O Instituto Politécnico de Bragança vai criar em Angola o Centro de Investigação em Agricultura Sustentável. O projeto resulta de uma parceria com o Instituto Politécnico do Quanza Sul e será apoiado financeiramente pelos governos dos dois países.
Isabel Ferreira, coordenadora do Centro de Investigação de Montanha do IPB (CIMO), adiantou que a criação do novo centro em Angola é resultado de uma grande cooperação entre a instituição de Bragança e a do Quanza Sul. O desafio, como explicou, resultou da “necessidade que identificámos no país e aquilo que fazia mais sentido era abordar os tópicos da agricultura e será nesse sentido que iremos trabalhar, ajudando a formar pessoas e capacitar as suas instituições com a criação deste centro”. Assim, numa primeira fase, cientistas portugueses deslocar-se-ão a Angola para ajudar na implementação e, numa segunda fase, como referiu a investigadora, “tem que haver a colaboração entre os cientistas portugueses e angolanos no sentido de formar jovens cientistas que queiram dinamizar este centro no futuro”.
Tendo conhecimento de que é uma vontade também de outras instituições angolanas, o IPB gostaria ainda de desenvolver este centro de investigação ligado à agricultura sustentável que tivesse polos em diferentes locais de Angola e que fosse apoiado pelas competências e pela massa crítica do CIMO. Com este projeto, o IPB, como sublinhou Isabel Ferreira, “ganha o reconhecimento destes países pelo conhecimento e ajuda de que precisam e querem para instalar centros de excelência, ganha na formação conjunta de alunos e na exportação de ciência, para além do financiamento”.
Manuel Spínola, presidente do Instituto Politécnico do Quanza Sul, esclareceu que “o que se pretende é a criação de um centro de investigação virada para o apoio à agricultura familiar e empresarial”, uma vez que, como acrescentou, “a nossa região tem um potencial agrícola muito grande, que necessita de suporte científico para as necessidades que se têm apresentado na produção vegetal e animal”. Lembrando alguns problemas de viroses agrícolas que têm existido, o dirigente angolano afirmou que “a capacidade, em termos de recursos humanos e de laboratórios, que a nossa instituição possui não consegue responder às necessidades da região”. Apesar de o novo centro ainda não estar a funcionar, aguardando financiamento, já estão a ser realizadas ações na área de estudo que a instituição angolana quer potenciar.
O centro foi apresentado durante uma visita da Ministra angolana do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação a Bragança, acompanhada por uma comitiva de 32 elementos, no âmbito da iniciativa “Semana de Ciência Portugal-Angola”, promovida pelos governos de Portugal e Angola. Maria do Rosário Sambo afirmou que a vinda a Bragança foi “a cereja no topo do bolo”, tendo percecionado bons exemplos no IPB e aberto as portas a diversas parcerias.
Quanto ao novo centro de investigação, a ministra referiu que “é de todo o interesse do governo fazê-lo e anima-nos muito saber que há este projeto, sobretudo a nível da capacitação dos recursos humanos, que é o grande handicap que temos, e formar pessoas é a nossa prioridade”.
Sobrinho Teixeira, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, sublinhou a importância de projetos deste âmbito na criação de emprego e na qualificação de pessoas do mundo da lusofonia, e fazer do conhecimento português um setor exportador.