Chegou a acumular as funções de jogador e treinador-adjunto, mas desde cedo percebeu que gostava da parte técnica e tática. “Queria perceber mais a área de desporto e, sobretudo, de futebol. Decidi ir para a universidade, onde tirei uma licenciatura em educação física e desporto e um mestrado em alto rendimento. A minha paixão pelo treino e estratégia foi crescendo cada vez mais”, conta, adiantando que esteve quatro anos e meio no SC Vila Real, como adjunto de Abel Ferreira, onde ganhou vários títulos, e depois chegou mesmo a comandar os alvinegros.
A partir daí, o objetivo era alcançar outro patamar. “A minha ambição passava por chegar à I Liga. Tenho um amigo da zona do Porto, que costumava ver os jogos do Vila Real, ligou-me a perguntar se estaria interessado em fazer um estágio no Boavista. Eu aceitei e foi aí que conheci o Petit. Ele gostou do meu trabalho e no final do estágio convidou-me para ficar a trabalhar com ele. Foi assim que começou o meu percurso tenho estado sempre a trabalhar em clubes da I Liga (Tondela, BSad e Boavista)”.
Depois de uma época de sucesso no Boavista, Petit decidiu sair do clube em dezembro, assim como a sua equipa técnica. “A relação entre o grupo de trabalho e a equipa técnica era excelente. O maior problema foi com a direção, em que houve situações que se foram agravando e o melhor foi sair. Mas custou muito por causa dos adeptos e da mística daquele clube”.
Questionado sobre como são os seus dias agora, sem a azáfama dos treinos, Nuno Pereira revela que está a “custar imenso estes três meses. Foram 10 anos consecutivos a trabalhar ao mais alto nível, com dias muito intensos. Procuro manter as minhas rotinas, levanto-me cedo para compensar o bichinho do treino. De tarde, vejo jogos de diferentes campeonatos, estudo metodologias, porque o futebol faz parte do meu dia a dia”. Já tiveram vários convites de outros clubes da I Liga e do campeonato brasileiro. “Da I Liga tivemos três convites, num deles já tínhamos tudo praticamente fechado, mas acabámos por não ir”. Um dos clubes que esteve para assumir, juntamente com o Petit, foi o Casa Pia.
Apesar do sucesso que tem alcançado na sua carreira, Nuno Pereira admite que nascer em Trás-os-Montes ainda é um entrave. “Claramente. Para chegar à I Liga tive de trabalhar muito. Tudo o que consegui foi por mérito próprio, porque ninguém dá nada a ninguém. Quem tiver oportunidade, que vá atrás dos seus sonhos, mas só com trabalho e dedicação se chega lá”.
Nuno Pereira fica triste por ver o SC Vila Real entre o distrital e o Campeonato de Portugal, já que considera que a cidade tem capacidade para colocar o clube nos campeonatos profissionais. “Se Tondela, Arouca e Vizela têm estado ao mais alto nível, porque é que o Vila Real não consegue?”, questiona, adiantando que esteve recentemente no campo do Calvário onde “ficou feliz” por ver as bancadas cheias a apoiar o clube.
E o futebol move multidões e traria muito benefícios a Vila Real ter a equipa noutro patamar. “O futebol trouxe uma grande dinâmica a Tondela e acredito que também traria a Vila Real, que é uma cidade muito superior”.