A Câmara Municipal de Sabrosa começa a perspectivar contactos e a irradiar a importância do equipamento numa lógica universal e de rede, pretendendo incluí-lo nas principais rotas de visitação cultural da Europa.
O Espaço Miguel Torga, situado em S. Martinho de Anta, tem a singularidade, a nível nacional, do uso de barras de ardósia vindas directamente das melhores pedreiras do Douro Superior (zona de Foz Côa). Este material reveste quase a totalidade da parte exterior do edifício e pretende evocar uma das rochas mais vulgares da região duriense, o xisto, mencionada nas obras literárias de Miguel Torga. A utilização da ardósia tem uma predominância de dois mil metros quadrados na área total do edifício, traçado pelo arquitecto Souto de Moura.
O Nosso Jornal fez o ponto da situação do projecto junto do presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, José Manuel Marques, através de uma visita guiada à obra. Embora reconhecendo alguns atrasos face ao que estava previsto, devido ao próprio projecto de especialidade, o autarca garantiu que “até no final do ano a obra estará concluída” e “pronta a desempenhar o seu papel cultural, não só dirigido ao concelho de Sabrosa mas “também à região e ao país”. Neste momento, toda a estrutura básica do edifício está concluída, iniciando-se agora a fase de acabamentos e, consequentemente, o arranjo paisagístico dos espaços envolventes.
O autarca aproveitou para deixar bem clara a “interactividade do Espaço Miguel Torga” com outros equipamentos do género e a sua inserção nas principais rotas de visitação cultural de vocação literária. “A ideia é exactamente essa. É que a obra esteja articulada com os principais centros literários nacionais e internacionais. Portanto, agora há todo um trabalho a desenvolver no sentido de criar um programa e uma acção articulada, não só com centros literários nacionais mas também com centros internacionais. É nesta perspectiva que a estrutura inclusivamente está aprovada e financiada”. O Espaço Torga pretende ser também uma grande referência no domínio do turismo cultural. Daí o interesse do autarca em tornar o equipamento como um importante pólo irradiador de promoção e dinamização do turismo da região. “O espaço vai implementar todo um programa e toda uma dinâmica orientada neste sentido. Terá uma promoção quer em termos nacionais, quer em termos internacionais, para constituir um atractivo de excelência para o turismo na região do Douro. A partir do Espaço Miguel Torga irão desenhar-se um conjunto de roteiros no âmbito do turismo cultural. Esses roteiros vão permitir que os turistas sejam orientados para outras dinâmicas e componentes no âmbito do turismo”. O presidente da Câmara de Sabrosa adiantou que já há algum trabalho desenvolvido com a Casa de Camilo de Castelo Branco e irá “fazer o mesmo com outros centros literários”, sem esquecer a colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian. Aqui há um acordo de cooperação institucional ao nível da investigação da obra torguiana, visando a formação de monitores dos serviços educativo e turístico e criação de oficinas pedagógicas. “O objectivo é associar a Obra de Miguel Torga à literatura contemporânea e naturalmente fazer referência a alguns escritores da nossa região”, realçou. Entre muitas outras valências do equipamento, o edil sublinhou o serviço educativo estruturado para os diversos níveis de ensino. “Será vocacionado e orientado para público da escolaridade básica até ao universitário, inclusivamente”.
Com a entrada em funcionamento do Espaço Miguel Torga, irão ser criados vários postos de trabalho directos e outros indirectos. “Vai implicar um impulso muito significativo, não só em S. Martinho de Anta mas no concelho e terá reflexos na actividade empresarial do sector da hotelaria, restauração, portanto haverá postos de trabalho associados”.
A qualidade e a excelência do projecto deste Espaço foram dadas por Souto de Moura, um dos melhores arquitectos portugueses da actualidade. A evidência estética do edifício irá ser seguramente outro factor de atractividade de estudiosos e interessados pela relevância das intervenções no território.
Além das valências explícitas na “Caixa”, o Espaço Torga contempla ainda uma zona de recepção aos visitantes; uma biblioteca-hemoteca-iconoteca-audioteca-infoteca, tão completa quanto possível; gabinetes de investigação, devidamente equipados com meios informáticos; um espaço destinado a exposições; um auditório de média dimensão; livraria; áreas técnicas; e um outro auditório para 120 pessoas, além de um bar com esplanada e espaço exterior para outros eventos.
Esta obra foi lançada em 20 de Dezembro de 2008 pelo primeiro- -ministro, José Sócrates, e iniciada no início de 2009, com um prazo previsto de execução de 16 meses. O “Espaço Torga” constituirá, sem dúvida, um ícone dos equipamentos culturais da região e do país. De referir ainda que o nome do director do futuro Espaço Miguel Torga ainda não é conhecido.