Sábado, 7 de Dezembro de 2024
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Estudo encomendado pelo Governo aponta para o encerramento

Um estudo, vindo a público e solicitado a uma empresa, pelo Ministério da Administração Interna (MAI), põe em causa o funcionamento dos postos territoriais da GNR, com menos de 12 efectivos, bem como as esquadras da PSP, com menos de 20. Nesta situação, 22% (108) dos postos territoriais da GNR e 18% (37) das esquadras […]

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Um estudo, vindo a público e solicitado a uma empresa, pelo Ministério da Administração Interna (MAI), põe em causa o funcionamento dos postos territoriais da GNR, com menos de 12 efectivos, bem como as esquadras da PSP, com menos de 20. Nesta situação, 22% (108) dos postos territoriais da GNR e 18% (37) das esquadras genéricas da PSP podem estar em causa.

No distrito de Vila Real, o funcionamento de alguns postos da GNR pode ser equacionado. Nomeadamente, em Pinhão, Pedras Salgadas, Cerva, Carrazedo de Montenegro, Lebução, Vidago e Venda Nova.

 

O poder local e as populações estão preocupados com este estudo que pode ser o “dobrar de finados” de alguns dos postos da GNR.

A sul do distrito, no Pinhão, a inquietação é crescente. Correm rumores de que o seu povo está disposto a tudo e que protestos populares podem surgir, brevemente, se tal documento oficial for cumprido, à risca.

 

“Andamos de cavalo para burro”

 

O Presidente da Junta de Freguesia do Pinhão, Pedro Elias, embora admitindo que é, apenas, um estudo, considera que a vila do Pinhão e outras localidades vizinhas “andarão de cavalo para burro”, em termos de segurança pública.

“Nós tivemos conhecimento do resultado de um estudo, encomendado pelo Governo, em relação ao encerramento dos Postos da GNR, o qual aconselha o Poder Central a encerrar todas as unidades que possuam menos doze efectivos. Ora, o nosso, como é sabido, possui sete elementos, o que quer dizer que pode ser um dos apontados, para fechar as portas”.

O autarca, porém, considera que “é, apenas, um estudo”, e que “na nossa opinião, isso não quer dizer que a proposta seja levada, à risca”. Todavia, vai relembrando, a quem de direito: “É bom que as entidades se lembrem que, no início deste ano, ainda antes das eleições presidenciais, havia a garantia, por parte do Governo, de que o Posto do Pinhão, uma vez que é um posto diferente e de características especiais, não iria encerrar. Como sabe, nós, durante a ocorrência do período eleitoral, boicotámos as eleições e uma das reivindicações que fazíamos, na altura, era, precisamente, o reforço do Posto. A hipótese de encerramento já não era ventilada, porque tinha sido dada a garantia e a palavra que o mesmo não iria encerrar. Sempre foi uma das nossas preocupações. Com esta promessa, a manutenção do posto passou para segundo plano e reivindicámos, então, o seu reforço que ainda se não verificou, até à data. Isto deixa-nos bastante apreensivos. Continua tudo na mesma. Ou seja, continua a haver um número deficitário de efectivos”.

 

“Falta de efectivos faz com que sejam militares de outras unidades a acorrer, a Pinhão”

O autarca reconhece algumas disfunções de funcionamento do Posto: “Tem tido um desempenho muito aquém daquilo que deveria ter. Quando é necessário registar alguma ocorrência ou pedir o apoio da GNR, normalmente, o posto do Pinhão não tem efectivos suficientes, para ocorrer, de imediato, e responder às ocorrências, o que obriga a estarmos meia hora, uma hora ou, até, mais, até que cheguem cá militares de outras unidades, como Alijó ou Régua, para poderem tomar conta dos factos. E, no lado de Sabrosa, é a mesma coisa”.

