Em terra de vinho, também há boa água. Confirmada esta realidade, com o investimento de dois milhões e meio de euros que a empresa “Águas de Cambres” vai investir, numa unidade de produção de água de mesa. As obras do complexo de exploração deverão arrancar ainda durante este ano.
Depois de terem sucessivos proprietários, as “Águas de Cambres” foram parar à Empresa “Serra Lisa, Empreendimentos e Participações Lda”. inserida no grupo Ladário, com sede no Porto, uma firma conhecida, ligada ao ramo da construção civil, mas cujas quotas foram adquiridas por um empresário português e outro espanhol, da região da Galiza. Com o alvará de exploração caducado, esta sociedade partiu, há alguns anos atrás, para a legalização da sua produção, junto do Instituto Geológico Mineiro, IGM, o que foi conseguido, recentemente, conforme nos disse Manuel Assunção, um dos empresários das Águas de Cambres.
“Agora, só falta a assinatura do contrato, pelo IGM, previsto para o próximo mês, para começarmos com os trabalhos, o que poderá ocorrer este ano” – acrescentou.
A construção de um pavilhão e de um espaço museológico estão previstos, no investimento. Esta unidade irá criar “minimamente, dez postos de trabalho” e”será dotada de uma linha de engarrafamento automática”.
Serão colocados, no mercado, garrafões de cinco litros e garrafas de 1,5, 0,75 e 0,35cl. Segundo Manuel Assunção, a empresa já desenvolveu, nos últimos dois anos, estudos hidrológicos sobre a qualidade da água, sob a orientação do professor Simões Cortês. Nomeadamente, análises à nascente, o cálculo do volume do caudal/litros por segundo e medições à radioactividade da água.
Recorde-se que foi o General Óscar Carmona que, em 15 de Julho de 1926, concedeu o primeiro alvará de exploração das Águas de Cambres.
Esta água está classificada como leve, hipossalina, cloretada sódica e rica em flúor. No Século XIX e primórdios do Século XX, começou a ser muito procurada, por doentes de todo o país que padeciam de doenças do foro dérmico, ósseo e digestivo. Milhares de garrafões foram, então, transportados, em camionetas, sendo distribuídos por todo o país. Contudo, com o andar dos anos, a exploração entrou em declínio. Até que, nos inícios dos anos oitenta, a primeira empresa fechou as portas.
De referir que a água mineral da fonte de Cambres é famosa pelas suas propriedades curativas e cicatrizantes. Contam os “antigos” desta freguesia de Lamego que os trabalhadores das vinhas, quando se feriam, com as enxadas, nos respectivos trabalhos, dirigiam-se à fonte e aí saravam as suas feridas.
Toda a unidade de exploração deverá estar operacional, em termos de mercado e produção, até 2011.
Por curiosidade, refira-se que o primeiro símbolo comercial das Águas de Cambres era o sinal da radioactividade, o que já foi alterado, na sua nova imagem comercial.
José Manuel Cardoso