Miguel Meireles, representante da Comunidade Local dos Baldios de Rebordondo, aldeia cuja floresta é maioritariamente composta por pinheiro bravo, só vê benefícios no protocolo que assinou com o município de Chaves. “Esta plantação vem colmatar a falta de árvores de outras espécies mais resistentes ao fogo e que vão fazer de barreira de proteção para a nossa floresta em caso de incêndios”.
Segundo o presidente de junta da freguesia, desde 2010 que os baldios não são intervencionados e com esta cooperação vai ser possível “reflorestar os dois hectares que arderam há dois anos e proceder à limpeza da floresta”.
São cerca de 99 hectares que serão reflorestados, com mais de 50 mil árvores, entre elas medronheiros, carvalhos, plátanos e sobreiros, espécies consideradas mais resilientes e resistentes ao fogo, nas áreas mais afetadas pela construção da barragem do Alto Tâmega, inserida no Sistema Eletroprodutor do Tâmega. O investimento de mais de 700 mil euros será financiado a 100% pela empresa concessionária do projeto, Iberdrola.
“O que queremos com estas medidas é que, naturalmente, a floresta seja mais resistente e que ela própria possa ser também um primeiro travão à propagação dos incêndios florestais, evitando assim o que aconteceu no verão passado”.
Medidas que advêm da necessidade de compensar os impactos negativos da construção das barragens nos territórios e que, para alguns, “é uma obrigação deles”, tal como defendeu Rui Branco, presidente da União de Freguesias de Vidago, e representante dos baldios de Arcossó e Vilarinho das Paranheiras, duas das localidades com maior número de hectares (41,15) que serão intervencionados.
“Estas compensações, que estão a ser feitas pela Iberdrola, não só a nível da reflorestação, mas também a nível infraestrutural, faz todo o sentido para a nossa freguesia, é uma obrigação deles, porque vão destruir muito daquilo que é o nosso património”, disse o autarca, relembrando que no concelho de Chaves, a freguesia é a que mais vai ser afetada pela barragem. Rui Branco afirmou ainda que este investimento vai permitir “limpar e abrir caminhos que estavam fechados, melhorando assim os acessos aos locais”.
Para além dos baldios de Arcossó, Vilarinho das Paranheiras, Anelhe e Rebordondo, o protocolo prevê ainda uma intervenção na Quinta da Freixeda, em Vidago, e na Quinta do Rebentão, em Chaves.