevoeiro onde não há nem há montes nem vales, índice de ignorância ou de ditadura.

«As dificuldades não faltam», continua o Papa, mas os responsáveis não devem perder a coragem «porque a experiência do passado demonstra que as pessoas precisam de fontes de informação como estas publicações» que «dão voz às comunidades locais que não encontram eco adequado nos grandes órgãos de informação». A imprensa regional é a imprensa da proximidade, da vizinhança, dos laços afectivos. Esse laço alimenta o tecido regional que os grandes meios tendem a menosprezar.

Por tudo isso, envio ao Director e a toda a equipa de «A Voz de Trás-os-Montes» votos de bom trabalho neste ano de 2007.

 

* Bispo de Vila Real

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