Os estudantes da maior academia transmontana vêem- -se confrontados com um novo aumento de propinas. Com o Governo a estipular um “tecto” que poderia chegar aos 974 euros, na UTAD o valor das propinas, no próximo ano, ascenderá aos 970 euros, registando, assim, um aumento de 50 euros. Os estudantes votaram contra e advertem que esta medida, entre outras, poderá representar o despoletar de um novo período de luta estudantil, pelas ruas da cidade.
O Senado da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estabeleceu, no dia 25, com o voto contra dos estudantes, um aumento de 50 euros no valor das propinas para o ano lectivo de 2008/2009.
Uma medida que já levantou vozes de descontentamento entre os estudantes da UTAD que, através da Associação Académica, já fizeram chegar, à Reitoria e ao Senado, “um documento que realça todos os aspectos positivos e negativos do aumento das propinas” e, ao mesmo tempo, “mostra a indignação dos estudantes, face ao seu valor”.
Segundo Tiago Sá Carneiro, Presidente da AAUTAD, “a Associação está solidária com a Universidade, num momento em que esta passa por dificuldades financeiras. No entanto, os estudantes não estão em condições de sustentar mais aumentos. O aumento das propinas parece-nos mais um peso para as famílias que tanto se esforçam para possibilitar a frequência dos seus filhos, no Ensino Superior”, refere o líder associativo, no documento em que também recorda que, segundo a lei, “o Ensino Superior Público deve ser, progressivamente, gratuito”.
Tiago Sá Carneiro acredita que o aumento das propinas é tido como o caminho mais fácil para recuperação financeira das Universidades, lamentando que se dê “pouco ênfase a outros tipos de financiamentos, como a prática da investigação e o fomento de receitas próprias”.
O estudante lamentou, ainda, a data de realização da reunião do Senado, explicando que a discussão da afixação das propinas deveria acontecer não em período de férias, mas, sim, numa altura em que pudesse envolver os estudantes.
“Por este motivo, pede-se atenção especial, em situações futuras, para que o correcto interesse de todos aqueles que representam os estudantes da nossa Universidade seja salvaguardado, para o bem da nossa Universidade e na busca da sua melhoria constante”, apela a AAUTAD, na carta dirigida ao Reitor.
Depois de já ter pedido “uma audiência, a todos os Grupos Parlamentares, para fazer ouvir a sua voz” e apesar de garantir que, segundo as políticas da actual Direcção, estaria “posta de lado a luta na rua”, Tiago Sá Carneiro adverte que, em resposta a problemáticas como o aumento das propinas, os cortes nos orçamentos das Universidades e na Acção Social Escolar e a aplicação do Processo de Bolonha, entre outras, poderão levar os estudantes a concentrar-se, junto do Governo Civil de Vila Real.
Maria Meireles