Terça-feira, 30 de Maio de 2023
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Fernando Cabral – Presidente do Clube Vila-realense de Pesca Desportiva

Apesar de reconhecer que apenas há dez anos começou a pescar, Fernando Cabral, presidente do Clube Vila-realense de Pesca Desportiva, recorda que rapidamente ficou ‘viciado’ na modalidade. Sublinhando o historial de ‘ouro’ do clube, que já soma mais de 50 anos de existência, tendo competido várias vezes nos campeonatos nacionais, o seu presidente adiantou ao Nosso Jornal que um “sonho antigo” está prestes a ser concretizado: a criação 40 pesqueiros ao longo do rio Corgo, bem como de uma Pista Escola para crianças e jovens. As novas pistas, que ainda não deverão estar concluídas na íntegra para a próxima época desportiva, vão permitir o desenvolvimento da pesca desportiva no concelho.

O Clube Vila-realense de Pesca Desportiva já conta com mais de meio século de existência… qual é a situação atual em termos de sócios e pescadores?

“Recentemente fizemos uma atualização e presentemente temos mais de 250 sócios. Em termos de atletas contamos com mais de 30. A primeira divisão tem 12 pescadores e os restantes integram a segunda divisão. A época começa em março e termina em outubro (fizemos a entrega de prémios em dezembro), mas todo o calendário depende da disponibilidade dos outros clubes que contam com pistas onde fazemos as nossas atividades, nomeadamente do Clube de Caça e Pesca de Chaves e da Associação de Pesca do Norte, que é responsável pela pista de Cavez (concelho de Cabeceiras de Basto). Até agora fazemos o nosso calendário de acordo com as datas que eles não precisam”.

 

A criação de uma pista em Vila Real iria facilitar o desenvolvimento da modalidade no concelho…

“Sim. Com a existência de uma pista em Vila Real já vai haver mais facilidade e mais pescadores. Em cada época temos sete provas, no entanto este ano já reduzimos para cinco. Temos cinco provas de campeonato e duas de inter- -sócios. Realizamos ainda uma aprova muito boa, que este ano contou com muitos pecadores, de homenagem a Manuel Andrade, um associado que faleceu num acidente a caminho de uma competição onde ia representar o clube. Isso para além das provas de abertura e encerramento do campeonato. Para o agendamento temos que estar à espera da disponibilidade dos outros clubes. Por isso, a criação da pista vai acabar com muitas dificuldades. Só para ir para Chaves gasta-se 12 euros, ida e volta, em portagens, e também temos que contar com o almoço”.

 

O objetivo da criação dessa estrutura é também trazer mais pessoas para a modalidade?

“Sim. Este ano fizemos, na barragem de Vila Pouca de Aguiar, uma ação de pesca com os miúdos das escolas que participaram no Campo de Férias da Câmara Municipal de Vila Real. Foi um delírio. Foi uma tarde fabulosa. Ensinamos os miúdos a montar o equipamento e era visível a satisfação das crianças a pescar. Por isso, no projeto temos também prevista a criação de um espaço onde vai funcionar uma mini-escola de pesca, destinada para crianças e pessoas mais idosas”.

 

Exatamente quais são as características das pistas que vão ser criadas em Vila Real?

“O projeto está a ser elaborado pelo Clube em parceria com a Câmara Municipal e prevê uma capacidade para 40 pescadores em simultâneo. São pistas idênticas às de Chaves, Cavez e Coimbra, onde também temos pescado. Logo que haja vontade, e eu acredito, na sequência do que nos tem sido informado nas cerimónias e em várias reuniões que fizemos, que o presidente da Câmara Municipal e o vereador do desporto estão empenhados em lutar pelas pistas. A intervenção é simples, é necessário apenas garantir bons acessos ao rio e a limpeza das margens. Não é preciso mais nada. A autarquia e o clube vão estabelecer um protocolo com os proprietários dos terrenos para que seja possível abrir um pequeno estradão até ao rio. Trata-se de um investimento muito pequeno, meia dúzia de tostões, como se costuma dizer, uma vez que a criação do caminho e a limpeza das margens é feita por pessoal da autarquia. As pistas irão desde a Timpeira até à ponte da via rápida, mas concretamente às levadas do Costa Lobo e do Piolho, salvo erro, como são conhecidas pelo povo”.

