Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Jovens, S. Paulo e S. Nuno

O último sábado e Domingo, dias 25 e 26, foram dias de celebrações especiais: no sábado, por ser o 35º aniversário da revolução de Abril e nele se aguardar com grande expectativa a mensagem do senhor Presidente da República, e, na Diocese, por se realizar o habitual Encontro Diocesano da Juventude; no Domingo, por ser o dia da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino de Portugal, feita em Roma pelo Papa Bento XVI. Do «25 de Abril» e do discurso do senhor Presidente, outros falaram já; da Jornada diocesana dos Jovens e da canonização de S. Nuno Álvares Pereira, de que já aqui falei, deixo algumas notas.

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Dia diocesano

dos Jovens

 

O «Dia diocesano dos jovens» realizou-se em Chaves e, por os espaços públicos cobertos estarem todos requisitados para as celebrações políticas do dia, os jovens reuniram-se no hotel «Aquae Flaviae», cujo salão foi cedido em condições especiais. Encheu completamente. Mais de trezentos jovens, a maioria deles acima dos dezasseis anos e mesmo dos dezanove.

O acolhimento foi feito às 9.30 pelo Director do Secretariado da Juventude, P. Manuel Machado, de Mondim de Basto, e às 10 horas iniciaram–se os trabalhos. O tema do encontro era o estudo das 14 cartas de S. Paulo, a que se deu o nome genérico de «Cartas da Páscoa» para sublinhar que em todas elas o acontecimento central é Jesus Ressuscitado, base e tema da vida apostólica de Paulo e da vida cristã.

Aos jovens de cada arciprestado havia sido destinada uma carta para estudo nas paróquias e sua transposição para hoje, apresentando na assembleia uma síntese da carta numa página A4. Além dos grupos dos arciprestados, havia ainda grupos específicos, tais como os «escuteiros», os «convivas fraternos», «os seminaristas» e os «universitários», a quem foram, respectivamente, confiadas as cartas «aos Filipenses», a «2ª aos Coríntios», «aos Hebreus», e «a Filémon». De manhã, os grupos fariam a partilha do estudo feito nas paróquias; de tarde, em clima lúdico, os mesmos grupos fariam a encenação de uma figura histórica presente na respectiva carta a que chamariam «figura mistério» num jogo do «adivinha quem é».

O trabalho da manhã decorreu com interesse, como demonstrou o facto de ali aguentaram as duas horas até à «Celebração da Palavra» às 12.30 e ao almoço a seguir, para o que contribuiu serem jovens crescidos. De tarde, uns grupos fizeram a encenação de uma figura histórica como se programara, outros optaram pelo tema geral da carta, e houve alguns que só fizeram a parte da manhã nela incluindo a encenação prevista para a tarde.

Uns foram mais felizes na parte catequética da manhã e outros na parte lúdica da tarde, e houve grupos igualmente dotados nas duas expressões de comunicação. Verificou-se claramente quem fez trabalho de casa, tanto para a reflexão como para a encenação. Ficou na memória a equipa dos Colossenses, a equipa dos escuteiros ao apresentar o paralelo da carta aos Filipenses com as princípios e a lei escutista, a equipa da I Carta aos Coríntios, a equipa de Filémon, a simpatia do pequeno Tito, de bordão, sempre ao lado de Paulo, envoltos ambos em capas expressivas O pequeno Tito entregou dois pergaminhos aos bispos ali presentes e ao seu pároco que fazia anos nesse dia. Recordamos ainda a dureza das cadeias de Onésimo, sentado ao lado de Paulo na prisão que escrevia o bilhete de recomendação para Filémon, e o abraço deste ao receber o seu escravo. De igual modo, foi engenhosa a encenação da carta aos Efésios sobre a Igreja apresentada como «corpo de Cristo ressuscitado, tecido de muitos ossos e articulações», e a outra encenação dos cristãos como «cartas» de Cristo «enviadas ao mundo» e «individualmente seladas».

No final, o Director do Secretariado agradeceu a colaboração de muita gente, nomeadamente das Religiosas de Chaves, do hotel Aquae Falviae, e do Presidente da Câmara de Chaves. Informou que só faltou a representação dos jovens de duas zonas.

O Bispo da Diocese felicitou o Secretariado diocesano e o trabalho dos grupos que tornaram acessível a iniciação às cartas paulinas, um tema difícil e oportuno. Lembrou que «há conhecimentos que um católico tem de possuir» e que «nos trabalhos apresentados foi nítida a diferença entre os que fizeram trabalho de casa e aqueles que vieram um pouco à aventura». «Continua a haver algumas paróquias que ainda não acordaram para o uso destas metodologias no trabalho com jovens». Pediu que, no regresso a casa, cada um relesse as respectivas cartas. «Nunca mais ireis ouvir na igreja a proclamação dos textos de Paulo como fazíeis até aqui. Ireis sentir que são textos profundamente ligados à vida das comunidades, saídos do coração de um homem vivo, e do seu amor a Jesus ressuscitado, e afinal bem actuais».

A concluir o convívio da tarde, foi recebida uma «carta de Paulo de Tarso» enviada aos jovens ali reunidos e distribuída por eles, lida primeiramente por um mensageiro e, depois, por todos em coro.

 

S. Nuno Álvares Pereira

 

No Domingo, a RTP1 fez a transmissão integral da canonização de S. Nuno de Santa Maria conjuntamente com quatro italianos (duas religiosas, um pároco e um monge beneditino). A figura de S. Nuno chamava a atenção por vir do sector militar, onde estas coisas da santidade não costumam ter muitos adeptos, disse Bento XVI, embora na tradição cristã haja santos militares como S. Sebastião, S. Paulino de Nola e outros. Ao canonizar alguém, a Igreja não «fabrica» um santo, mas unicamente proclama com provas documentais a santidade real dessa pessoa.

A televisão prestou um bom serviço público com essa transmissão, pois, em termos humanos, tratava-se de um herói nacional e de projecção mundial

S. Nuno é mais que o lutador engenhoso que nós, crianças e pré-adolescentes da escola, apreciávamos profundamente. Durante séculos, talvez se haja colocado a tónica na exaltação patriótica de D. Nuno e mesmo instrumento político. Não é essa a perspectiva da Igreja ao proceder a uma canonização, mas destacar a fidelidade de alguém à fé católica, de membro da Igreja e exemplo de amor heróico ao próximo. É esse o rosto de S. Nuno, um homem verdadeiramente santo, isto é, alguém que assumiu a sua vida pessoal e de militar como um apelo da fé ao serviço do bem comum, e viveu de modo heróico as virtudes cristãs na sua vida de cavaleiro cristão, no trabalho com os soldados e em campanha, e, depois de conquistada a paz, no desprendimento de todas as legítimas glórias e bens para viver pobremente o resto da vida na paz do convento.

Enquanto se desenrolava a celebração, lembrei-me de S.Joana de Arc, sua contemporânea, e associei as dezenas de homens transmontanos que, ao longo dos anos, trabalharam nas forças militares e para-militares. Pensei ainda na afirmação feita pelo relator da causa de S. Nuno sobre a actualidade da figura de S. Nuno como apelo à sociedade de hoje de não nos deixarmos seduzir pelo falso ideal de um pacificismo sem decapitado, sem autoridade, seja na família, seja na escola, seja na sociedade. S. Nuno é um santo para hoje, a quem apetece rezar.

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