A Associação Eixo Atlântico – que agrega 28 municípios portugueses e galegos – apresentou hoje, em Mirandela, os relatórios estratégicos que elaborou para os concelhos de Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, com a ausência de representante deste último dos três municípios do distrito de Bragança.
Xoán Mao afirmou que este trabalho “é quase um plano estratégico para o próximo quadro comunitário de apoio, para as políticas autárquicas” desta região que, conclui, “não tem uma voz única em Lisboa, não tem uma imagem única”.
“Trás-os-Montes tem uma situação privilegiada, no meio de três das principais linhas ferroviárias (do norte da Península Ibérica), incluindo o TGV galego. Como é que um território de 800 mil habitantes não consegue ter uma voz única?”, questionou.
O secretário-geral do Eixo Atlântico atribuiu a situação a “um problema de bairrismo” e considerou que os agentes locais, nomeadamente os autarcas, “não podem continuar cada um virado para seu lado”.
O Eixo Atlântico identificou 14 linhas estratégicas, cada uma com três a cinco medidas, para a região que passam, entre outras, pela promoção externa e captação de investimento, o uso eficiente dos recursos naturais, a eficiência energética, qualificação dos recursos humanos, desenvolvimento de um 'cluster' (centro) do setor automóvel ou por complementar a rede rodoviária e mobilidade interna.
O dirigente vincou que Trás-os-Montes fica entre dois eixos importantes, a 200 quilómetros do Porto e outros tantos de Madrid, e com as novas estradas e o TGV espanhol a passar a 20 minutos de Bragança, novas portas de abrem, nomeadamente para o turismo.
A questão que coloca é: “o que tem a região para oferecer, quantas lojas tem de produtos regionais?"
“Temos uma oferta gastronómica, no conjunto, espetacular, mas não temos uma marca, um carimbo único de Trás-os-Montes”, afirmou, defendendo que a região precisa de “organizar a oferta turística de forma articulada, coordenada”.
Xoán Mao criticou a última reivindicação da região Norte de Portugal de uma nova ligação ferroviária de Leixões, no Porto, a Zamora, em Espanha, para defender várias ligações entre a linha do Douro e a ferrovia na Galiza.
Criticou ainda a mais recente reivindicação da região de uma nova ligação à fronteira, desde Macedo de Cavaleiros até à Gudinha, passando por Vinhais, sem que ainda esteja construída a estrada reclamada há mais de 20 anos entre Bragança e Puebla de Sanábria.
Xoán Mao considerou ainda que “Trás-os-Montes tem de ter um tratamento de discriminação positiva por parte do Governo e um tratamento específico, aproveitando a sua posição estratégica absolutamente privilegiada”.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, concordou que “tem de haver alguma unanimidade no tratamento deste tipo de assuntos” e “no sentido de se definir uma orientação que possa servir a todos”.
Também a presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, reconheceu que é “preciso trabalhar nesta nova abordagem territorial.
Da plateia que assistiu à apresentação do Eixo Atlântico surgiu a critica do deputado da Assembleia Municipal de Mirandela, eleito pelo PSD, António Figueiredo, para quem esta explanação é o “encarrapitar de relatório sobre relatório”.
“Uma lenga-lenga que se vem a proclamar pelo Interior e não se faz nada pelo Interior”, apontou.