Pedro Elias recorda que “o Posto, antes de 2001, já tinha sido reduzido a oito elementos. A partir de então, mostrámos, sempre, preocupação, em relação ao futuro do mesmo”. E salienta algumas iniciativas, no sentido de sensibilizar as entidades e o Poder Central: “Até à data, temos vindo, quer a nível oficioso, quer a nível de Assembleia Municipal, a demonstrar a nossa apreensão e revolta. Manifestámo-nos, logo, contra a conclusão deste estudo e pedimos esclarecimentos. Na altura, foi-nos dada a certeza de que o posto não iria encerrar. No entanto, o que acontece é que, ao fim deste tempo todo, o posto não foi dotado dos efectivos que esperávamos”. Mas, para o edil, “a esperança é a última coisa a morrer” e, implicitamente, aponta responsabilizações: “Nós ainda não queremos acreditar que isso possa acontecer, porque ainda cremos nas palavras das pessoas. Neste caso, nos representantes políticos. E não queria falar, especificamente, em nomes, quer a nível do Governo, quer nos seus representantes, na região. Ora, estes agentes políticos, na altura, disseram-me que Pinhão não iria perder o seu Posto, dada a sua importância”.

 

“População está a pensar em tomar medidas firmes”

 

O posto, antes de 2001, servia localidades e freguesias dos concelhos de Alijó e Sabrosa: Chanceleiros, Gouvinhas, Covas, Ordonho, Donelo, Ferrão, Gouvães, S. Cristóvão, Pesinho, Póvoa, Vale de Mendiz, Vilarinho de Cotas, Casal de Loivos e Pinhão. Depois de 2001, o posto foi desclassificado, para sub-posto, sendo a área de intervenção reduzida, unicamente, à freguesia do Pinhão.

“Foi um erro tremendo, porque todas estas freguesias que estavam abrangidas pelo posto do Pinhão estavam mais bem servidas, dada a proximidade. Tinham um melhor patrulhamento. Era mais célere a chegada da GNR aos diversos locais, ou seja, as populações sentiam-se mais seguras. Eu tenho conhecimento e não estarei a dizer nenhuma mentira, pois já me chegou através de várias pessoas, que quer o posto de Alijó, quer o posto de Sabrosa não conseguem ter capacidade, no que respeita ao seu número de efectivos, para socorrer as freguesias a sul dos dois concelhos, em caso da ocorrência de algum incidente. Significa que caminhamos de cavalo para burro, com o risco de um estudo apontar para o encerramento do nosso posto que nunca deve fechar. Como autarca, já estou a tentar obter esclarecimentos, junto de quem de direito, para sabermos o ponto de situação. Tudo isto tem um prazo de tempo razoável e vamos respeitar este prazo. Vamos aguardar que nos respondam aos pedidos que já fizemos. Tomaremos outras medidas, caso a resposta não nos agrade”.

O edil não esquece quem o elegeu e admite protestos populares, caso o posto feche:

“Em termos de população, esta mesma que me elegeu, temos o dever de defender os seus legítimos interesses. Estarão a pensar tomar outro tipo de medidas que eu espero vir a conseguir que sejam posições civilizadas e razoáveis, mas, de qualquer forma, tudo isto dependerá do evoluir da situação. Há que ter em conta que, infelizmente, de há uns anos para cá, estamos habituados a um esvaziamento de serviços que se tem agravado, de ano para ano, o que tem aumentado as nossas preocupações. Daí que tomaremos uma posição vincada e firme, em relação a este Posto, se estiver iminente o seu fecho, a qual estará em consonância com a população que já fala em tomar algumas medidas que eu não quero comentar, pois que isso pode não passar de alguns rumores. A seu tempo, a clarificação da situação virá ao de cima”.

Pedro Elias lembra que “a população residente do Pinhão é de cerca de 1500 pessoas, mas há muitas outras que aqui trabalham. O turismo fluvial, rodoviário e ferroviário traz, ao Pinhão, milhares de pessoas, facto que obriga a um cuidado permanente, a nível da GNR. E, além disto, há muito comércio, bancos, posto de combustíveis, serviços públicos, correios, escritórios e empresas vitivinícolas. Portanto, justifica-se a manutenção do Posto da GNR, no Pinhão” – sublinhou.

 

José Manuel Cardoso

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