Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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Gentleman

Faleceu, na semana passada, um duriense. Tinha 90 anos – ou melhor – 90 eram os anos que já não tinha. Era meu sogro. Nasceu pobre, numa aldeia pobre, de um país pobre. Naquele tempo e naquele sítio, a educação letrada era um sonho calcado pela amnésia do Poder. Por isso, a aldeia limitou-se a ensinar-lhe um paupérrimo abc, porque o d já era letra que transcendia o curto repertório do amanuense que fazia as vezes de professor. E foi assim, entre misérias de toda a ordem, que cresceu com o sonho de, algum dia, tentar na grande cidade encontrar o candeeiro que lhe iluminasse um pouco mais à frente.

Hoje, que já cá não está, tento lembrar-me de algo que o distinguisse dos restantes. Uma particularidade, uma singularidade, algo muito dele que o pudesse definir. E vem-me à memória, num ápice, a sua imaculada educação. Nunca na minha vida conheci ninguém que cultivasse a boa educação como ele a cultivava. Não era daqueles que fazia da boa educação um episódio isolado, mas sim um acto contínuo. Como dizia o filósofo: a excelência é um acto permanente, nunca avulso.

Tenro ainda, veio para a grande cidade aprender, à custa de estalo e bordoada, as regras que as grandes metrópoles exigem a quem nelas quer viver. Contudo, as agruras de uma infância entre trabalho, dureza, violência

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