A Associação de História e Arqueologia de Sabrosa (AHAS) homenageou o francês Marc Bloch, considerado um dos maiores historiadores do século XX, durante o primeiro encontro de História, Arqueologia, Património Cultural e Comunicação, onde esteve presente a neta Suzette Bloch.
Os seus trabalhos e pesquisas abriram novos horizontes nos estudos sobre o feudalismo e foi um dos grandes responsáveis por importantes inovações no pensamento histórico. Defendeu o abandono de sequências pouco úteis de nomes e datas e estimulou uma maior reflexão sobre a relação entre homem, sociedade e tempo na construção da história.
Marc Bloch militou na resistência francesa e foi detido e torturado pela Gestapo. A 16 de junho de 1944 foi fuzilado.
Gerardo Gonçalves, da AHAS, explicou à VTM que o encontro serviu também para “despertar o interesse e a reflexão sobre as questões relacionadas com o património cultural, construído, imaterial, etnográfico e a sua ligação à comunicação, ou seja, a forma como a informação passa”.
Durante dois dias, investigadores, arqueólogos e professores “refletiram sobre estas temáticas relacionadas com o património e a relação que existe com as pessoas comuns, em que tudo irá resultar num livro branco com recomendações para esta área”, acrescentou.
PATRIMÓNIO
Questionado sobre o estado do património do concelho de Sabrosa, Gerardo Gonçalves revelou que “é imenso”, desde o património arqueológico, aos solares e às vinhas. “Tem uma série de sítios arqueológicos, um dos quais estamos a intervencionar há três anos, em Garganta. No início era uma necrópole medieval, mas, após as escavações, é muito mais do que isso, porque conseguimos identificar uma série fantásticas de artefactos, um local de habitação, uma capela muito antiga, uma série de pedras vincadas conhecidas como estelas em granito. No início eram seis e neste momento estamos nas 98 e muitas delas estão alinhadas com um ponto no horizonte, sobretudo virado para Este, que é onde o sol nasce no dia 21 de junho de cada ano, no solstício de verão”.
Ontem à noite, decorreu mais uma encenação explicativa do ritual, uma iniciativa que teve como objetivo “divulgar o património arqueológico de Sabrosa”.
Este ano, naquele local, em Garganta, decorre mais uma campanha de escavações e, no final, os investigadores pretendem fazer uma exposição com os achados descobertos nas Touças, que ficará patente ao público no Polo Arqueológico de Garganta.
Perante tantas surpresas “positivas”, que foram encontrando durante as escavações, Gerardo Gonçalves afirma que o sítio “já era conhecido desde agosto 1912”, mas “há muito mais para descobrir, pelo que esperamos continuar o projeto por mais quatro anos”.
A presidente da câmara de Sabrosa, Helena Lapa, sublinhou que o executivo “está empenhado em defender, preservar e promover o nosso património arqueológico e histórico-cultural. Para nós não é uma obrigação, mas sim um dever. É um legado do passado que nos orgulha e que queremos alavancar no futuro”.[/block]
