Os limites geográficos são os mesmos do distrito já existente na altura da criação da diocese, e as paróquias foram retiradas da Arquidiocese de Braga (166), de Lamego (71) e de Bragança (19), num total de 256. Actualmente são 264 paróquias pela criação de novas paróquias, nem sempre coincidentes com as freguesias civis, entre elas a de Santo António (Vila Real) e a da Sagrada Família (Chaves).
Tem de superfície 4.730,20 Km2, a sétima das dioceses portuguesas mais extensas. A população atingiu o ponto mais alto em 1960, vindo desde então em descida contínua, encontrando-se hoje abaixo da que tinha na altura da sua criação. Verifica-se ainda aqui outro fenómeno típico dos nossos dias: a gradual concentração da população nas vilas e cidades e o despovoamento das aldeias. Deve-se isso à desvalorização da agricultura, à subida do custo de vida, à necessidade de mais estudos para os filhos e à busca de melhores condições de saúde e de conforto. As cidades são quatro: Vila Real, Chaves, Régua e Valpaços. É muito grande o número de emigrantes para outras regiões do país e do estrangeiro, facto que sempre existiu em Trás-os-Montes. Os destinos preferidos para a emigração, que foram outrora o Brasil, África e Estados Unidos da América, são hoje os países europeus.
2 – Vila Real teve até hoje quatro Bispos diocesanos, sendo o primeiro D. João Evangelista de Lima Vidal que, nomeado em 1922, só entrou na diocese no ano seguinte e se manteve à sua frente até 1933. Seguiu-se D. António Valente da Fonseca de 1933 a 1967 (que teve como Auxiliar durante algum tempo D. António de Castro Xavier Monteiro), D. António Cardoso Cunha desde 1967 a Janeiro de 1991, e eu próprio desde 19 desse mês. Vem sendo hábito os bispos de Vila Real serem Coadjutores alguns anos. A partir de Fevereiro de 2008, trabalha na diocese como Bispo Coadjutor D. Amândio José Tomás, o primeiro dela natural.
3 – O embrião das dioceses pode encontrar-se nas primeiras comunidades cristãs que se foram constituindo à volta de cada um dos Apóstolos. O próprio Papa é prioritariamente o bispo diocesano de Roma que, desde o início, acumula com o governo da Igreja universal. Hoje as dioceses são um elemento estruturante da Igreja e só o Papa as pode criar.
Uma diocese tem uma base territorial e forma uma comunidade governada pelo seu bispo com determinada autonomia. O bispo local tem poder próprio (por isso a citação do seu nome é obrigatório na anáfora da Missa), não é um delegado do Papa como acontece com os Núncios Apostólicos, mas só pode exercer o governo diocesano em comunhão com os outros bispos e com o Papa (cujo nome é sempre citado na anáfora eucarística), com os quais forma um «colégio».
Cada diocese vive o mistério comum da fé da Igreja e tem uma marca específica que lhe vem do tipo de piedade do seu povo e do trabalho e cultura locais. Há dioceses mais devotas de NªSª que outras, mais afeiçoadas ao SS.mo Sacramento ou às Almas do Purgatório ou a determinado Santo, mais abertas ao mundo missionário e mais empenhadas no mundo; e há dioceses predominantemente rurais, urbanas, operárias, industriais, de população fixa ou emigrante. O trabalho pastoral em cada uma delas tem de ter isso em conta, mantendo o tronco comum da fé, dos mandamentos e da disciplina geral da Igreja.
4 – Depois do Concílio, colocam- -se grandes desafios pastorais que podem agrupar-se em dois grupos: a vida no interior da diocese e a relação com o mundo. No primeiro aspecto, ocupa um lugar de relevo o equilíbrio dos ministérios da hierarquia e dos leigos na prática do culto e no governo da Igreja, e o recrutamento das vocações consagradas e missionárias (sacerdócio e vida religiosa); no segundo grupo, a relação da Igreja com a sociedade civil e os Estados, o desafio é ainda mais delicado, tanto a nível oficial como no plano individual dos fiéis.
No interior da Igreja, a relação hierarquia e leigos, pendia, até ao Concílio, para a hierarquia, de modo que Igreja era sinónimo de «padres e bispos» (Curiosamente tal mentalidade veio ao de cima na linguagem utilizada para falar da recente praga da desordem sexual de alguns padres, classificando o vício como «pecados da igreja»)); logo depois do Concílio, acentuou-se a tónica dos leigos a ponto de, aqui ou ali, haver quem exagerasse a «hora dos leigos» desorientando inclusive alguns padres que chegaram a alterar a linguagem litúrgica e teológica para esbater as diferenças, somando tudo num «nós» colectivo em vez do «eu» e «vós», «meu e vosso sacrifício», etc. Hoje tende-se para um reequilíbrio, reconhecendo a especificidade do padre na Igreja
Na relação com o mundo, a tarefa é muito mais difícil. Por um lado, a nova e legítima laicidade dos Estados é confundida pelos políticos com militância laicista ou laicismo, onde nem leigos nem hierarquia teriam nada a dizer; por outro lado, os leigos não sabem situar-se nesse mundo conjugando a liberdade de consciência e a fidelidade à fé, acabando por fugir ao real compromisso no mundo e refugiarem-se nas tarefas internas da Igreja, ou, invertendo a sua vocação de leigos cristãos, abraçam os critérios do mundo e pressionam a Igreja para que ela se adapte ao mundo e altere a doutrina moral, a disciplina da Igreja e até as verdades da fé. Tornam-se cristãos às avessas: em vez de serem fermento cristão no mundo, passam a ser joio do mundo na seara da Igreja.
Só uma grande formação teológica e sólida vida de piedade podem responder a tais desafios. Como conseguir as duas coisas? Esse é o drama, sobretudo porque estão convencidos de que a liberdade os torna verdadeiros.