Até 2005 apitou jogos na distrital do Porto e nesse ano sobe à 3ª divisão. Em 2011 sobe à 2ª Liga e no ano seguinte chega à Associação de Futebol de Vila Real (AFVR), onde continuou o seu percurso.
Recentemente, e após 24 anos, teve que pendurar o apito, por limite de idade. O último jogo aconteceu a 19 de maio, no Municipal de Coimbra, um dia que recorda com emoção.
“O meu final de carreira foi planeado. Aquele jogo foi especial porque cada apito era menos um que dava”, afirma, lembrando que “fizeram-me guarda de honra e no final estava a minha mulher, com um cartaz. Foi um misto de emoções e foi impossível segurar as lágrimas”. O momento valeu, até, a amostragem do cartão branco.
E o ano em que termina a carreira, aos 45 anos, não podia acabar da melhor forma. António Moreira foi considerado o melhor árbitro da Liga 3. “A época correu bem e acabei por ser o primeiro classificado. Já o tinha sido no primeiro ano da Liga 3, mas este tem um simbolismo maior, porque foi o último”, afirma.
“Saí bem, confortável e com uma história bonita”, confessa, assumindo que “ficou por cumprir o sonho de chegar à I Liga e fazer lá carreira”. Ainda assim, “apitei em estádios que muitos árbitros da I Liga ainda não apitaram, como o Estádio da Luz, o Estádio do Dragão e o Jamor”, este último onde alcançou o ponto alto da sua carreira, ao apitar a final da Liga 3, no ano passado, num jogo entre Leiria e Belenenses.
Hoje, assume-se vila-realense e garante que “tudo que faça relacionado com arbitragem será pela AFVR”. Ainda sobre o futuro, “vou continuar ligado a Vila Real e ao Conselho de Arbitragem, a nível da formação de árbitros e treinadores e na Comissão de Apoio Técnico”.
“São 24 anos a ser árbitro e a ficha não se desliga de um dia para o outro”.
NOVOS ÁRBITROS
Questionado sobre a falta de árbitros, algo que se verifica também na AFVR, António Moreira assume que “a retenção de árbitros é um problema porque exige muita responsabilidade”.
“É preciso ter consciência que temos que nos deitar cedo porque no dia seguinte temos jogo e vamos ter de abdicar de muita coisa”, vinca explicando que “um jogo de futebol ocupa um dia. No meu caso, encontrava-me com a equipa, almoçávamos, conversávamos, duas horas antes do jogo chegávamos ao estádio e só saímos de lá 1h30 depois do jogo acabar”. Chegados a casa “temos que fazer os relatórios e agora, felizmente, é tudo informatizado, o que facilita o trabalho dos árbitros”, acrescenta, lembrando que “ainda sou do tempo em que recebia as nomeações por carta, agora recebe-se uma mensagem ou email”.
Mas além da responsabilidade que acarreta, há outro fator que, no seu entender, afasta os jovens desta profissão, “os prémios ainda são relativamente baixos”. Na opinião de António Moreira, “é difícil motivá-los a nível monetário. Ainda por cima, dentro de campo são insultados e, de vez em quando, lá vem um guarda-chuva. É normal que cheguem a casa desmotivados”.
“O Conselho de Arbitragem tem muita dificuldade em nomear árbitros, porque não os há em número suficiente. Hoje em dia os árbitros têm provas físicas e testes escritos, três a quatro treinos por semana e como há poucos árbitros, passem ou não nas provas, vão ter que atuar”, conclui.[/block]