Deixemo-nos invadir por uma santa alegria, aquela alegria profunda de saber que acertamos o passo da nossa vida e ajudaremos o mundo a caminhar com saúde
Estas palavras fazem parte da homilia que o Bispo da nossa diocese de Vila Real proferiu na Sé no primeiro Domingo deste mês de Julho, dia habitual das Ordenações.
Foi ordenado presbítero Jorge Rodrigues, natural de Telões, Vila Pouca de Aguiar; de diácono, Ricardo Machado, de Parada de Cunhos, Vila Real; e recebeu o ministério de Leitor Ivo, de Vreia de Jales, Vila Pouca de Aguiar, que concluíram o curso teológico na Faculdade de Teologia da Universidade Católica, Centro do Porto, e fizeram o seu estágio pastoral.
Na celebração tomaram parte o Bispo Coadjutor, D. Amândio Tomás, o Vigário Geral, Dr. António de Castro Fontes, o Vigário para o Clero, Mons. Silvério Guimarães, os Reitores do Seminário de Vila Real e do Seminário Maior do Porto, respectivamente, Dr. Manuel Linda e Álvaro Mancilha, os Arciprestes da diocese de Vila Real, a equipa educadora do Seminário Maior do Porto onde estiveram hospedados os três jovens, os três párocos dos jovens ordenandos, muitos outros padres da diocese de Vila Real, do Porto e de Bragança, e um missionário comboniano vila-realense que brevemente partiria para o Chade, África. Presentes ainda o P. Fernando Matos e Mons. Agostinho Borges, este a celebrar as suas bodas de prata sacerdotais, vindos de Roma e que orientaram o coro.
As naves da Sé estavam cheia de familiares e amigos que acompanharam com interesse a celebração, sempre impressionante pela visibilidade litúrgica que faz pressentir a mistério da fé ali celebrado.
Na homilia, o senhor D. Joaquim Gonçalves referiu que os textos daquele Domingo estavam possuídos de uma alegria profunda, e que o segredo dessa alegria era o «império do Espírito Santo» na nossa vida, em contraposição ao «império da carne», como se exprimiu Paulo na carta ali proclamada. Aprender a viver sob os impulsos desse Espírito recebido no baptismo é a condição normal e radical de qualquer vocação cristão. É essa a grande batalha dos pais junto de seus filhos e de todo o educador numa sociedade atolada de sensualidade e de superficialidade.
A partir daí, convidou toda a assembleia a deixar-se possuir por essa alegria, os pais, os padres, os fiéis, e os ordenandos. É uma alegria diferente do hedonismo do mundo, um tipo de satisfação e felicidade interiores nascida nas fibras mais profundas do nosso ser – saber e sentir que se acertou o passo da vida inteira e que o nosso ministério sacerdotal ajudará o mundo a ser feliz.
Referiu depois a densidade da oração prescrita no Missal para a Ordenação, traduzida em duas palavras: a fortaleza e a humildade. É isto que se pede para os ordenandos. São dois sentimentos inseparáveis, afirmou: a fortaleza é aquela robustez anímica que não deixa desanimar o padre apesar da resistência do mundo e da lentidão do aparecimento dos frutos do trabalho; a humildade é a consciência de que levamos esse tesouro em vasos de barro, o que exige recolhimento, modéstia de vida, sensatez, oração, e integração no grupo pastoral da zona. Sem o recurso aos meios de perseverança não há verdadeira humildade, mas presunção das capacidades pessoais; e sem esforço para aceitar e ultrapassar as contrariedades e os fracassos pessoais não há fortaleza cristã, mas um voluntarismo ingénuo».
A terminar, lembrou aos três jovens que aquela celebração se efectuava no Ano Paulino, uma circunstância a fixar para a vida toda e que deverá ser estímulo para serem «homens afeiçoados à Palavra de Deus e capazes de a transmitir com alegria e perícia»: embora não pareça, o mundo morre de sede junto da cisterna de uma cultura puramente técnica, uma cultura orientada para a produção, e as pessoas têm sede de outra água para a inteligência e o coração humanos, uma cultura para o interior que as ajude a ser pessoas».
No final, o Presbítero e o Diácono recém ordenados receberam nos degraus do presbitério da Sé os cumprimentos dos familiares e amigos.
Seguiu-se no Seminário a habitual refeição da noite para os seminaristas, os Ordenados e o Leitor e respectivas famílias, e os sacerdotes.