Em Vila Real, a taxa de incidência da doença é mais baixa que a média nacional e tem-se assistido a uma redução considerável, na região transmontana. No entanto, não se pode baixar os braços à “grande simuladora” que é a tuberculose.
Médicos, enfermeiros, juízes, directores de estabelecimentos prisionais e jornalistas foram convidados, pela Sub-Região de Saúde de Vila Real, para, no dia 30, debaterem a problemática da tuberculose, uma doença que, erradamente, a população pensava estar erradicada.
“Há uns anos atrás, quando se descobriu a origem da tuberculose, as pessoas começaram a acreditar que a doença estava erradicada, mas é um erro dizer isso”, afirmou-nos João Mocho, Director de Serviços da Sub-Região de Saúde de Vila Real que sublinhou a importância de não se baixar os braços, na luta contra a doença.
O mesmo responsável lembrou que “normalmente, os encontros de médicos fazem–se para resolver os problemas da Medicina e da Saúde em geral. Mas, no caso da tuberculose, o problema tem que ser assumido por toda a sociedade, tem que ser transversal a diversas instituições”.
Relativamente aos números da doença, é de realçar o índice de novos casos, na região, que representa 9,9 por 100 mil, o que representa “uma diminuição, muito substancial, em Trás-os-Montes, nomeadamente em Vila Real, em que a taxa de incidência é de 28 doentes por 100 mil habitantes”. Aquele médico contabilizou, ainda, que o distrito tem uma taxa de sucesso, no tratamento, “superior a 85 por cento”.
“A doença está longe de estar controlada”, contabilizando-se que, a nível nacional, a média de incidência da tuberculose é de 31 doentes por 100 mil habitantes. No entanto, João Mocho lembrou que “o problema da tuberculose não está nos doentes que estão a ser tratados, mas, sim, nos doentes que não sabem que são doentes, os não diagnosticados que andam a disseminar a doença”. Para combater esse problema, têm sido levados a cabo rastreios activos, junto de populações de risco.
“A tuberculose é conhecida, nos livros dos médicos, como a grande simuladora, porque quase não tem sintomas próprios. Uma perda de apetite, suores nocturnos, um emagrecimento, tosse, muitos podem ser os sintomas da tuberculose que pode simular qualquer doença ou, mesmo, não haver qualquer sintoma que a identifique”, concluiu o médico.
No final do Seminário, António Passos Coelho, médico e escritor vila-realense, natural de Vale Nogueiras, foi homenageado, pela Sub-Região de Saúde de Vila Real.
Foi director clínico no Sanatório de Pedras Soltas, reanimador na equipa de Cirurgia Torácica do Caramulo, chefe do Serviço de Combate à Tuberculose em Angola e responsável pelo Curso de Tisiologia na Faculdade de Medicina de Luanda.
Já em Portugal, foi vogal médico da Administração Distrital de Saúde, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória e ainda presidente do Conselho de Administração e Director Clínico do Hospital de São Pedro, entre 1990 e 1993. Em 2004, recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, como reconhecimento da sua qualidade, enquanto médico e poeta.
“Cumpri a minha obrigação, como médico”, referiu Passos Coelho, mostrando-se surpreendido pelo reconhecimento público da Sub-Região de Saúde, momento que aproveitou, para contar alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira.
Maria Meireles