 

Em relação à Escola Pista de Pesca? Onde vai ser?

“Essa parte do projeto já está no terreno, foi iniciada no âmbito de um projeto desenvolvido pela Câmara Municipal, denominado ‘Seiva Corgo’, onde foi feita a limpeza das margens, e já está ser feita a intervenção necessária. Será no Parque Corgo, junto dos moinhos”.

Esta é uma modalidade que permite aos atletas um maior contacto com o ambiente?

“Exato. Nós temos a concessão da ponte das Flores até ao Cabril. Para se pescar no rio Corgo, além da licença nacional ou regional, o pescador tem que ter uma licença de um euro do clube (as crianças não pagam), e a nível de Vila Real a pesca é sem morte, ou seja os pescadores devolvem o peixe ao rio. Já ouvimos algumas ‘bocas’ de ambientalistas, no entanto, além do contacto e do respeito dos praticantes pela natureza, a modalidade tem ainda outros cuidados. Em Espanha, por exemplo, é preciso apresentar a relação de quantos peixes foram pescados e quantos foram levados para casa, para haver um controlo da população piscícola. Aqui vê-se muitas vezes pessoas a tirarem peixes pequeninos para irem pescar para o Douro, e é isso que nós queremos evitar. Já tivemos reuniões com a Guarda para que se intensifique a fiscalização. Nunca vi um guarda a pedir as licenças… Com a criação das pistas será mais fácil fiscalizar e o controlo vai ser maior.

Anualmente também fazemos a repovoação das espécies, introduzindo, segundo orientação de engenheiros do Parque Florestal, na nossa área de concessão, boga, barbo e se for possível escalo”.

 

Para as pessoas que nunca pescaram, como é uma competição, como se encontram os vencedores?

“É o peso no total do peixe pescado. Há competições em que o pescador faz uma ‘grade’ (não pesca um único peixe) e noutros em que pescam em três horas mais de 20 quilos de peixe. Já conhecemos os rios, sabemos onde vamos pescar. É como as equipas de futebol, que conhecem a equipa com quem vão jogar… Há pesqueiros melhores que outros e eles são destinados a cada pescador por sorteio. Mas também é preciso saber e ter o material adequado. Como é possível por exemplo dois pescadores, lado a lado, um tirar peixe e outro não? É preciso ter muita técnica”.

 

O Clube de Vila Real tem história na modalidade?

“Sim. Já foi várias vezes campeão regional de clubes (há três anos por exemplo), participou várias vezes no nacional. Agradeço a todos os pescadores que representaram o clube ao longo dos meus dois mandatos, que se esforçaram muito para obter os resultados, embora não tenham conseguido chegar ao nacional. Em outros tempos, Vila Real chegou mesmo a ser anfitriã de uma prova nacional e outras competições onde participaram mesmo pescadores estrangeiros. O clube é muito famoso a nível nacional. Tem 50 anos e hoje tem uma sede invejável. Atualmente estamos empenhados em dinamizar mais a sede. Lembro-me quando comecei que íamos muito para a sede para confraternizar depois do jantar. Com a situação de crise do país, perdeu-se um bocadinho esse hábito”.

 

Financeiramente o clube está bem ou está a sentir as dificuldades da crise?

“Atualmente estamos bem. Custa-nos ir às empresas pedir patrocínios, mas temos uma série de despesas para suportar. Temos um subsídio da Câmara, que um dia poderá acabar. Estar a frente de um clube é muito difícil, são muitas preocupações. E, como acontece nas outras modalidades, temos poucas pessoas que estejam disponíveis para assumir o papel de dirigente desportivo. Mas o espírito continua e temos pescadores de outros concelhos, onde também há clubes que preferem competir no nosso clube, nas nossas provas. Tenho pena por exemplo que não haja provas para miúdos, mas espero que seja possível, com a criação das pistas, desenvolver a pesca nas escolas”.

 

As pessoas que queiram começar a pescar o que devem fazer?

“Inscreverem-se como sócios no clube, que tem uma cota anual simbólica de 12 euros. A pesca é uma modalidade para todos, crianças, pessoas com mais idade, homens e mulheres”.

 

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