Sábado, 22 de Março de 2025
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Estação da Régua vai controlar linhas do Corgo, Tua e Tâmega

A Rede Ferroviária Nacional, REFER, está a estudar a instalação da sinalização eléctrica, nas vias estreitas do Corgo, Tua e Tâmega. A medida fará com que o tráfego ferroviário, nestas linhas, seja todo monitorizado e centralizado, a partir da estação da Régua. Por outro lado, a Linha do Douro vai depender de uma nova estrutura […]

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A Rede Ferroviária Nacional, REFER, está a estudar a instalação da sinalização eléctrica, nas vias estreitas do Corgo, Tua e Tâmega. A medida fará com que o tráfego ferroviário, nestas linhas, seja todo monitorizado e centralizado, a partir da estação da Régua. Por outro lado, a Linha do Douro vai depender de uma nova estrutura da REFER. O CCO – Centro de Comando Operacional, cujo edifício deverá estar pronto, em Abril deste ano, ficando situado em Contumil (Porto).

O CCO vai ter todas as funções potenciadoras da gestão optimizada do tráfego ferroviário (Comando Centralizado de Tráfego, Regulação, Supervisão da Circulação, Telecomando de Catenária, Informação ao Público, Videovigilância Permanente de Infra- -estruturas e Telecomunicações).

Em relação às vias estreitas, para já, o processo ainda está numa fase embrionária, mas, em meados deste ano, poderão ser dados passos decisivos, no sentido de uma centralização, na Régua, do comando de movimento ferroviário das vias estreitas de Trás-os-Montes. Cerca de 92 km de via-férrea activa (12,7 entre Livração e Amarante, 25 na distância entre Vila Real e Régua e 54 entre o Tua e Mirandela) e que fazem parte das três linhas, poderão ser monitorizadas. Este revolucionário sistema será implementado também à custa de cabos de fibra óptica, cuja instalação e assento, na Linha do Corgo, já está concluída. Mais velocidade, segurança e comodidade são os principais benefícios que a instalação da fibra óptica vai trazer à circulação ferroviária. Para o futuro, a sinalização ferroviária estará totalmente suportada neste novo meio de transmissão de dados. No que respeita ainda à Linha do Corgo, os tradicionais postes em madeira e ferro que suportavam os antigos fios de comunicação já estão inactivos e vão desaparecer. Já a única passagem de nível, situada na Povoação, ainda com guarda, deixou de existir.

São quase vinte e cinco quilómetros de cabos de fibra óptica, colocados pela REFER-TELECOM, e que irão melhorar a informatização das comunicações. Assim, prevêem-se alterações, nesta via. Uma delas é o fecho da estação do Corgo. E o controlo do movimento ferroviário das Oficinas, neste local, passa para o pólo da Régua. As tradicionais “palhetas” deixam de existir e tudo ficará com sinalização luminosa. Nesta, tudo ficará, assim, computorizado. Ordens de “avanço” ou “fecho” às várias composições serão enviadas deste local. O premir de um pequeno botão fará, depois, accionar a sinalização eléctrica. Ou seja, a partida de qualquer comboio, do Tua para Mirandela ou da Livração para Amarante, será autorizada, a partir da Régua. Assim, a sinalização ferroviária será, totalmente, suportada na transmissão e nos cabos de fibra óptica instalados. Em relação à Linha do Tua, e na estação de Foz Tua, esta poderá ver partir os últimos operadores da via estreita, caso se implemente a sinalização eléctrica. Aliás, nesta via, a instalação da fibra óptica proporciona a automatização de algumas passagens de nível que tornam a linha mais segura e mais rápida e que, noutros pontos da linha, poderão detectar vibrações. Um dado que pode impedir tragédias, como a ocorrida, no ano passado, próximo de Brunheda. E, em relação a esta linha, o Nosso Jornal soube, de fonte próxima da empresa, que “em breve, deverão arrancar as obras, na linha. Uma passa pela estabilização dos taludes adjacentes à via, nos locais já identificados, com maior probabilidade de queda de blocos, cujo processo está numa fase de contratação. Ao mesmo tempo que está a ser feito um estudo de análise de risco geológico dos taludes que indicará os locais e tipos de intervenção. Refira-se que a REFER repensou o modelo de gestão operacional da sua Rede. Nesta conformidade, foi conceptualizado um novo modelo, designado por CCO – Centro de Comando Operacional.

A empresa garante que obtém um melhor desempenho da infra-estrutura, com recurso a três CCO (Porto, Lisboa e Setúbal), implicando, assim, a redução do número de pólos operacionais de gestão da Rede. A zona de intervenção constitui uma mais valia para o espaço ferroviário envolvente à estação de Contumil. Em relação ao CCO, além da Linha do Douro, vai controlar as Linhas do Minho, Guimarães, Leixões, Norte, Mealhada (inclusive) a Porto – Campanhã e Ramal de Braga. Os CCO são Centros de Gestão Operacional da circulação ferroviária, técnica e funcionalmente evoluídos permitindo, entre outras vantagens, optimizar a exploração da Rede REFER e da gestão operacional da circulação ferroviária, de forma a obter elevados padrões de fiabilidade, disponibilidade, eficiência, qualidade e segurança; criar mecanismos de gestão optimizada da Rede, autorização/cancelamento de rotas; monitoração e controlo da velocidade, de acordo com os limites impostos ao tráfego ferroviário, controlo e detecção da ocupação das composições, nos diversos trechos da via.

Neste momento, existem, em Portugal, cerca de 192 km de vias não electrificadas.

Voltando às vias estreitas de Trás–os-Montes, a intenção da REFER representa, também, um investimento considerável, mas, por outro lado, pode racionalizar os recursos humanos. Podemos adiantar também e incluído neste conjunto de alterações, previstas para a própria estação da Régua, em termos de número de vias operacionais, que se prevê uma redução. Estas alterações previstas marcarão a história das raras vias estreitas ainda operacionais.

De referir que a Linha do Tâmega ligava, primeiro, Livração a Arco de Baúlhe, mas o troço foi encerrado, entre Amarante e Arco de Baúlhe, em 1990. Esta foi a primeira linha portuguesa a efectuar transportes em automotoras diesel, de origem sueca, NOHAB.

Quanto à Linha do Corgo, ligou Régua a Chaves, em 1921. Ficou amputada, em 1990, entre Vila Real e Chaves. O turismo termal, os militares e as populações das aldeias eram os seus grandes clientes.

A Linha do Tua, cuja ligação entre Tua e Bragança foi concluída, em 1906, também viu, em 1990, parte da sua via ser encerrada, entre Mirandela e Bragança.

 

José Manuel Cardoso

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